Se alguém me perguntasse que escritor estadunidense marcou a minha geração [e minha vida de leitora], sem pestanejar, eu responderia: David F. Wallace. Foi ensaísta, contista e docente da disciplina de Escrita Criativa em Pomona College, Claremont, na Califórnia, onde faleceu.
Sua obra capital, Infinite Jest, concebida no final dos anos 80 e início dos 90, foi traduzida em Portugal com o título de "A Piada Infinita" e em língua espanhola como "La broma infinita". Esse livro foi um grande sucesso comercial e também junto à crítica especializada. Prefiro o título ambivalente que nosso grande tradutor Caetano W. Galindo, da UFPR, concedeu ao livro de mais de mil páginas, Graça Infinita, uma novela distópica publicada no Brasil, em 2013, pela Companhia das Letras.
Os estudiosos indicam intertextualidades e costuras de Wallace em Infinite Jest, já escancaradas em seu título:
[...] "Alas, poor Yorick!
I knew him, Horatio: a fellow of infinite jest,
of most excellent fancy:
he halth borne me on his
back a thousand times;
and now how abhorred
in my imagination it is" [...]
(Shakespeare. Hamlet, Ato V, Cena I)
A Revista Times elegeu o livro como uma das melhores novelas em língua inglesa desde os anos 20. The Pale king (O rei pálido), de 2011, obra póstuma, foi finalista do Prêmio Pulitzer de Ficção, em 2012.
Para quem não tem ideia de quem foi David F. Wallace, e da sofrida existência que amargou, na Netflix está disponível o filme "The End of the Tour" ("Fim da Turnê", título em Português), um retrato bem próximo dos problemas enfrentados com a depressão, a solidão e as drogas.
No dia 12 de setembro de 2008, Karen Green, esposa de Wallace, encontrou-o enforcado em casa.
R.I.P. David
“Há muitas coisas que a boa ficção pode fazer que outras formas de arte não podem. Uma dessas coisas, grandiosa, é poder transpor o muro do ‘eu’, retratar a experiência interna. Construir uma conversa íntima entre duas consciências” (David F. Wallace [21.02.62-12.09.08]).
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