Entrevista com Alejo Carpentier.
Fonte: Youtube.
Alejo Carpentier nasceu em Lausanne, Suíça, em 1946. Faleceu em Paris, onde se manteve exilado, no dia 24 de abril de 1980. Ele cresceu em La Habana e vivenciou uma série de fatos históricos importantes em sua Cuba amada, alinhado à ideologia de esquerda revolucionária.
Nos anos 80, deparei-me com sua obra e destaco dentre seus livros publicados"O recurso do método", de 1974, cuja fonte de inspiração é o livro de René Descartes, "O discurso do método" (1637). Eu era uma estudante de Filosofia e fiquei apaixonada pelo real maravilhoso que emana de seus escritos.
Suas reflexões históricas, de um ponto de vista totalizante, resgatam fatos sociais que agitaram La Habana nos anos 20, em especial. Esse espectro temporal chega até o início da revolução cubana, em 1959, em sua última obra publicada em 1978, "A sagração da primavera".
Tive trabalho para encontrá-la em um sebo em março, aqui em Porto Alegre. O livro tem pouco mais de 500 páginas, é complexo e polifônico, minado de referências culturais e citações em vários idiomas. Comprei uma tradução para o Português realizada por Mustafa Yazbek, em uma edição de 1987, que saiu pela Editora Brasiliense.
O título dessa obra reporta-se ao balé homônimo de Igor Stravinsky, cuja estreia ocorreu em 1913. Uma possibilidade de interpretação do título é associá-lo à própria revolução cubana, que foi um novo despertar para o país sob o viés histórico-dialético do autor.
A identidade cultural e social de Cuba vai sendo desvelada através da música cubana, que tem proeminência em relação às outras expressões artísticas da ilha, equiparando-a à beleza da música de Stravinsky.
Abaixo, selecionei uma passagem dessa última obra de Carpentier para atiçar o interesse daqueles que apreciam uma obra longa e difícil:
"(...) Os cotovelos no balcão do bar, Ernest Hemingway, de costas para a porta de entrada, encurvava seu largo dorso de lenhador, erguendo as manoplas ao calor de uma discussão sobre técnicas do jogo de pelota basca, o jai-lai, com um pitoresco amigo seu, engraçado cura basco, que alternava as artes desse jogo com o aspergir do hissope. 'Cumprimente-o', disse-me Vera, ansiosa por conhecê-lo. 'Lembre-o da casa de Gertrude Stein' (...)" (p. 204).