A tradução da citação do título é "Um amigo é metade da alma". Inicio a semana, dia 22 de outubro de 2012, sob o novo horário de verão, com sono e cansada: trabalhei bastante no micro, li um pouco e fui ao ensaio dos meninos da banda "Flores de Saturno", grupo de novos amigos com quem tocarei, fazendo uma participação especial, na noite de sexta, dia 26, no Pub Sunset. Resolvi escrever sobre a amizade, especialmente, aos meus amigos, porque eles, realmente, merecem uma singela homenagem de minha parte. Estou em uma fase difícil de minha vida. Hoje, faz um ano que me separei e ainda não superei o sofrimento que esse tipo de experiência implica. Não tenho estado bem de saúde e justamente na semana que passou tive um quadro de hipertensão. Em decorrência disso, minha imunidade baixou. Destaco aqui a dedicação da Tania Fleig, do Nataniel Piva e do Maurício Grassel; a atenção do Samuel Machado e do Evandro Rohden (virtual, de SP); a companhia da Ana Claúdia Waechter, da Lilian Pilger, da Camila Deufel, do Leonardo Oliveira e do Taisson Machado, seja no bilhar, no estúdio ou mesmo aqui em casa, tocando um violão e cantando. Amigos são o nosso "princípio de realidade", usando uma categoria freudiana; ajudam-nos a nos confortar nos momentos tristes, fazem algumas mediações importantes entre os nossos juízos e os fatos em si; ponderam a nossa revolta, quando nos sentimos prejudicados por uma situação pontual; trazem luz às lembranças obscuras; e, sobretudo, cada um a seu modo, concede-nos Amor. Aristóteles é um filósofo clássico, que abordou o fenômeno da amizade. Em sua obra "Ética a Nicômaco", lê-se: (...) "Tais amizades são, de fato, raras, porque são poucos os homens desta estirpe. Além do mais, é preciso tempo e cumplicidade, pois, tal como diz o provérbio, não é possível que duas pessoas se conheçam uma a outra sem antes terem comido juntas a mesma quantidade de sal. Nem se pode reconhecer alguém como amigo antes de cada um ter-se mostrado ao outro digno de amizade e merecedor de confiança. Pessoas que depressa produzem provas (exteriores) de amizade entre si querem ser amigos, mas não podem sê-lo logo. É preciso primeiro que se tornem dignos de amizade e se possa reconhecer neles essa mesma dignidade. O desejo de amizade nasce depressa, mas a amizade não". Para Aristóteles, a amizade verdadeira é fruto da vontade e do hábito e só se constitui entre iguais, ou seja, entre agentes que deliberem racionalmente sobre escolha de um Outro, que possua as mesmas excelências, com quem se estabelecerá uma relação de alteridade. O filósofo não aceita relações desiguais como amizade, quando, por exemplo, há interesses econômicos envolvidos, relações unilaterais em que só um se dedica; o outro, não; ou quando há desigualdades de outras ordens. Enfim, Amizade, para ele, é uma virtude e, portanto, imprescindível para a felicidade humana. Um abraço aos meus antigos amigos, de muitos anos, e aos mais recentes, que se comunicam com frequência, que cantam e tocam violão comigo, que almoçam comigo, que leem poesia comigo, que jantam comigo, que tomam um café comigo todas as semanas, perfazendo rotinas de trocas, de entregas, de acolhimento e de produção de conhecimento. Isso não poderia faltar, na visão aristotélica.
Lindo o que escreveste! Vale destacar que alguns mestres orientais colocam a amizade num valor maior que o próprio amor. Ela muda as nossas vidas e nos faz reconhecer em nós o que há de mais aconchegante e pleno. Amizade é também um jeito de olhar para nossos inimigos internos, e trazer para eles acolhimento e espaço, para que possam se remexer dentro da gente em direção à mais sabedoria e maturidade, de modo que possamos ver que a realidade é um desbravamento, e que não está pronta aos nossos olhos imaturos. Amizade é cura. Amizade é participação de vida. Um reconhecimento interno dessa irmandade que nos cerca. Obrigado Ro, mais uma vez, pelo carinho!
ResponderExcluirNatta, Natta, Natta, comecei a fazer 'zazen' e é impressionante a luta que travo com os meus próprios pensamentos! Eu é que tenho de te agradecer pelo carinho constante, pelos textos, pelas práticas e conversas, pela presença em minha Vida! O que eu tenho de desconstruir dentro de mim já sei, aproximadamente, como fazê-lo e sei que tenho de parar de me ajoelhar diante do mestre que elegi, aquele que ainda ocupa os meus pensamentos e as minhas emoções. Logo, ele será deposto, não te preocupes. Namaste e até quarta, em nossa sessão.
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