Esqueci-me de comentar com vocês que, qual não foi a minha surpresa, ao chegar à exposição dos Impressionistas no CCBB de SP, no sábado, dia 22 de setembro, vi em um banner a lista de alguns músicos que fariam show naquela tarde, no auditório desse centro cultural. O CÍCERO, quem procurei em Botafogo em julho, falando com os caras dos quiosques, tabacarias e botecos de algumas ruas do bairro, cantou lá. Achei onde o moleque mora atualmente no Botafogo! O som dele é muito massa! Seus temas foram compostos dentro do JK em que ele morava, até o ano de 2011. Hoje, ele está vivendo em um apto de três quartos. Hahahaha. Já tentaram ouvir algumas de suas canções no You Tube? O CD dele eu não encontrei em pleno RJ - e o procurei nas livrarias com bancadas de CD, na seção musical da Saraiva no RJ e em duas lojas grandes do centro. Não tive sucesso! Confiram! Agora, para o nosso deleite, depois da vinda do Criolo (em novembro de 2011 e no dia 14 de setembro de 2012, também na mesma casa, show no qual eu estive presente e colaborei com grana para a campanha!), que fez um comentário em meu blog (procurem aí o meu texto sobre o show do Criolo no Opinião), o Cícero virá com o seu "séquito romano"! Procurem a página no Face, "Queremos Cícero em Porto Alegre", em 11 de novembro, e "curtam" a página da campanha! Voilà!
quinta-feira, 27 de setembro de 2012
terça-feira, 25 de setembro de 2012
SÃO PAULO, NO DOMINGÃO, 23 DE SETEMBRO (ÚLTIMA PARTE)
No domingo de manhã, como desisti de visitar a retrospectiva da Lygia Clark, na pinacoteca do Itaú Cultural na Paulista, a 30ª Bienal de Arte de São Paulo e a 'panorâmica' da obra de Adriana Varejão, no MAM, ambas no Parque do Ibirapuera, então, decidi visitar em uma hora a Pinacoteca do Estado de SP, como faço em todas as vezes que vou a São Paulo. As três exposições que não pude conferir desta vez, eu as visitarei em novembro, porque decidi voltar a SP, pela quinta vez no ano. Todas estarão em cartaz até dezembro e ainda terei o prazer enorme de visitar uma retrospectiva das gravuras de Osvaldo Goeldi, na Pinacoteca, a partir desta semana. Cheguei lá às 11h e saí de lá às 12h10. Meu voo de volta a Porto Alegre sairia às 16h, em Guarulhos. Daí, eu não podia vacilar com os horários... Visitei apenas, dentro da Pinacoteca, a exposição do artista plástico Willys de Castro, um neoconcretista mineiro, falecido em 1988, muito bem-cotado no mercado de arte. Uma peça sua foi arrematada por mais de 150 mil reais há pouco tempo atrás. Fui checar a doação que seu companheiro fez, o também artista plástico Hércules Barsotti (falecido em 2010, aos 96 anos), ao acervo da Pinacoteca do Estado de SP. Uma doação expressiva de estudos e documentos de Willys.
Comentarei, mais adiante, o valor das obras de Beatriz Milhazes, hoje com 52 anos, e de Adriana Varejão, com apenas 47 anos, no mercado de arte, que é um tema que tenho acompanhado bem de perto.
segunda-feira, 24 de setembro de 2012
SÃO PAULO, DIA 22 DE SETEMBRO, SEGUNDA PARTE
Segunda parte da viagem a Sampa (hoje, meu blog atingiu 12 mil acessos aos textos! Obrigada, amigos e leitores que eu não conheço!)
