segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

OSCAR 2013: PALHAÇADA!

 (Meu blog alcançou os 17011 acessos aos meus comentários!)

Nunca mais assisto à entrega do Oscar. Fui dormir tarde, acordei-me hoje com sono e ainda indignada com o prêmio de melhor atriz outorgado à Jennifer Lawrence! Fui assistir ao "O lado bom da vida", no qual ela atua, que é um filme cheio de clichês. Fiquei com pena de ver o Robert De Niro em um personagem tão estereotipado e insuficiente para ele! Emmanuelle Riva, do longa de Haneke, o "Amor", do alto de seus 86 anos, completados ontem mesmo, no dia na entrega, ficou a ver navios. O filme "A hora mais escura", sobre a captura de Bin Laden, da diretora Katrhyn Bigelow, recebeu "meio Oscar". Sem comentários. Quanta injustiça! (Leiam meus comentários a alguns filmes que concorreram ao Oscar 2013, abaixo!)

sábado, 16 de fevereiro de 2013

SOBRE O FILME 'AMOUR", DE MICHAEL HANEKE

Como não li nada sobre o último longa de Haneke, o "Amour", de 2012, para privilegiar as minhas observações e impressões estéticas, sem me influenciar por ninguém, coloquei o Piano Concerto n. 2 de Schubert  para rememorar a atmosfera do filme, associada às minhas anotações, uma vez que a personagem de Emanuelle Riva, hoje com 85 anos, é uma professora de piano, que, ao longo da narrativa, apresenta um quadro de isquemia cerebral, subsequente paralisia em um dos lados do corpo e, depois, a clássica desorganização mental da pior doença degenerativa de que se tem notícias: o Alzheimer.

Tratada apenas por seu marido, inicialmente, personagem do também ator francês Jean-Louis Trintignant, do alto de seus mais de 80 anos, da metade do filme até o final, há uma, depois duas enfermeiras, revezando nos cuidados da esposa. Curiosamente, eu não imaginei que veria, em uma breve ponta, o famoso pianista francês Alexandre Tharaud na pele de um ex-aluno da professora de piano, em uma rápida visita  a Paris e ao seu apartamento.

Há pouco tempo, li na revista 'Bravo', de dezembro de 2012, que Tharaud reuniu uma tropa de amigos músicos e gravou o álbum "Le Boeuf sur le Toit - Swinging Paris", um projeto seu de resgatar os famosos temas de foxtrote, que davam vida à cena cultural de Paris na década de 20. O pianista interpreta, de verdade, um tema no piano de cauda da professora, a pedido dela, a "Bagatelle,  op. 126", de Beethoven. É possível encontrar várias interpretações no YouTube, para quem quiser conhecer. No decorrer do longa, ouve-se também dois dos "Impromptu", de Schubert, op. 90.

Dos filmes a que assisti de M. Haneke, além do incensado e premiado "A fita branca" ("The White Ribbon", 2009), uma fábula sobre o germe do nazismo, ele também dirigiu o "A professora de piano", de 2001, justamente com a estrondosa Isabelle Huppert, em um filme perturbador e over. Da mesma forma que Juliette Binoche já fez mais de um longa com Haneke, Isabelle Huppert volta a atuar nesse "Amour", como a filha do casal de idosos, que aparece várias vezes no apartamento, em crises de choro, decorrentes do estado débil de sua mãe.

Isabelle Huppert também deixou saudades, interpretando Madame Bovary, com o título homônimo sob a direção de Claude Chabrol, de 1991. Também a vi em um longa, com base em um sequestro real (comentei aqui no blog) nas Filipinas por parte de um grupo fundamentalista, em 2001. A direção é de Brillante Mendoza e o título é "Em nome de Deus" (2011).

Voltando ao "Amour", está mais que certo para mim que Haneke estudou Filosofia, da mesma forma que Terrence Malick. Ambos conhecem a obra de Heidegger profundamente, as ideias de finitude, de cuidado, de um eu-diante-da-morte. A personagem de Riva é profunda e excessiva, por conta da rápida evolução da doença. Ela precisa de atendimento em um hospital, mas pede ao marido que prometa a ela que não sairá mais do apartamento. Ele tenta, heroicamente, diante de todas as suas próprias limitações físicas cuidar dela. Ela recusa-se a ouvir o CD de Alexandre Tharaud, que o mesmo lhes envia de presente pelo correio. Ela recusa-se a comer...

