Estive na terça (que estava cinzenta, mas que se transformou em uma linda noite estrelada e com Lua) no auditório da UNISC para ver e ouvir o poeta Amadeo Thiago de Mello, conhecido como Thiago de Mello. Ser humano raro e cheio de luz, ele se apresentou a um imenso público, que lotara as dependências da UNISC.
De saída, expressou seu libelo contra a degradação imoral que assola a Amazônia, avilta sua população ribeirinha, exaure seus recursos naturais e compromete sua fauna e flora. Sua primeira declamação poética terminou com o chamamento que exortava: “o que importa é trabalhar/na mudança daquilo que precisa mudar”.
Depois desse preâmbulo em que poeta e ativista político tornaram-se indissociáveis, contou ao público sobre sua vida, suas viagens, seus percalços, do exílio, da prisão. Destacou com veemência o papel que a leitura e a educação formal tiveram em sua trajetória e enalteceu a figura de sua primeira professora, que lhe deixou o legado da literatura. Por fim, ressaltou que “um país que não lê está condenado a ser dominado”.
O que admiro em Thiago de Mello é muito mais a persona, seu ‘estatuto de homem’, que esbanja juventude e alvorada, menos a matéria poética que, para mim, soa muito mais como prosa poética, menos como rigorosa poesia. Aprecio mais a causa nobre, o engajamento, a fala política, o talento para a sinergia com o público, menos o ritmo, a musicalidade, as propriedades da linguagem.
Seus pendores para a tradução são pouco conhecidos no Brasil. Sabedora de que Thiago de Mello verteu alguns poemas de Hölderlin para o Português, como “Ode do pão e do vinho”, imagino o quanto a poética e a biografia emblemática do escritor alemão tenha impressionado sua alma, como, por exemplo, a louca caminhada que Hölderlin empreendeu entre a frança e a Alemanha, no início do século XIX, fustigado pela imagem de sua amada, recentemente falecida, Diotima.
Talvez haja um núcleo trágico na poesia de Thiago de Mello, inspirada na concepção dos românticos alemães, que permite ao poeta amazonense contrapor o futuro sombrio e perverso da Amazônia – e de nosso planeta como um todo -, a um mundo solar e harmônico de outrora, que ainda sobrevive em seu interior.
Oi, amigo! Não sei por que o texto de meu blog fica assim, com o alinhamento direito quase dentro dos marcadores. Abraço a todos!
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