Observei ainda em Frankfurt, início de minha viagem de férias pela Alemanha, o seguinte: na primeira livraria em que entrei, vi as obras do dramaturgo Heinrich von Kleist destacadas em uma bancada, por conta dos 200 anos de sua morte, ocorrida por suicídio, na beira do lago Kleiner Wannsee, em Berlim, em novembro de 1811.
Já em Berlim, li que o grupo teatral Maxim Gorki apresentará a montagem de todos os oito dramas de Kleist, ao longo de 2011. Seu diretor geral, Armin Petras, descreveu o dramaturgo como uma figura moderna, fragmentada. “Esse tipo de biografia despedaçada – que sempre começa algo de novo, fracassa e tenta a próxima coisa – é, de fato, algo que, de súbito, ganha uma nova virulência em nossa época” (fonte: Deutsche Welle).
A obra de restauro do túmulo de Kleist, que a prefeitura de Berlim vai administrar neste ano, expõe a trajetória do autor que cometeu suicídio em 21 de novembro de 1811, através de placas informativas que explicarão, por exemplo, o porquê da atual lápide. Em 1941, o governo nacional-socialista, em uma tentativa de instrumentalizar a vida e a obra de Kleist, substituiu o epitáfio original – “Ele viveu, cantou e sofreu / em tempos tristes e pesados, / procurou aqui a morte / e encontrou a imortalidade” – por uma citação de uma peça de Kleist, O príncipe de Homburg: “Agora, ó imortalidade, és toda minha”.
Iniciado o Ano Kleist, na Alemanha, penso que é uma ótima oportunidade de ler (ou reler) alguma peça desse dramaturgo. A que conheço – e recomendo - para encerrar minha crônica é “A marquesa de O”, além do brilhante ensaio “Sobre o teatro de marionetes”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário