(post re-revisado. Meu blog está atingindo hoje 14 mil acessos aos posts!)
Neste finde, voltei à Feira do Livro de Porto Alegre. No sábado à tarde, havia filas longas em direção ao estande dos autógrafos, sob um imenso calorão! Fotografei um grupo de umas 15 pessoas, do Comitê Popular Memória, Verdade e Justiça, que faziam uma manifestação com cartazes nas mãos, denunciando a impunidade de um militar torturador, ainda vivo. Antes de ir à Feira, estive no cinema. Fui ao Cine Guion assistir à produção franco-libanesa, "Aonde vamos agora?" (Et Maintenaint, On Va Où?, de 2011), da diretora libanesa Nadine Labaki, conhecida pelo longa "Caramel", de 2007. O filme retrata uma aldeia distante no interior do Líbano, cujas mães e esposas, de luto pelos filhos e esposos mortos nos conflitos religiosos entre muçulmanos e cristãos, visitam o cemitério na cena inicial. Algumas delas, lideradas pelas mais maduras, resolvem boicotar as notícias sobre os conflitos na única TV pública do povoado e em um impresso, que lhes chega de moto, diariamente, de uma cidade maior, nas proximidades. O modo pelo qual as líderes deliberam, no sentido de distrair seus maridos em relação ao que ocorre no país e ao seu inexorável destino, dá uma atmosfera de fábula à narrativa e um tom surreal ao desenrolar do filme, sem contar que se trata de um semi-musical, cantado em libanês, claro! Não comentarei o desfecho aqui! Muito bom! Recomendo-o! No domingo, optei pelo Irã, na visão hollywoodiana de Ben Affleck, o incensado "Argo", de 2012, com o próprio diretor como protagonista (que também é produtor com George Clooney, além de roteirista! Uau!), o caricato John Goodman e um bom elenco. Apreciei o ritmo, o suspense, a ação, o roteiro, as imagens documentais, a construção de época, a fotografia, com imagens de Teerã. No entanto, considerei-o nacionalista demasiado, americanófilo de doer. Foi difícil de suportar, fora o fato de que há uma cena que mostra o reflexo do tórax do Affleck em um espelho de hotel, vestindo uma camisa! Totalmente dispensável! De qualquer modo, penso que todos têm de conferir, independente de meu ponto de vista. O episódio retratado pelo longa é verídico, foi realmente uma perigosa missão da CIA, protagonizando a produção de um filme 'fake', o "Argo", ficção científica, que deu certo e salvou a vida de seis funcionários da Embaixada dos EUA, em Teerã. À noite, no sábado, fomos ao Odeon, um bar no centro de Porto Alegre, fundado há 27 anos, na Andrade Neves. Aos sábados à noite, às 21h30, com couvert a módicos 10 reais, o notável guitarrista James Liberato toca com seu power trio, o Mig Trio, constituído pelo Fernando Petry, um baixista animal, bom pra caramba, e o Jua Ferreira na batera (esse batera eu não conhecia). O som deles é uma fusão de rock, jazz e umas pegadas de funk. Ora lembrou-me o Pat Metheny brincando na guita com o baixo de Charlie Haden; ora o som da banda do virtuoso Jeff Beck. O Odeon mantém um cardápio enxuto: chopp, fritas e maravilhosos (e verdadeiros, pasmem!) bolinhos de bacalhau! Faltou no cardápio o "rim ao óleo e alho", mas o garçon-patrimônio-da-casa estava à procura de um doador para superar a carência. Quanto à literatura, neste finde, li as preliminares do romance que minha filha está escrevendo, no gênero chick lit. Mais uma vez, discutimos sobre a trilogia fanfic "50 tons de cinza", da Erika James. Eu fazendo a crítica; minha filha, a defesa (ela explica que a James apenas ressignificou o universo do vampirismo e o dignificou como sadismo nos '50 tons de cinza')! Ela (a filha) aprecia o gênero representado atualmente pelas obras da Lauren Weisenberg, da Sophie Kinsella e da Marian Keyes. Para terminar, comprei na Cultura Os Analectos, de Confúcio, relançados há pouco, e a segunda edição do belo volume de poemas chineses clássicos, traduzidos pelo Haroldo de Campos, e ampliados pelo Trajano Vieira, em uma edição belíssima da Ateliê Editorial. Atrevi-me a fotocopiar uma das odes, do "Livro das Odes", compiladas pelo próprio Confúcio, no século VI a. C., e levei-a para a aula de "Filosofia e Cultura Oriental" de hoje, para meus alunos sentirem a musicalidade da transcriação pilotada pelo saudoso e querido Haroldo de Campos, que nos deixou há quase uma década. Continuo parada na China (ou avant la lettre?)....