No sábado, após um dia de chuva, vento e frio, o tempo melhorou, mas a temperatura caiu para 14 graus à noite. Deixei de lado a 'panorâmica' da obra de Adriana Varejão, que stá no MAM, e a própria 30ª edição da Bienal de Arte de SP, simplesmente porque resolvi que voltarei pela quinta vez no ano à capital paulista, para visitá-las com mais calma. Viajarei no dia 6 de novembro, uma terça. Então, no sábado, dia 22 de setembro, início da Primavera, havia um sol meio anêmico. Fui para a fila do Centro Cultural Banco do Brasil. Já estavam lá, à minha espera, a dupla Lucy e João, amigos de Porto Alegre. Ficamos conversando por mais de 60 minutos, aguardando a entrada na exposição itinerante intitulada "Impressionismo: Paris e a modernidade" (com obras-primas do Museu D'Orsay, de Paris), até 7 de outubro de 2012. Revi algumas telas das quais ainda me lembrava, quando estive nesse museu pela primeira vez, eu diria que o meu segundo preferido, depois do Museu Rodin. Havia centenas de pessoas circulando pelos quatro andares do CCBB de São Paulo. Uma loucura geral! Fiz várias fotos dos ambientes externos, do frontispício da exposição e das filas coordenadas pelas equipes do centro... Não tenho como colocá-las nesta página. Deixei meu carregador no RJ, em julho. Daí, pela terceira vez, o Maiquel, baby, vai descarregá-las para mim, de mais esta viagem, lá no dia 15 de outubro. Aguardem as fotos!! Aguardem! Voltando ao Impressionismo, desde que essa escola rompeu com a tendência pictórica, então em vigência, e com a ideia de mimetizar a realidade, tudo mudou na Arte. Devemos essa superação aos esforços estéticos de Monet, que, junto a outros pintores, passou a usar a luz natural em suas leituras da figura ou da paisagem. Estavam lá no CCBB a famosa tela "Le Bassin aux nymphéas: harmonie verte", de Claude Monet, de 1899; "Paysannes bretonnes", de Paul Gauguin, de 1894; e "Nature morte à la soupière", de Paul Cézanne, de, aproximadamente, 1877, por exemplo. Emocionante e comovente visitar uma exposição de alto nível, com a curadoria-geral do Presidente dos Museus D'Orsay e do de l'Orangerie, Guy Cogeval. Além disso, testemunhar tantas centenas de pessoas em filas, esperando para um momento de fruição estética leva-nos a crer que a educação no Brasil está melhorando e desenvolvendo um olhar estético nos cidadãos, que não se resume a Carnaval e Futebol! We hope so!
SÃO PAULO, SEXTA, DIA 21 DE SETEMBRO (1ª PARTE)
Olá, amigos! Como avisei, postarei aqui meus comentários sobre o que visitei em Sampa com amigos gaúchos. Aliás, desta vez, eu estava acompanhada de vários gaúchos: Lucy Demari e seu namorado João; Sheila Boesel e seu marido Marcos; o próprio Evandro Rohden, quem me hospedou em Sampa desta vez (minha quarta viagem à capital paulista em 2012), mais a poeta Tuca Rosa, natural de Capão da Canoa, sem falar em um outro amigo do Evandro, o Ricardo, também gaúcho.
Na sexta, iniciamos (eu, Lucy e João) a jornada pelas exposições, abaixo de chuva, vento e frio, selecionando, em primeiro ligar, a de Michelangelo Merisi, conhecido por Caravaggio. A pequena mostra leva o título de "Caravaggio e seus seguidores", no MASP, até 30 de setembro de 2012. A idealizadora da mostra é Rossella Vodret, a maior especialista em Caravaggio da Itália. Fiz algumas considerações iniciais aos meus amigos sobre a vida turbulenta de Caravaggio, sua hybris, seus descomedimentos por várias cidades italianas, em pleno início do século XVII, até ter de abandonar de vez Roma. Ele não apenas brigava: ele feria outros e se autoferia nas brigas. Assim, acabou perdendo sua vida aos 38 anos. Simplesmente um gênio esse homem, que inaugura o Barraco, após os 'frufrus' dos maneiristas. A técnica do chiaroscuro põe a cena ou o retrato em primeiro plano, com um fundo escuro, e joga um jato de luz sobre um outro objeto da composição pictórica. Isso mexe com a dimensão sensorial de cada espectador; a força é enorme! Não é à toa que a segunda parte da exposição revela a produção de seus seguidores, que eram muitos, pintores de certa expressão na Itália, conhecidos como caravaggescos! Impressionante a cabeça da Medusa, a Medusa Murtola, de 1597, de um colecionador particular, totalmente envolta em um vidro blindado, semelhante ao que fica defronte à tela "A Monalisa", de Leonardo da Vinci, no Museu do Louvre. A imagem parece, inicialmente, que pretende aterrorizar quem a espreita; no entanto, imagina-se o terror que a entidade deva ter sentido ao ver sua própria imagem, mimetizada, no escudo de Perseu. Nesse mesmo dia, à tarde, fomos à Livraria Cultura, do Conjunto Nacional, tomar um café. No início da noite, lá pelas 20h, fui a um sarau poético na Casa das Rosas, na Avenida Paulista. Lá estava o Evandro, aguardando-me. Saímos fugidos de lá. Sarau da quarta idade? Socorro! Valeu para conhecer a tal Casa das Rosas, que é um casario antigo em uma área verde linda, em plena Paulista! Mais tarde, às 22h, fomos todos jantar em uma cantina típica italiana, no Bixiga, a Esperanza, que introduziu em São Paulo, em 1958, as receitas de pizza Marguerita e de pão de linguiça. Estávamos em oito pessoas e, junto aos gaúchos, dois paulistanos: a Berna, amiga da Lucy, e o Ricardo Camarotto, ilustrador da Folha de São Paulo. É ele quem ilustra, todas as terças, os textos do filósofo Luís Felipe Pondé (que eu, particularmente, não aprecio). Rimos muito! Foi terapêutico! Foi demais!
