Ontem à noite, não fomos curtir o novo bar da cidade, o Legend Music Bar, mas, sim, ao jantar de despedida do Prof. Flavio Williges, meu ex-colega, amigo eterno e ex-colunista da Gazeta do Sul. A noite estava agradável, com lua e estrelas (a meteorologia errou novamente!). Saímos de lá pelas 2h30 da madruga. Eu poderia ter dormido mais hoje; no entanto, conforme contara para os meus amigos lá na despedida do Flávio, há um galo miserável e uma dúzia de galinhas no vizinho ao lado, em uma casa, em pleno perímetro urbano, que nos impede de dormir.O barulho é demasiado, sobretudo quando o galo está atrás das galinhas.
Nesses momentos, em que não posso desfrutar do sono sagrado, passam-me ideias mirabolantes pela mente - e até sinistras. Lembro-me, então, de que Schopenhuaer e Maquiavel ressaltavam em suas obras o fato de que o homem é um animal méchant (perverso) por natureza. Por enquanto, tenho tentado controlar a minha hybris e não corroborar a posição dos caras acima...
Levantei-me para escrever sobre Lennon? Não, para comentar uma face (que eu não conhecia) do Mauro Ullrich, marido da Josi, e jornalista da Gazeta do Sul. Sou colunista do Diário Regional, há meses; então, tenho evitado de falar com a Josi sobre as minhas crônicas, os comentários que rolam no blog e as vozes dissonantes que têm surgido nesta cidade, em relação às minhas ideias (acho que a Josi é uma "espiã", leitor). Que coisa maravilhosa quando pessoas discordam da gente e sabem como expressar-se diante do dissenso, da diferença, das pequenas tensões.
Só não consigo, em relação à Música, enquanto expressão estética universal, apreciar, por educação e amizade, um "sertanojo universitário (que não se forma nunca...diria o Rafael Trapp), funk, pagode ou bandinha. Estão aí elencados os gêneros que me causam síncope orgânica! Quando rolam, eu me retiro em silêncio! Respeito os gostos divergentes!
Mas ontem à noite, o Mauro Ullrich, roqueiro inveterado e também apreciador de um bom metal, estava cantarolando 'sambas de morro' e as clássicas da MPB. O Rafael Koehler, nosso aluno e professor de violão, estava se esforçando para dar alegrias ao Mauro, mas ele não conhecia as pérolas que o cara desfiava. Peguei o violão e tentei mostrar serviço; toquei a cult "Saudosa Maloca" e um sambinha do Chico Buarque. Pois o Mauro as cantou, cantou todas, e isso me impressionou. Como pode um roqueiro conhecer samba? Não só conhecer o gênero, mas cantá-lo e afinadamente!
Isso é a encarnação do dissenso, do qual falara antes. Também sou roqueira. Comecei a tocar violão nos final dos anos 60, interpretando Elis ou Nara Leão, mas também os Beatles e, alguns anos depois, os temas do rock progressivo inglês. O Mauro ama o Paul e trabalha na Gazeta. Eu amo o John e escrevo para o Diário Regional. Nem por isso, trocamos farpas ou deixamos de cantarolar juntos. Espero que alguns leitores desta cidade cheguem a esta crônica e entendam sua mensagem sub-reptícia. Josi, tu não tens pinta de mulher da ex-KGB ou da ex-Stasi. Vou conversar contigo sobre o que escrevo. Mauro, tu és uma figura, canta bem e és muito carinhoso! É muito bom encontrar o dissenso humanizado, na casa de amigos em comum, e poder confraternizar, como faziam os antigos gregos.
Leiam, pois, minha crônica na terça. Continuarei a falar do John, que imaginava todas as pessoas vivendo suas vidas em Paz, mesmo com sua natureza méchant! Have a nice Sunday!
O Mauro é um cara que deveria ser mais lembrado do que já é nessa cidade. Através do trabalho dele, carregou por muito tempo a cultura em SCS nas costas e valoriza o trabalho cultural de todos aqui. Além de ser um dos primeiros a me dar espaço no jornal para escrever, isso lá nos anos 90 (antes dele foi o Roni Ferreira Nunes no Riovale).
ResponderExcluirAbraço, Rô, se me permites chamá-la assim, apesar de nos conhecermos só virtualmente.