No embate magistral entre os dois grandes atores e o modo como encaram a velhice e a morte iminente, várias pessoas saíram da sala de cinema na qual eu estava, no conjunto de salas de cinemas Itaú do Bourbon Country, em Porto Alegre. Esse crescendo de um filme europeu, com uma belíssima trilha, lento, construído basicamente a partir da atmosfera melancólica daquele casal, interrompida pela ajuda do zelador do prédio, da filha/marido e uma única vez por uma visita, o pianista francês, que já mencionei, deve gerar uma grande aflição em alguns espectadores.

Sempre minha atenção volta-se para a retirada de 'turistas de cinema'. Chamados pelo apelo dos prêmios, do diretor ou do elenco, até se dispõem a assistir a um anti-blockbuster, mas não têm cacife intelectual para suportar o ritmo, o andamento, a profundidade... Uma pena mesmo, falando como docente/educadora!

O amor resiste ou não resiste à putrefação cadavérica em vida? Por amor se suporta, por amor se antecipa a morte de alguém amado? Eis a questão que Haneke aborda, provocando seus restritos fruidores a uma reflexão e a um posicionamento. A Morte também passeia pela Arcádia e, como corolário, Amor e Morte também coabitam o mesmo templo!

Assistam a esse filme, amigos e leitores; além de precioso do ponto de vista estético e filosófico, ele é pedagógico!

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

'O SOM AO REDOR", FILME NACIONAL PREMIADO!

Comentei nos posts anteriores dois dos sete filmes a que assisti em Porto Alegre, de 7 a 11 de fevereiro ("Lincoln" e "Django"). Agora, vou comentar as minhas impressões do filme nacional a que fui conferir, "O som ao redor", do pernambucano Kleber Mendonça Filho, lembrando que não leio nada antes de assisti-lo/os; somente verifico os dados da ficha técnica dos filmes e de eventuais prêmios que os mesmos tenham recebido em mostras e festivais. Esse longa destacou-se como o melhor filme dos Festivais de Cinema de Gramado e do Rio, em 2012. Eu não sabia quem era o Kleber Mendonça Filho, até descobrir que esse era o seu primeiro longa. O roteiro de "O som ao redor" é do próprio diretor. Ao iniciar-se o filme, percebe-se, com magnitude, os sons e ruídos dos locais em primeiro plano. Não sei que  tecnologia a equipe utilizou, mas é de impressionar o áudio e o cuidado na captação dos detalhes do entorno.  Há uma espécie de uma 'dialética sonora': ora o foco é o topos do primeiro plano; ora é o entorno. Não é casuístico, mas faz parte do projeto estético da concepção do filme. Fora esse aspecto mais técnico, que dá força ao próprio título, a tipologia de personagens é, genuinamente, nordestina. Não conheço o Nordeste, apenas uma capital do Norte, embora eu já tenha viajado bastante para fora do Brasil. Não é propriamente negligência; é apenas falta de vontade de ir para o Nordeste, em função dos valores exorbitantes dos voos para lá e de sua rede hoteleira. O fato é que, não conhecendo o Nordeste, passei um bom tempo tentando identificar a cidade na qual a narrativa se ambientava. Embora eu soubesse que Mendonça Filho é pernambucano, sei lá, a cidade do filme poderia ser João Pessoa ou Fortaleza. Era o Recife, todavia, e parece que a zona mais abastada da capital, em função do nível dos condomínios, dos múltiplos empregados, dos carros que circulavam e da segurança local. São algumas histórias que se entrecruzam, que dão substância ao universo ficcional. O personagem mais velho e rico é dono de engenho, acredito que herdeiro de engenho. Sua família, filhos e netos, ainda vivem das lembranças da abastança de seu passado. Há uma cena em que o neto vai com uma nova namorada visitar o avô, que ora está na casa da fazenda, ora se encontra no bairro do Recife, em seu apartamento que mais parece um bunker. Nessa cena, o neto mostra uma ruína para a namorada, um prédio decadente de um antigo cinema, em um povoado. Um antigo povoado que possuía um cinema? A degradação do edifício é a representação da própria decadência de um tipo de economia, baseada na lavoura da cana de açúcar, que prosperou muito e gerou riqueza no Nordeste, aviltando o 'olho grande' dos estrangeiros, especialmente os holandeses. Com o ciclo do ouro nas Minas Gerais, a produção de açúcar começou a perder fôlego no mercado, sem falar na maquinaria toda que era importada e cara. A cana de açúcar, hoje, está mais direcionada à geração de combustível, não ao açúcar. Além dos sons incidentais, há uma personagem, mãe de família, que não consegue dormir por conta do cachorro do vizinho, que late e uiva todas as noites. O nível de estresse dessa mulher pode ser medido pelos baseados que ela fuma, não raras vezes, e os compra, inclusive, de um vendedor de bombas d'água fake. Na mesma rua, reside, em um elitizado condomínio, o tal senhor de engenho, dono de quase todos os imóveis ali naquela quadra. Na metade do filme, novos seguranças 'avulsos' aparecem do nada e passam a arregimentar os moradores, para que paguem um determinado valor para a manutenção da segurança permanente de todos. Eles montam uma espécie de QG em uma esquina e fazem a guarda, dia e noite, aos moldes de uma milícia. Eles têm a aparência de "jagunços", um perfil bem estereotipado que, certamente, fazia parte do imaginário do diretor. Não sei quem são os atores e atrizes. Nunca os vi atuar. De qualquer modo, são convincentes e engendram uma certa desconfiança no espectador mais  atento. O final do longa é surpreendente! Vale a pena conferir mais um expoente do cinema nacional premiado no exterior e nas mostras de cinema nacionais. Fiquei admirada com o filme! O cinema brasileiro é, para mim, motivo de orgulho, sem querer ser piegas ou ufanista. Entretanto, é uma pequena parcela da população que lhe dá audiência e dela faz fervor!