Neste finde, voltei à Feira do Livro de Porto Alegre. No sábado à tarde, havia filas longas em direção ao estande dos autógrafos, sob um imenso calorão! Fotografei um grupo de umas 15 pessoas, do Comitê Popular Memória, Verdade e Justiça, que faziam uma manifestação com cartazes nas mãos, denunciando a impunidade de um militar torturador, ainda vivo. Antes de ir à Feira, estive no cinema. Fui ao Cine Guion assistir à produção franco-libanesa, "Aonde vamos agora?" (Et Maintenaint, On Va Où?, de 2011), da diretora libanesa Nadine Labaki, conhecida pelo longa "Caramel", de 2007. O filme retrata uma aldeia distante no interior do Líbano, cujas mães e esposas, de luto pelos filhos e esposos mortos nos conflitos religiosos entre muçulmanos e cristãos, visitam o cemitério na cena inicial. Algumas delas, lideradas pelas mais maduras, resolvem boicotar as notícias sobre os conflitos na única TV pública do povoado e em um impresso, que lhes chega de moto, diariamente, de uma cidade maior, nas proximidades. O modo pelo qual as líderes deliberam, no sentido de distrair seus maridos em relação ao que ocorre no país e ao seu inexorável destino, dá uma atmosfera de fábula à narrativa e um tom surreal ao desenrolar do filme, sem contar que se trata de um semi-musical, cantado em libanês, claro! Não comentarei o desfecho aqui! Muito bom! Recomendo-o! No domingo, optei pelo Irã, na visão hollywoodiana de Ben Affleck, o incensado "Argo", de 2012, com o próprio diretor como protagonista (que também é produtor com George Clooney, além de roteirista! Uau!), o caricato John Goodman e um bom elenco. Apreciei o ritmo, o suspense, a ação, o roteiro, as imagens documentais, a construção de época, a fotografia, com imagens de Teerã. No entanto, considerei-o nacionalista demasiado, americanófilo de doer. Foi difícil de suportar, fora o fato de que há uma cena que mostra o reflexo do tórax do Affleck em um espelho de hotel, vestindo uma camisa! Totalmente dispensável! De qualquer modo, penso que todos têm de conferir, independente de meu ponto de vista. O episódio retratado pelo longa é verídico, foi realmente uma perigosa missão da CIA, protagonizando a produção de um filme 'fake', o "Argo", ficção científica, que deu certo e salvou a vida de seis funcionários da Embaixada dos EUA, em Teerã. À noite, no sábado, fomos ao Odeon, um bar no centro de Porto Alegre, fundado há 27 anos, na Andrade Neves. Aos sábados à noite, às 21h30, com couvert a módicos 10 reais, o notável guitarrista James Liberato toca com seu power trio, o Mig Trio, constituído pelo Fernando Petry, um baixista animal, bom pra caramba, e o Jua Ferreira na batera (esse batera eu não conhecia). O som deles é uma fusão de rock, jazz e umas pegadas de funk. Ora lembrou-me o Pat Metheny brincando na guita com o baixo de Charlie Haden; ora o som da banda do virtuoso Jeff Beck. O Odeon mantém um cardápio enxuto: chopp, fritas e maravilhosos (e verdadeiros, pasmem!) bolinhos de bacalhau! Faltou no cardápio o "rim ao óleo e alho", mas o garçon-patrimônio-da-casa estava à procura de um doador para superar a carência. Quanto à literatura, neste finde, li as preliminares do romance que minha filha está escrevendo, no gênero chick lit. Mais uma vez, discutimos sobre a trilogia fanfic "50 tons de cinza", da Erika James. Eu fazendo a crítica; minha filha, a defesa (ela explica que a James apenas ressignificou o universo do vampirismo e o dignificou como sadismo nos '50 tons de cinza')! Ela (a filha) aprecia o gênero representado atualmente pelas obras da Lauren Weisenberg, da Sophie Kinsella e da Marian Keyes. Para terminar, comprei na Cultura Os Analectos, de Confúcio, relançados há pouco, e a segunda edição do belo volume de poemas chineses clássicos, traduzidos pelo Haroldo de Campos, e ampliados pelo Trajano Vieira, em uma edição belíssima da Ateliê Editorial. Atrevi-me a fotocopiar uma das odes, do "Livro das Odes", compiladas pelo próprio Confúcio, no século VI a. C., e levei-a para a aula de "Filosofia e Cultura Oriental" de hoje, para meus alunos sentirem a musicalidade da transcriação pilotada pelo saudoso e querido Haroldo de Campos, que nos deixou há quase uma década. Continuo parada na China (ou avant la lettre?)....
Que perfeito, como sempre!!
ResponderExcluirAmo os teus relatos...
Tu já és suspeita, Lu! Obrigada e um beijo!
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