A semana que passou foi atípica, do ponto de vista da imprensa internacional: casamento real na Grã-Bretanha e o clássico ti-ti-ti sobre o vestido da noiva e seus convidados; processo de beatificação do falecido Papa João Paulo II e relatos dos milagres concedidos; bombardeio da OTAN sobre residência familiar de Kadafi, na Líbia, e a possível perda de um filho e netos. Aqui na América do Sul, soubemos do falecimento do escritor argentino, Ernesto Sabato, último da linhagem dos grandes escritores, na iminência de completar um centenário de nascimento.
Já se falou e se escreveu sobre tudo isso; no entanto, li uma reportagem sobre um tema que a imprensa ainda não noticiou com profundidade. É um tema delicado e violento, mas os cidadãos têm o direito de saber da peculiaridade de suas conseqüências: o estupro em massa e abusos sexuais cometidos em tempos de guerra contra mulheres e crianças. Ainda que se saiba, a partir de evidências, dos abusos cometidos na Segunda Grande Guerra, na Guerra dos Balcãs, de parte de soldados sérvios contra mulheres civis croatas, e no cenário intolerável de violações contra cidadãos no Iraque, é o horror da violência sexual ocorrida também na Líbia, protagonizada pelo exército do ditador Muammar Kadafi, que eu gostaria de trazer à baila.
Há denúncias de entidades de direitos humanos de diversos países sobre estupros e investidas contra crianças líbias, com a dimensão de tática militar. Somente no século XX, a violência sexual tornou-se crime, contemplada pelo Tribunal Penal Internacional de Haia. Quanto tempo ainda levará para que as milícias de Kadafi sejam julgadas por crimes contra a humanidade?
A diretora executiva da ONU Mulheres, a ex-presidente chilena Michelle Bachelet, afirmou há 15 dias atrás na imprensa que a ONU não possui dados precisos sobre a situação das mulheres no Norte da África, especialmente na Líbia. Contatos com a Cruz Vermelha Internacional e com a ONG Médicos Sem Fronteiras são mantidos, permanentemente, mas não se tem um panorama com números e relatos confiáveis acerca da violência contra as mulheres líbias.
Da mesma forma, a Unicef tem pedido, reiteradamente, através da imprensa internacional e das ONGs comprometidas com os direitos das crianças que esses sejam respeitados nas áreas de confrontos, conforme prescrevem os tratados internacionais ratificados pelos estados-membros.
A busca de informação é uma maneira pró-ativa de estarmos participando da luta contra a violência sexual e os abusos de todas as ordens cometidos contra os povos do Oriente Médio e dos países africanos nos episódios bárbaros, que tanto envergonham, moralmente, governos e cidadãos.
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