Esse último, de 1844, instaura a primeira abordagem de Marx acerca do caráter ontológico do trabalho, objetivação primária do ser social (e 'prático', predicado mais adiante). Só que o estágio teleológico do trabalho, nos moldes capitalistas em que vivemos, é o trabalho 'assalariado', que avilta e aliena o homem. Assim, a atividade produtiva é um elemento ontológico da constituição do ser social e isso se opõe às concepções vigentes, na época, da economia política.
A práxis é compreendida por Marx como o conjunto das objetivações que o sujeito deve exercer enquanto ser social. Portanto, é no horizonte da práxis que a alienação será estudada por ele, como uma instância da esfera prático-social.
Na leitura dos "Manuscritos...", os processos alienantes nos indivíduos são analisados, ainda que seus comentadores o considerem insuficiente em sua análise de 1844.
Pensar que ele estava em Paris, gestando esse livro; Feuerbach já era um homem idoso; ao mesmo tempo em que Nietzsche nascia nesse ano, em Rocken, na Alemanha; Hegel já havia falecido de cólera, enquanto Schopenhauer articulava o seu "Parerga e Paralipomena", já no final de sua carreira...
A simultaneidade de eventos intelectuais em um mesmo lapso temporal, desde jovem, deixava-me perplexa, não obstante o fato de que alguns deles sequer se conheceram e leram os escritos uns dos outros.
Fica aí o meu comentário e o destaque para a relevância de se resgatar o núcleo fundamental da obra de Marx, o que trata menos dos aspectos econômicos e mais de elementos filosóficos, antropológicos e sociais. Esse conteúdo não se tornou anacrônico com o fim do regime comunista. Muito pelo contrário: no estágio do capitalismo em que nos encontramos, ler o que Marx escreveu acerca do princípio do individualismo pode ser uma lição surpreendente e atual!
Deixo-lhes uma dica de leitura: o livro intitulado "Grundisse", que saiu em Português novamente em uma edição caprichada!