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Fabiano Felten, Naira Moraes e Tuta Santos, então, fui assistir ao último longa do Terrence Malick, "Amor Pleno" ('To the Wonder', 2013), na manhã de 27 de julho, sábado, em uma sala do Itaú, na sessão do Clube do Professor, às 11h. Como sempre faço, não leio crítica alguma antes de postar o meu próprio comentário, com exceção de alguns dados da ficha técnica do filme. O roteiro é assinado por Malick e, em meu entender, que já assisti a todos os seus longas, é o mais enfadonho e angustiante deles. Esse filme já havia causado polêmica em sua exibição no Festival de Veneza em 2012 e, atualmente, o diretor está sendo acionado na Justiça por seus financiadores, que exigem seus investimentos de volta. Muitas pessoas saíram da sala de cinema em que eu me encontrava, algo comparável apenas à projeção de "Melancolia", de Lars von Trier, em 2011. Após o desfrute do premiado "Árvore da Vida" (2011), de Malick, em que a profusão de imagens dá sentido ao questionamento filosófico sobre a própria existência, nesse "Amor Pleno" vemos um casal que está junto, mas não se comunica, na verdade. Ela falante de língua francesa (Olga Kurylenko) e ele, de língua inglesa (Ben Affleck), protagonizam uma espécie de uma 'Torre de Babel', mediada por um padre (nada convincente!), encarnado por Javier Barden, hispano hablante. No terceiro bloco do filme, do nada, aparece uma personagem secundária (falante de italiano), em uma rápida cena meio esquizóide, na rua, interagindo com a protagonista. Se Malick efetivamente conhece e internalizou a essência da obra de Martin Heidegger, no sentido de a linguagem ser a morada do ser, percebe-se que os três personagens, que se entrecruzam e ruminam sua insegurança e suas dúvidas, estão questionando o sentido de sua própria existência e tentando operar com um tipo de linguagem/comunicação que o vislumbre e o instaure. Se a relação de amor entre a estrangeira (sem carreira, sem metas, sem ânimo) e o estadunidense (frio, machista e moralista) não fosse permeada por um tratamento cristianizado, eu até enalteceria "To the Wonder". Se Malick quis afirmar que, segundo Heidegger, a experiência autêntica é própria e incomunicável, tonalizada pelo estado de angústia, seu elenco não soube expressar com intensidade e profundidade tal premissa. A estrangeira é estrangeira para si mesma e para a filha, que viaja junto aos EUA com a mãe. O estadunidense, que as acolhe, não consegue sair de si e, assim, ambos os personagens, que deveriam representar um casal, não se conectam; definitivamente, não se comunicam. Há uma traição de um lado, uma traição de outro, que não cumprem um papel terapêutico de racionalizar o rol de emoções. Ao contrário, ambas as traições funcionam como uma 'purga', em que emoções são vomitadas e exorcizadas, em um ritual agressivo, moralizante e estéril. O filme termina com a separação do casal, que sequer um dia viveu em completa harmonia. Eu teria trabalhado no roteiro o problema do conceito de "Sorge", do cuidado, e constituiria um outro tipo de atmosfera, de angústia também, mas de uma angústia metamorfoseada pela celebração da vida e do 'aqui e agora', que é capaz de vencer o passado, as dores do mundo e reverter a incomunicabilidade entre os seres, parece que a pedra de toque da sociedade contemporânea!
Fabiano Felten, Naira Moraes e Tuta Santos, então, fui assistir ao último longa do Terrence Malick, "Amor Pleno" ('To the Wonder', 2013), na manhã de 27 de julho, sábado, em uma sala do Itaú, na sessão do Clube do Professor, às 11h. Como sempre faço, não leio crítica alguma antes de postar o meu próprio comentário, com exceção de alguns dados da ficha técnica do filme. O roteiro é assinado por Malick e, em meu entender, que já assisti a todos os seus longas, é o mais enfadonho e angustiante deles. Esse filme já havia causado polêmica em sua exibição no Festival de Veneza em 2012 e, atualmente, o diretor está sendo acionado na Justiça por seus financiadores, que exigem seus investimentos de volta. Muitas pessoas saíram da sala de cinema em que eu me encontrava, algo comparável apenas à projeção de "Melancolia", de Lars von Trier, em 2011. Após o desfrute do premiado "Árvore da Vida" (2011), de Malick, em que a profusão de imagens dá sentido ao questionamento filosófico sobre a própria existência, nesse "Amor Pleno" vemos um casal que está junto, mas não se comunica, na verdade. Ela falante de língua francesa (Olga Kurylenko) e ele, de língua inglesa (Ben Affleck), protagonizam uma espécie de uma 'Torre de Babel', mediada por um padre (nada convincente!), encarnado por Javier Barden, hispano hablante. No terceiro bloco do filme, do nada, aparece uma personagem secundária (falante de italiano), em uma rápida cena meio esquizóide, na rua, interagindo com a protagonista. Se Malick efetivamente conhece e internalizou a essência da obra de Martin Heidegger, no sentido de a linguagem ser a morada do ser, percebe-se que os três personagens, que se entrecruzam e ruminam sua insegurança e suas dúvidas, estão questionando o sentido de sua própria existência e tentando operar com um tipo de linguagem/comunicação que o vislumbre e o instaure. Se a relação de amor entre a estrangeira (sem carreira, sem metas, sem ânimo) e o estadunidense (frio, machista e moralista) não fosse permeada por um tratamento cristianizado, eu até enalteceria "To the Wonder". Se Malick quis afirmar que, segundo Heidegger, a experiência autêntica é própria e incomunicável, tonalizada pelo estado de angústia, seu elenco não soube expressar com intensidade e profundidade tal premissa. A estrangeira é estrangeira para si mesma e para a filha, que viaja junto aos EUA com a mãe. O estadunidense, que as acolhe, não consegue sair de si e, assim, ambos os personagens, que deveriam representar um casal, não se conectam; definitivamente, não se comunicam. Há uma traição de um lado, uma traição de outro, que não cumprem um papel terapêutico de racionalizar o rol de emoções. Ao contrário, ambas as traições funcionam como uma 'purga', em que emoções são vomitadas e exorcizadas, em um ritual agressivo, moralizante e estéril. O filme termina com a separação do casal, que sequer um dia viveu em completa harmonia. Eu teria trabalhado no roteiro o problema do conceito de "Sorge", do cuidado, e constituiria um outro tipo de atmosfera, de angústia também, mas de uma angústia metamorfoseada pela celebração da vida e do 'aqui e agora', que é capaz de vencer o passado, as dores do mundo e reverter a incomunicabilidade entre os seres, parece que a pedra de toque da sociedade contemporânea!