"LINCOLN", DE STEVEN SPIELBERG

No post anterior (abaixo), comentei o longa de Q. Tarantino, o "Django livre" (2012), e estabeleci uma interconexão entre os dois roteiros. O primeiro transforma o lendário Django em um negro, escravo livre no Sul dos EUA. O tema de fundo é a escravidão negra. No segundo longa, "Lincoln" (2012), de Steven Spielberg, com o soberbo Daniel Day-Lewis ("Meu pé esquerdo" e "Sangue negro") no papel principal, o tema de fundo é também a escravidão negra, associada às contradições entre o Norte industrializado e o Sul agrário; indo mais além, retrata a constituição dos Estados Confederados, que se rebelaram contra a União e protagonizaram a Guerra de Secessão nos EUA, entre 1861 e 1865, ano em que, já em seu segundo mandato, Lincoln é assassinado. O filme é bastante intimista e desenha um presidente sensível, envergonhado com a escravidão no Sul, de posse de uma escuta fina ao ouvir as queixas de soldados e cabos negros, no front da Guerra Civil e, sobretudo, habilidoso nas manobras políticas para obter os votos suficientes à aprovação e sanção da Emenda Constitucional 13, que emancipava os negros no país (havia quatro milhões deles na época). Notei que várias pessoas se retiraram da sala, ao longo da projeção, especialmente jovens. Para aquele que desconhece a História dos EUA e o problema da escravidão negra, o filme pode ser mesmo enfadonho, ainda que o brilho da atuação de Daniel Day-Lewis, Sally Field e Tommy Lee Jones seja inatacável. Uma vez, quando Gore Vidal ainda era vivo, ele concedeu uma entrevista em sua casa no litoral de Salerno, Itália, e comentou com um jornalista, não me recordo quem, que o presidente norteamericano Hoover, no poder durante a Grande Depressão, iniciada com a crise na agricultura dos EUA e com o crack na bolsa de valores de Chicago, em 1929, deixara escapar que o que faltava para o país naquele momento era um grande poeta. Lincoln teve, no período em que governou, negociando o fim da escravidão negra e a rendição dos estados confederados sulistas, que mantinham suas forças contra o contingente militar da União, um grande escritor como representante da voz da América, talvez o maior deles em língua inglesa, com sua força poética: "Leaves of Grass" (Folhas da relva), de Walt Whitman, publicado em 1855. Passados 158 anos do lançamento desse livro de poemas em prosa, em um momento pré-Guerra Civil norteamericana, dei-me conta de que não houve, no longa de Spielberg, um resgate do monumento literário de Whitman, o que teria sido um ganho para o roteiro. Também nada sobre o livro abolicionista "A cabana do Pai Tomás", de Harriet Stowe, publicado entre 1851 e 1852. A seguir, deixo aos leitores uma tradução de um poema de Whitman para o Português, do poeta e tradutor Adriano Scandolara, de Curitiba, meu amigo querido, publicado no blog literário "Escamandro":

Escuto a América a cantar
Escuto a América a cantar, as várias canções que escuto;
O cantar dos mecânicos – cada um com sua canção, como deve ser, forte e contente;

O carpinteiro cantando a sua, enquanto mede a tábua ou viga,

O pedreiro cantando a sua, enquanto se prepara para o trabalho ou termina o trabalho;