(a continuação segue no texto postado antes deste!)
(a continuação segue no texto postado antes deste!)
quarta-feira, 19 de setembro de 2012
SÃO PAULO
Amigos e leitores, aguardem meus comentários após o feriadão gaúcho de 20 de setembro. Estarei em SP e visitarei as seguintes exposições:
Exposição na Casa de Lina Bo Bardi, no Morumbi, com a curadoria de Hans U. Obrist;
Coleção de obras impressionistas do Museu D' Orsay, de Paris, no CCBB;
Obras de Caravaggio, no MASP;
"Morphosis", de Thom Mayne, no Instituto Tomie Ohtake.
Obras da coleção do Vaticano na "Oca", dentro do Parque do Ibirapuera.
Obras da coleção do Vaticano na "Oca", dentro do Parque do Ibirapuera.
Além disso, irei ao "Jazz nos fundos", uma famosa casa paulista de jazz, inclusive apresentando convidados internacionais; a uma peça teatral, "Júlia", de Strindberg, a uma peça infantil, na qual meu amigo gaúcho Evandro Rohden é ator; e, por fim, a um sarau poético na Casa das Rosas, na Avenida Paulista.
Espero que seja possível realizar tudo o que planejei. Estarão comigo em Sampa, além do próprio Evandro, que me hospedará, Tania Fleig, Lucy Demari e seu namorado João, mais sua amiga paulistana Berna, que os hospedará, sem falar no poeta e tradutor Leo Gonçalves, vivente de SP, com o qual tomarei um café, ao menos.
Abraços e todos e bom feriadão!
segunda-feira, 17 de setembro de 2012
SHOW DO CRIOLO NO OPINIÃO, EM PORTO ALEGRE, E VIAGEM A CURITIBA
(Texto revisado! Deixei passar uns errinhos de digitação na versão preliminar! Agora, está bem!)
Neste final de semana, tive a rara oportunidade de estar em Porto Alegre, em plena sexta à noite, na companhia de um vocalista de banda, para desfrutar do primeiro show do cantor Criolo na capital gaúcha, no Opinião. Eu o ouço desde o verão e já sabia as letras de suas canções de cor. A casa estava lotada e a vibe era maravilhosa, porque todos os presentes cantavam as letras das canções do Criolo também, fossem elas samba, rap, hip-hop ou bolero. O show não foi longo e o cara mostrou-se o mais carismático do cenário atual da música brasileira, muito politizado, levando a galera a aplaudi-lo inúmeras vezes, ao final de seus enunciados, além do fato de que, vale frisar, a pegada de sua música é impressionante. Acompanhado de seis bons músicos, seu mise-en-scène também merece destaque, uma vez que, vestindo uma bata esvoaçante branca, dançava, rebolava e recebia no palco, de modo acolhedor, vários dos fãs, que estavam na parte da frente da plateia. No final do show, havia três tipos de camisetas do Criolo, os dois CDs e outros souvenirs, bem ao estilo da produção independente! Valeu a pena, valeu o calor partilhado com a plateia, valeu a ceva gelada do final com o meu bro e valeu o gasto com o valor do ingresso. Para quem quiser conferir a íntegra de suas oito faixas, do CD "Nó da Orelha", já o descobri na bancada de CDs da Livraria Cultura de Porto Alegre.
