terça-feira, 29 de março de 2011

ANGELINA JOLIE E A PREOCUPAÇÃO COM OS REFUGIADOS

Desde 2001, a atriz norte-americana Angelina Jolie é ativista e Embaixadora da Boa Vontade do Alto Comissariado das Nações Unidas – ACNUR. Acabei entrando na página oficial do próprio ACNUR para checar as notícias mais recentes.

Temos alguém bem próximo a nós, no RS, que também é Embaixador da Boa Vontade do ACNUR, o cantor uruguaio Osvaldo Laport, que pouco espaço em espaço na mídia, sendo quase totalmente desconhecido dos gaúchos.

Ontem, dia 28 de março, 4 mil egípcios – que constituem a maioria dos refugiados da Líbia –, foram repatriados pelo governo provisório egípcio. A Tunísia já recebeu mais de 80 mil refugiados; parte deles está sendo trasladada para o Egito por aviões especialmente fretados pelo governo para a migração.

A recente migração forçada dos líbios acabou por retirar de cena o problema dos refugiados da Costa do Marfim, Oeste africano, que, desde novembro de 2010, têm se deslocado para a Libéria, fugindo de uma iminente guerra civil no país. A Libéria está à beira de um colapso, uma vez que já recebeu mais de 70 mil marfinenses.

Segundo a página da ACNUR na WEB (www.acnur.org), em Português, o Brasil possui 4,5 mil refugiados, sendo que desse total 64,5% são de origem africana. Na semana passada, o Ministério Público do RS promoveu um evento intitulado I Seminário de Proteção e Integração de Refugiados para celebrar os 60 anos da Convenção Relativa ao Estatuto dos Refugiados de 1951, o 50º aniversário da Convenção para a Redução da Apatridia (1961) e os 150 anos do nascimento de Fridtjof Nansen, o primeiro Alto Comissário para refugiados da Liga das Nações - datas que estão sendo comemoradas pelo ACNUR em todo o mundo.

Residem hoje no RS 165 refugiados, em sua maioria colombianos e palestinos. Entrem na página da ACNUR na WEB e acompanhem a problemática dos refugiados do planeta. A solidariedade é a moeda corrente de todos os envolvidos com essa questão.

terça-feira, 22 de março de 2011

20 ANOS SEM HERBERT CARO

Herbert Moritz Caro foi um grande intelectual e tradutor. Nasceu na Alemanha, viveu em Berlim e de lá fugiu com sua esposa Nina, vindo parar em Porto Alegre, fugidos do nazismo, por conta de sua ascendência judaica.

Quando eu ainda trabalhava no saudoso Instituto Cultural Judaico Marc Chagall, em Porto Alegre, no ano de 1995, tive contato com algumas cartas que Herbert Caro trocou com ilustres personalidades que traduzia. O acervo do Instituto guardava parte de seu espólio.

No dia 1º de janeiro de 1995, o extinto ‘Caderno Mais’, da Folha de São Paulo, publicou uma reportagem escrita por mim, em um suplemento especial, sobre a relação de amizade entre Herbert Caro e Erico Verissimo, ambos tradutores da saudosa Livraria do Globo, nos anos 50, além de um estudo de algumas cartas, que faziam parte do espólio de Caro. A reportagem foi assinada por mim e pela Prof. Márcia Ivana de Lima e Silva, da UFRGS, à época doutoranda na PUC/RS e pesquisadora do Acervo Literário de Erico Verissimo, administrado pela essa instituição.

Também em 1995, a Secretaria Municipal de Cultura de Porto Alegre resolveu publicar um livro em homenagem a Herbert Caro, um Caderno Porto & Vírgula, que havia falecido em Porto Alegre em 1991. Alguns escritores gaúchos, como Moacyr Scliar e Fernando Verissimo, enviaram-me as suas contribuições à publicação.Fui, então, a organizadora de tal volume.

Integrando os estudos publicados e as homenagens, o Museu Judaico, que pertencia ao Instituto Cultural Marc Chagall, inaugurou uma exposição fotodocumental sobre Herbert Caro, em outubro de 1995, intitulada “Um berlinense em Porto Alegre”.

Já em 2006, por ocasião da efeméride do centenário de nascimento de Herbert Caro, o Instituto Goethe organizou um colóquio em suas dependências. Os anais das comunicações e depoimentos estão compilados na Revista Contingentia, de maio de 2007.