O barqueiro cantando o que pertence a ele em seu barco – o assistente cantando no deque do navio a vapor;

O sapateiro cantando sentado em seu banco – o chapeleiro cantando de pé;

O cantar do lenhador – o jovem lavrador, em seu rumo pela manhã, ou no intervalo do almoço, ou ao por-do-sol;

O delicioso cantar da mãe – ou da jovem esposa ao trabalho – ou da menina costurando ou lavando – cada uma cantando o que lhe pertence, e a ninguém mais;

O dia, ao que pertence ao dia – De noite, o grupo de jovens, robustos, amigáveis,

Cantando, de bocas abertas, suas fortes melodiosas canções.


I Hear America Singing
I hear America singing, the varied carols I hear;     
Those of mechanics—each one singing his, as it should be, blithe and strong;     

The carpenter singing his, as he measures his plank or beam,    

The mason singing his, as he makes ready for work, or leaves off work;     

The boatman singing what belongs to him in his boat—the deckhand singing on the steamboat deck;

The shoemaker singing as he sits on his bench—the hatter singing as he stands;

The wood-cutter’s song—the ploughboy’s, on his way in the morning, or at the noon intermission, or at sundown;

The delicious singing of the mother—or of the young wife at work—or of the girl sewing or washing—Each    singing what belongs to her, and to none else;

The day what belongs to the day—At night, the party of young fellows, robust, friendly,

Singing, with open mouths, their strong melodious songs.