Neste final de semana, tive a rara oportunidade de estar em Porto Alegre, em plena sexta à noite, na companhia de um vocalista de banda, para desfrutar do primeiro show do cantor Criolo na capital gaúcha, no Opinião. Eu o ouço desde o verão e já sabia as letras de suas canções de cor. A casa estava lotada e a vibe era maravilhosa, porque todos os presentes cantavam as letras das canções do Criolo também, fossem elas samba, rap, hip-hop ou bolero. O show não foi longo e o cara mostrou-se o mais carismático do cenário atual da música brasileira, muito politizado, levando a galera a aplaudi-lo inúmeras vezes, ao final de seus enunciados, além do fato de que, vale frisar, a pegada de sua música é impressionante. Acompanhado de seis bons músicos, seu mise-en-scène também merece destaque, uma vez que, vestindo uma bata esvoaçante branca, dançava, rebolava e recebia no palco, de modo acolhedor, vários dos fãs, que estavam na parte da frente da plateia. No final do show, havia três tipos de camisetas do Criolo, os dois CDs e outros souvenirs, bem ao estilo da produção independente! Valeu a pena, valeu o calor partilhado com a plateia, valeu a ceva gelada do final com o meu bro e valeu o gasto com o valor do ingresso. Para quem quiser conferir a íntegra de suas oito faixas, do CD "Nó da Orelha", já o descobri na bancada de CDs da Livraria Cultura de Porto Alegre.
No sábado, voei para Curitiba, cidade na qual tenho amigos antigos e novos. Reunimo-nos todos no Shadow Bar, reserva da Lucimeri Bridi, à noite. Lá apareceram para me rever o Ade, mestrando em Literatura de Língua Inglesa na UFPR, além de poeta e tradutor, mais o Gui, professor de Literatura de Língua Latina na UFPR, também poeta e tradutor. Os dois administram o blog "Escamandro", que veicula preciosidades em traduções coletivadas.
Abraço a todos os meus amigos!
terça-feira, 11 de setembro de 2012
'MUTTER COURAGE UND IHRE KINDER' (1938 - B. BRECHT) NO THEATRO SÃO PEDRO, DE PORTO ALEGRE, NA NOITE DE 8 DE SETEMBRO DE 2012
Passei uma tarde de sábado, em Porto Alegre, feito uma hedonista - como sempre! Fui tomar o meu café, comprei vários livros na Livraria Cultura, DVDs e CDs, ao todo, seis presentes para amigos queridos (Gilson Klemz, Luciani Voght, Elstor Petry-Loseiret, Julia Schnaiders e Rafael Engel), todos de aniversário: quatro atrasados e dois nats futuros! Não gosto de dar presentes por obrigação, mas ofertar algo especial que esteja em consonância com aquele amigo que o recebe. Comprei "Der Sandmann", do ETA Hoffmann para mim, mais o "Leben ist Werden", do Hesse, no ano de seus 50 anos de falecimento. Encontrei um romance do Hesse para o Gilson, meu professor de Alemão, e sua esposa Luciani. DVD e CD de interpretações de composições de Villa-Lobos para o Elstor, DVD do 'Prodigy na Alemanha' para o Rafa e um Kamasutra para a Júlia. Para mim, encontrei um CD importado com uma seleção de Satie variada, com Pascal Roge ao piano. Depois, fomos assistir ao "Os Intocáveis" ("Les Intouchables", de 2011), de Eric Toledano e Olivier Nakache. Não vou comentar aqui o longa francês. Passarei, de imediato, às minhas impressões da peça "Mutter Courage und ihre Kinder", de Bertold Brecht, texto concebido em 1938, um ano antes do início da Segunda Grande Guerra, e ambientado durante a Guerra dos Trinta Anos, na Europa. Cheguei cedo ao Theatro São Pedro, porque eu teria de retirar o meu ingresso com a equipe do 'Porto Alegre em Cena', uma vez que o mesmo foi comprado pelo site do Ingresso Rápido. Cheguei cedo demais, antes de a equipe se instalar no saguão do TSP. Todavia, cheguei no momento em que os atores do grupo "Berliner Ensemble", fundado em Berlin por B. Brecht, em 1949, estavam ali, rindo e montando um pequeno espaço para a venda de posters, programas da peça e camisetas do grupo. Lá fui eu com o meu Alemão pré-básico. Cumprimentei-os e perguntei o preço das camisetas. Parei aí. Bloqueei! Minutos após, comecei a falar em Inglês e foi um papo muito bacana. Contei a eles que conheci Berlin em 2011 e os pontos que visitei, que estudava Alemão e que voltaria para lá em 2013. Um dos atores foi muito simpático, falou bastante em Berlin, perguntou-me se eu morava em Porto Alegre, trocamos e-mails e ele me deu uns materiais do grupo. Comprei uma camiseta preta do "Berliner Ensemble", com o slogan em vermelho. As filas foram se formando no saguão e eu tinha ingresso de camarote, na lateral direita do palco, no segundo andar; bem-localizado o assento. A peça iniciou-se com uns minutos de atraso, lá pelas 20h10, e eu sabia que haveria três horas de espetáculo pela frente, com um intervalo de 15 minutos. Primeiro ato, Mãe Coragem aparece no palco, empurrando seu carroção de toldo branco, ao lado de seus três filhos. Segundo ato, Mãe Coragem negocia com o cozinheiro do Comandante do regimento militar a venda de uma ave, uma galinha branca. Ouvia-se tudo em Alemão e a tradução em Português era projetada, simultaneamente, na parte superior do arco, acima do palco do TSP. Muito bom! Legendas perfeitas, sem erros morfossintáticos, tudo de alto nível! Foi assim:
In den Jahren 1625 und 1626 zieht Mutter Courage im tross der schwedischen heere durch Polen. Vor der festung Wallhof trifft sieihren sohn wieder. - Glücklicher verkauf eines Kapauns und grosse tage des kühnen sohnes.
