Claude Miller faleceu no dia 4 de abril de 2012. Li vários posts e comentários na imprensa internacional sobre sua morte, à época. Cheguei ao RJ e fui assistir, em primeiro lugar, dos cinco filmes a que assisti, seu último longa, o "Thérèse D." (2012). O roteiro é assinado por Claude Miller, François Mauriac e Natalie Carter. Minha filha chama-se Mirelle, não por acaso... Claude Miller também foi ator, além de diretor. Assisti apenas ao "O garoto selvagem", de François Truffaut, no qual Miller atuou, em uma mostra de cinema. Já a atriz Audrey Tatou, protagonista do filme, está no auge de sua carreira e maturidade dramática. Esse longa, o "Thérèse D.", em cartaz em Porto Alegre, levou-a ao patamar de uma trajetória de 16 filmes, dos quais, lamentavelmente, só pude assistir àqueles aos quais tive acesso: "O fabuloso destino de Amélie Poulain", de 2001, de Jean-Pierre Jennet; "Coisas belas e sujas",de 2002, de Stephen Frears; "O código da Vinci", de 2006, de Ron Howard"; e Coco antes de Chanel", de 2009, de Anne Fontaine. Audrey Tatou, encarnando a senhora Thérèse Desqueyroux, parece uma filha obediente de um pai viúvo que possui um enorme patrimônio, no interior rural da França do início do século XX. Nesse período, as mulheres não tinham acesso ao voto na França. O movimento feminino pelo sufrágio universal iniciou-se na Nova Zelândia no final do século XIX. Na Grã-Bretanha, em 1918, as mulheres já podiam garantir seu voto. Na França, curiosamente, somente em 1944, a partir de uma sanção tardia, mulheres passam a votar. Há quase cem anos de diferença entre o início do sufrágio masculino e o feminino, instituído em território francês no final da Segunda Guerra. Thérèse D. vive essa atmosfera e essa circunstância, de mulher casada, com a obrigação de somar seus bens ao do marido e de perpetuar a linhagem masculina. Ela não conhece ainda o amor verdadeiro; portanto, é subserviente a seu marido na primeira parte do filme. Após um episódio em que conhece um jovem português intelectualizado como ela, que está prestes a abandonar o povoado para estudar em Paris, seus ímpetos de mulher determinada passam a valer-se de sua vontade própria e de seu livre arbítrio. Ela chega a atentar contra a vida de seu marido e, descoberta a tentativa, enfrenta a animosidade da família dele, de seu pai e dos habitantes do vilarejo. Mantida na propriedade do marido como refém, é proibida de ver até a filha, que cresce à sua revelia, cuidada pela cunhada. Ela aguarda impassível, magra e melancólica, o momento de libertar-se dessa condição implacável. Ao final, a personagem metamorfoseia-se quando recebe o tão almejado divórcio e a autorização para ir embora, rumo a Paris.
Nossa, adorei a resenha, parece ser um filme ótimo. Fique curiosa para assisti-lo. Beijos, Mi
ResponderExcluirwww.recantodami.com
Obrigada, filhota! Beijos!
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