Amanhã, dia 23, todos os que leram alguma tradução de Caro, como os livros de Thomas Mann ou de Elias Canetti, lembrar-se-ão de seus 20 anos de falecimento de câncer em Porto Alegre. Que viva para sempre na memória dos gaúchos que o acolheram e que suas traduções sejam eternizadas por seus novos leitores.

sábado, 12 de março de 2011

OS 200 ANOS DE MORTE DE KLEIST

Observei ainda em Frankfurt, início de minha viagem de férias pela Alemanha, o seguinte: na primeira livraria em que entrei, vi as obras do dramaturgo Heinrich von Kleist destacadas em uma bancada, por conta dos 200 anos de sua morte, ocorrida por suicídio, na beira do lago Kleiner Wannsee, em Berlim, em novembro de 1811.

Já em Berlim, li que o grupo teatral Maxim Gorki apresentará a montagem de todos os oito dramas de Kleist, ao longo de 2011. Seu diretor geral, Armin Petras, descreveu o dramaturgo como uma figura moderna, fragmentada. “Esse tipo de biografia despedaçada – que sempre começa algo de novo, fracassa e tenta a próxima coisa – é, de fato, algo que, de súbito, ganha uma nova virulência em nossa época(fonte: Deutsche Welle).

A obra de restauro do túmulo de Kleist, que a prefeitura de Berlim vai administrar neste ano, expõe a trajetória do autor que cometeu suicídio em 21 de novembro de 1811, através de placas informativas que explicarão, por exemplo, o porquê da atual lápide. Em 1941, o governo nacional-socialista, em uma tentativa de instrumentalizar a vida e a obra de Kleist, substituiu o epitáfio original – “Ele viveu, cantou e sofreu / em tempos tristes e pesados, / procurou aqui a morte / e encontrou a imortalidade” – por uma citação de uma peça de Kleist, O príncipe de Homburg: “Agora, ó imortalidade, és toda minha”.

Iniciado o Ano Kleist, na Alemanha, penso que é uma ótima oportunidade de ler (ou reler) alguma peça desse dramaturgo. A que conheço – e recomendo - para encerrar minha crônica é “A marquesa de O”, além do brilhante ensaio “Sobre o teatro de marionetes”.

quarta-feira, 2 de março de 2011

BERLINALE

Caros leitores, estou de volta! Minha viagem foi excelente e muito estimulante, culturalmente. Estive em seis cidades alemãs e, especialmente, em Berlim, por ocasião do Festival de Cinema de Berlim, o “Berlinale”, em sua 61º edição: realização de sonho.

Um amigo nosso que faz doutorado em Sociologia na Universidade Livre de Berlim, o Airton Mueller, enfrentou uma fila enorme, dentro de um shopping, no qual estava montada a estrutura comercial do Berlinale. Estivemos na sessão do filme argentino “El Prêmio”, da diretora e roteirista Paula Markovitch, sobre os argentinos que não pactuavam com o regime militar e, por isso, eram obrigados a viver, clandestinamente, no litoral ou no meio rural.

O filme é delicado, sua fotografia é impecável e a trilha é condizente com seu ritmo lento! Alguns jovens alemães, que estavam sentados na fila logo atrás de nós, ficaram impacientes e se retiraram quando os créditos começaram a se movimentar. A maior parte da enorme plateia do teatro permaneceu em seus assentos e aplaudiu a produção, que estava participando da competição oficial.

Não consegui assistir ao novo documentário de Werner Herzog, “Cave of the Forgotten Dreams”, em 3D, nem ao último filme de Wim Wenders, “Pina”, em 3D, sobre sua amiga falecida, a famosa coreógrafa Pina Bausch, que esteve em Porto Alegre em um “Porto Alegre em Cena”.

O “Berlinale Palast”, o palácio do festival, lembrou-me o de Gramado: cheio de luzes, tapete vermelho e tietagem. A diferença é que o frio em Berlim estava pegando, quando lá chegamos em 10 de fevereiro, primeiro dia do festival.

Tanto na abertura oficial, quanto na noite de premiação, o diretor do Festival colocou uma cadeira vazia para chamar a atenção do mundo para a ausência de um dos membros do júri, Jafar Panahi, diretor iraniano de prestígio no Ocidente, preso no Irã por força de sanções contra a sua cinematografia.

Curiosamente, o ‘urso de ouro’ do Berlinale foi outorgado a um filme iraniano, do diretor Asghar Farhadi. Na próxima coluna, comentarei os prêmios da edição do Oscar 2011.

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