Daneben die Küche. Kanondendonner. Der Koch streitet sich mit Mutter Courage, die einen Kapaun verkaufen will.
Meu professor de Alemão trouxe-me o texto de Brecht e o segundo ato para lermos juntos na aula da semana passada. É a cena em que Mãe Coragem tenta negociar a venda de uma galinha ao cozinheiro do comandante do QG. São protestantes lutando contra católicos, em pleno século XVII. Ouve-se, ao fundo, sons de bombardeio e de tiros de canhão. Eu esperava que o Berliner Ensemble desse um tratamento mais contemporâneo ao texto de Brecht, situando a batalha em um outro período histórico e, quiça, em outro país. Não foi o que ocorreu! A apresentação foi clássica e fidedigna ao texto original, não obstante alguns artifícios tecnológicos utilizados na cenografia. As cenas são, segundo o texto de Brecht (contribuição de Elstor Petry-Losereit, meu amigo de Hamburg, Alemanha, que muito tem contribuído com os meus comentários), as seguintes:
Meu professor de Alemão trouxe-me o texto de Brecht e o segundo ato para lermos juntos na aula da semana passada. É a cena em que Mãe Coragem tenta negociar a venda de uma galinha ao cozinheiro do comandante do QG. São protestantes lutando contra católicos, em pleno século XVII. Ouve-se, ao fundo, sons de bombardeio e de tiros de canhão. Eu esperava que o Berliner Ensemble desse um tratamento mais contemporâneo ao texto de Brecht, situando a batalha em um outro período histórico e, quiça, em outro país. Não foi o que ocorreu! A apresentação foi clássica e fidedigna ao texto original, não obstante alguns artifícios tecnológicos utilizados na cenografia. As cenas são, segundo o texto de Brecht (contribuição de Elstor Petry-Losereit, meu amigo de Hamburg, Alemanha, que muito tem contribuído com os meus comentários), as seguintes:
1a. Cena
Primavera em 1624 . Mae Coragem, sua carroca e seus tres filhos. Dois rapazes e uma menina moca, seguem um regimento. Sao detidos por um Oficial e seu Ajudante, eles querem contratar os rapazes como soldados para um proximo combate na Polonia. Mae Coragem nao está de acordo, entoa uma cancao e nela apresenta-se como negociante de grande perícia. Mostra seus documentos e conta que seus filhos foram gerados por homens diversos, durante sua jornada pelos países em guerra. O Oficial a distrae mostrando interesse na sua mercadoria, ela nao nota os sinais da filha que é muda. O Ajudante desaparece com seu filho mais velho chamado Eilif.
2a. Cena
Mae Coagem está negociando o preço de um frango com o cozinheiro do regimento e ouve o Comandante louvando seu filho Eilif que com perícia roubou gado dos camponeses. A mae assustada e preocupada, dá um tapa na cara do filho. O espectador paraleamente pode ver a cena na cozinha e na sala do Comandante.
3a. Cena
Passados tres anos, o segundo filho de M.C. Schweizerkas é Quartel-Mestre. Era assim o responsável pela caixa do regimento. M.C. encontra-se com Yvette Pottier a prostituta do regimento, que lhe conta de sua vida. (cancao da confraternizacao) Em seguida, o cozinheiro e o pároco-militar discutem sobre a situacao política. A conversa é interrompida por tiros e o som de tambores. Um ataque inimigo. No entrevero M.C. procura salvar seus filhos, esfrega cinza na cara da filha para esconder sua beleza. Pede ao filho jogar fora a caixa com o dinheiro, ajuda o pároco a se esconder. Às pressas tira a bandeira do regimento de sua carroca. O rapaz quer salvar a caixa com o dinheiro e é descoberto por soldados poloneses que o prendem e o torturam. O pároco entoa uma cancao “Paixao de Cristo” , visando ao sofrimento do pobre Schweizerkas. M. C. procura vender seus bens para poder regatar seu filho, mas a negociaçao é prolongada demais e o filho é executado. O morto é apresentado a M.C. que afirma nao conhece-lo para salvar sua própria vida.