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

CINEMA EM PORTO ALEGRE: "DJANGO LIVRE", DE Q. TARANTINO

Chegando a 16300 leituras de meus posts neste blog, o que me deixa satisfeita, vou dar prioridade ao "Django livre" (preferiria o título "Django desacorrentado"), de Quentin Tarantino, dos sete longas a que assisti em Porto Alegre entre os dias 8 e 11 de fevereiro, porque entrará em cartaz em Santa Cruz do Sul na sexta, dia 15 de fevereiro. Não leio comentários críticos de espécie alguma quando assisto a um longa, a não ser os dados técnicos do mesmo, para não me influenciar, até porque aprecio postar o meu próprio comentário, a partir de minha percepção bem particular, visão de mundo e experiências estéticas. Li apenas um pequeno comentário exagerado do Juremir Machado da Silva, em sua página do Facebook, elogiando o filme como "o melhor filme de todos os tempos". Não concordo com isso, mas, de qualquer forma, ele é bom, cínico e violento. Há que se assistir a esse longa com cuidado, porque transformar o lendário Django em um negro liberto e 'caçador de cabeças' pode parecer agressivo para os afrodescendentes, antropólogos, sociólogos, historiadores e outras pessoas sensíveis ao problema da escravidão. Assisti com o meu falecido pai, que era fanático pelo gênero western, a uma das versões de Django, com o Franco Nero. Era meio 'pastelão' e lembro-me que o detestei. Nem vou procurar agora dados sobre essa versão porque, na verdade, o que me interessa no "Django Unchained" (2012), de Quentin Tarantino, são muito mais alguns pontos-chave nos quais ele toca em seu filme, que propriamente questionar por que o Django dele é um negro, porque, enquanto liberto, se torna um 'caçador de cabeças' e por que retorna a um grande latifúndio do Sul para salvar da escravidão sua esposa, que aprendera Alemão com uma antiga proprietária e goza de certa fama por isso. Tampouco sei se o ator austríaco Christoph Waltz já é um 'ícone' da cinematografia de Tarantino, mas não pude deixar de relembrar a cena inicial de "Bastardos inglórios", de 2009, em que o mesmo encarna um oficial da SS. Lá está o Waltz também no preâmbulo de "Django Livre", em um carroção, apresentando-se como cirurgião-dentista por onde passa. Nesse momento, aparece o ator Jamie Foxx, na pele de um escravo. Só o reconheci em função de seu personagem em "O solista", de 2009, em que contracena com Robert Downey Jr. Já Waltz - estrela de "Bastardos inglórios" ("Sacanas sem lei", em Portugal. Vocês sabiam desse título?), que lhe valeu vários prêmios de Melhor Ator Coadjuvante em 2010 (Globo de Ouro, Oscar e Bafta), além de Melhor Ator em Cannes, um ano antes -, também protagonizou "Água para elefantes" e "Deus da carnificina", ambos de 2011, que já comentei neste blog. As contradições entre o Norte industrializado e capitalista nos EUA e o Sul altamente agrário, legitimador da escravidão, poderiam me levar agora a comentar o longa "Lincoln" (2012), de Steven Spielberg, porque os roteiros dos dois estão entrelaçados. "Django livre" inicia-se bem antes da Guerra da Secessão (1861-1865). Ele se passa no Sul latifundiário e Leonardo Dicaprio dá vida a um senhor de escravos vaidoso, abastado e violento. Há uma cena em que, após um jantar em sua propriedade, os personagens de Waltz e Foxx, já parceiros como  'caçadores de cabeças/prêmios', o latifundiário abre um baú e retira um crânio de um antigo escravo, que havia servido seu avô e pai - já falecidos. Ele demonstra, argumentativamente, que, de acordo com o formato do crânio, havia ali a predeterminação de um padrão de comportamento e julga que o encontraria no crânio de qualquer outro negro, certamente no da esposa de Django e no do próprio também. A Frenologia, fundada por Franz Joseph Gall (1758-1828) relacionava, então, a forma e dimensão do crânio com o comportamento. {Quem acompanhou a campanha de Serra em SP, no ano passado, ficou assombrado quando comentou que implementaria um programa 'preventivo' no estado para identificar potenciais criminosos, junto à Fase e outras instituições, com base no argumento dessa "ciência". Sorte dos paulistas, e de todos nós, que o Serra não vingou! É, no mínimo, bizarro e apavorante o discurso comprometedor de um político dessa projeção}. Com base na Frenologia, Cesare Lombroso (1835-1909) legitimou a classificação de criminosos, a partir de características somáticas. Em se tratando da escravidão, pano-de-fundo de "Django livre", o tráfico de escravos foi proibido em 1815. O contrabando de escravos perpetuou-se até 1860, um ano antes da Guerra da Secessão, que durou cinco anos, e acabou por emancipar, pelas mãos de Lincoln,  quatro milhões de escravos nos EUA (500 mil já eram livres). (Faltou, em meu entender, um personagem batizado de Thomas no longa de Tarantino, que faria uma remissão direta ao livro da grande abolicionista Harriet E. Stowe, publicado bem depois do período que o filme retrata, somente em 1852, com o título de "A cabana do pai Tomás"). Uma curiosidade: o próprio Tarantino aparece em uma ponta, nada raro, ao final, como um feroz gangster, que acaba morto, o que provoca a sua total dissolução,  porque carregava naquele instante dinamites. Nesse ponto do filme, fiquei pensando na crítica  velada que Tarantino faz  à democracia estadunidense, à sua política de ocupação do Iraque e do Afeganistão,  perdurando por anos, e à sua luta pelo desarmamento dos cidadãos, que  Obama vem, timidamente, tentando operacionalizar em seu segundo mandato. O filme é uma barbárie (o final faria inveja à matança da "Odisseia", de Homero), ou bárbaro, se preferirem, com uma bela trilha sonora ao fundo, mixada por negros do rap e do hip-hop, ao invés dos clássicos de faroeste.  Ama o Django, de Tarantino, ou o odeia, mas não percas de vista a História, o genocídio que ocorreu em todos os países que adotaram a vergonhosa escravidão negra como fundamento econômico e alimentaram, ao longo de gerações e gerações,  o preconceito, a discriminação e a violência. Sem a anacrônica interpretação whig para fazer a leitura do "Django livre", de Tarantino, OK? Obrigada pela atenção! (próximos comentários, acima deste post, no blog: "Lincoln", "Amor", "O som ao redor" e "Tudo o que desejamos", nesta ordem. Não consegui assistir ao documentário sobre o Jorge Mautner e ao filme alemão "Bárbara", que não entrou em cartaz, conforme anunciei no post abaixo deste).

sábado, 2 de fevereiro de 2013

PRÓXIMOS FILMES EM PORTO ALEGRE

(Hoje, meu blog atingiu 16 mil leituras aos meus posts!)


Os próximos longas sobre os quais escreverei em meu blog, a que serão assistidos em Porto Alegre, de 7 a 10 de fevereiro são: "O som ao redor" (nacional e premiado), em primeiro lugar, e, em segundo, o documentário sobre o Mautner, "Jorge Mautner, o filho do holocausto". Em seguida, e nesta ordem, "Amour", "Django Livre", "Lincoln", "Barbara", "Os miseráveis" e o que está quase saindo de cartaz "Tudo o que desejamos". Vamos lá, amigos de Porto Alegre, quem vai a que sessão comigo? Rebeca Ferreira Andreolla e Nândria Oliveira?

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