Desde o início de abril, venho assistindo a vídeos e lendo artigos sobre os 100 anos da Bauhaus. Senti-me compelida a escrever algo reflexivo sobre essa escola e, especialmente, sobre o modo como os professores ensinavam seus alunos - e, por fim, o mais importante para mim, o que mais me sensibiliza enquanto sua herança cultural.
O mote emblemático da Bauhaus, "Die Form folgt der Funktion" ("A forma segue a função") persegue-me há muitos anos, desde que comecei a estudar e dar aulas de Estética no curso de Filosofia em uma universidade. Estive no primeiro prédio da Bauhaus em Weimar, em um arquivo da Bauhaus em Munique e na Bauhaus em Berlim, último momento da escola antes de seu fechamento. Kandinsky e Klee foram professores de seu quadro, dentre muitos outros artistas, arquitetos, escultores e dramaturgos. De lá para cá, só aumentou o meu interesse sobre a dimensão pedagógica da Bauhaus e sua influência, enquanto escola programática, em várias expressões da Arte, da Arquitetura e do Design. Indico-lhes o programa semanal 'Camarote 21', da Deutsch Welle, especial sobre o centenário da Bauhaus, para os interessados.
Sabe-se, após significativas produções acadêmicas, que não há uma relação determinante da função de um objeto sobre sua forma. A massificação do consumo, o status e as diferenças sociais acabaram por transmutar dezenas de objetos (o exemplo clássico é o talher/talheres, que passaram por inúmeras remodelações para diferenciar os talheres do burguês dos talheres do empregado), desenvolvidos e sofisticados não apenas sob a ótica de seu performance.
Etimologicamente, Bauhaus tem o sentido de "uma casa para ser concebida/arquitetada"; portanto, a dimensão pedagógica da própria denominação da escola faz alusão ao seu conteúdo programático, que evoca uma visão integradora entre o aporte teórico e a práxis, entre Artes Plásticas e artesanato, teorização e experimentação. Esse apelo funcionou muito bem como marketing para chamar a atenção de alemães de todas as regiões do país e também de estrangeiros. No pós-guerra, era necessário galvanizar uma nova visão de mundo, condensar esforços para reconstruir o país e diversificar seu modo produtivo. Isso foi inspirador para uma geração inteira e para muitos outros países.
Em 25 de abril de 1919, foi inaugurada a Staaliches-Bauhaus, em Weimar, mantida, então, pelo governo alemão, até 1931, quando foi transferida para Berlim. Com a Segunda Guerra Mundial, a escola foi fechada pelo terceiro Reich. Kandinsky e Klee foram professores da Bauhaus e tiveram de fugir da Alemanha nazista. Suas obras foram expostas em 1937 como "arte degenerada".
Do ponto de vista filosófico, a Bauhaus encerrava no entre-guerras (1919-1933) uma concepção de "arte total" (Gesamtkunstwerk), que implicava uma 'virada estética' na infraestrutura produtiva (funcionalidade, versatilidade, luminosidade, praticidade, novas texturas e baixo custo), provocando, com isso, uma transformação nos vetores da superestrutura social, sua visão de mundo e sua cultura, uma força que remodelaria a criação artística como um todo e os rumos da própria Arte Moderna.
Chancelada por Walter Gropius, o corpo docente da Bauhaus tinha uma formação multidisciplinar e seus alunos aprendiam segundo um modelo integrador e metodológico: primeiro, frequentavam as oficinas nas quais tinham contato com os materiais e maquinaria; em um segundo momento, aprendiam as teorias estéticas, a História da Arte e da Arquitetura; por fim, faziam suas escolhas e partiam para a experimentação.
No Brasil, o Centro Cultural Banco do Brasil SP apresenta uma mostra única sobre os '100 Anos da Bauhaus', até o dia 29 de abril. Para quem tem interesse e reside em São Paulo, é uma oportunidade preciosa!
Bauhaus de Weimar (Google):
Em 25 de abril de 1919, foi inaugurada a Staaliches-Bauhaus, em Weimar, mantida, então, pelo governo alemão, até 1931, quando foi transferida para Berlim. Com a Segunda Guerra Mundial, a escola foi fechada pelo terceiro Reich. Kandinsky e Klee foram professores da Bauhaus e tiveram de fugir da Alemanha nazista. Suas obras foram expostas em 1937 como "arte degenerada".
Do ponto de vista filosófico, a Bauhaus encerrava no entre-guerras (1919-1933) uma concepção de "arte total" (Gesamtkunstwerk), que implicava uma 'virada estética' na infraestrutura produtiva (funcionalidade, versatilidade, luminosidade, praticidade, novas texturas e baixo custo), provocando, com isso, uma transformação nos vetores da superestrutura social, sua visão de mundo e sua cultura, uma força que remodelaria a criação artística como um todo e os rumos da própria Arte Moderna.
Chancelada por Walter Gropius, o corpo docente da Bauhaus tinha uma formação multidisciplinar e seus alunos aprendiam segundo um modelo integrador e metodológico: primeiro, frequentavam as oficinas nas quais tinham contato com os materiais e maquinaria; em um segundo momento, aprendiam as teorias estéticas, a História da Arte e da Arquitetura; por fim, faziam suas escolhas e partiam para a experimentação.
No Brasil, o Centro Cultural Banco do Brasil SP apresenta uma mostra única sobre os '100 Anos da Bauhaus', até o dia 29 de abril. Para quem tem interesse e reside em São Paulo, é uma oportunidade preciosa!
Bauhaus de Weimar (Google):
Telas de Klee e Kandinsky (Google):
Adorei esse contraponto entre forma e função de um objeto, paralelamente a essa interessante observação acerca dos talheres dos burgueses (safados!) e os empregados (coitados!). Queria estar em SP para conferir.
ResponderExcluirOi, Rob. Que alegria! Podes ir a SP conferir outras exposições. Posso fazer um roteiro para ti. Grata pela leitura. Um beijo!
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