4a. Cena
M.C. está indignada e quer pedir uma indenizacao pelos estragos que os soldados causaram em sua carroça à procura da caixa com o dinheiro do regimento. Ela canta a cancao da “Grande Capitulacao” para dar ênfase à profunda resignaçao dos dois partidos religiosos que de ambos os lados só perderam. O refrao da cançao: “o homem pensa: Deus guia” (der Mensch denkt: Gott lenkt) demonstra o distanciamento da religiao, da ideologia de guerra.
5a. Cena
Passaram-se dois anos. Neste tempo, M.C. e sua filha Kattrin cruzaram parte dos territórios da Polonia, da Baviera e da Italia. As duas fazem parada num vilarejo totalmente destruído. M.C. oferece cachaca aos poucos moradores que sobreviveram. Nisto aparece o pároco que pede tiras de linho, para fazer curativos nos feridos. De início M.C. se nega, mas finalmente entrega as tiras. Kattrin arriscando sua vida, salva um bebê de dentro de uma casa que está prestes a desabar.
6a. Cena
É 1632, a vivandeira e sua filha acampam às portas da cidade de Ingolstadt. Kattrin é mandada à cidade para comprar nova mercadoria. O pároco procura intimidade, mas M.C. se recusa. A jovem retorna das compras com um ferimento horrível no rosto,; foi assaltada, mas nao entregou a mercadoria. M.C. está decepcionada e perdeu a esperança de um dia poder casar a filha. Qual o homem que vai querer uma muda de rosto desfigurado? E amaldiçoa a guerra.
7a. Cena
A antítese do final da sexta cena segue imediatamente com o início da setima cena. Com a frase: Eu nao deixo que vocês me ponham bicho na guerra (ich lass mir von euch den Krieg nicht madig machen) M.C. está satisfeita com a relativa riqueza angariada, graças à guerra. Entoa uma cançao que conta de sua vida como vivandeira. E seguem de um lugar ao outro com o regimento; junto na carroça também vai o pároco.
8a. Cena
O rei da Suécia, Gustavo Adolfo, é ferido no campo de batalha e morre. Ao longe ouve-sem os sinos. Em seguida espalha-se a notícia da paz. O pároco novamente veste sua batina. M.C. em conversa com o cozinheiro do regimento conta que agora está completamente arruinada, pois o pároco a tinha convencido de comprar mercadoria em demasia que agora no tempo de paz perderam seu valor. O pároco briga com o cozinheiro, pois tem medo de perder a companhia da vivandeira que tinha lhe proporcionado uma boa vida. Ela amaldiçoa a paz. Yvette que há cinco anos é viúva de um oficial, transformou-se numa matrona; acompanha M.C. à cidade onde querem vender às pressas a mercadoria antes que esteja totalmente desvalorizada.
Durante a ausencia de M.C., soldados chegam com Eilif, que recebeu uma última oportunidade de se despedir de sua mae. Ele tinha continuado a assaltar e a matar, afirmando que nao sabia que era tempo de paz. Ele é executado antes da mae retornar ao acampamento. Ela nao vendeu sua mercadoria, pois na cidade soube que em breve a guerra continuaria. O cozinheiro nao lhe contou da execucao do filho. Segue a viagem com ela, no lugar do pároco.
9a. Cena
É outono de 1634 e a guerra já dura dezesseis anos; os Estados alemaes perderam a metade de sua populaçao e estao completamente devastados. M.C. junto com a filha e o cozinheiro mendigam para poder sobreviver. O cozinheiro soube que sua mae foi vítima da colera e que tinha herdado uma pequena bodega. Ele que está cansado desta vida inquieta anima M.C. a ir junto com ele. Ela de início está entusiasmada, mas quando soube que deveria ir só, sem a filha, resoluta coloca-a junto com as tralhas na carroça e segue viagem sem o cozinheiro. A carroça , a filha e a guerra sao sua vida.
10a. Cena
M.C. continua seguindo o regimento. Os soldados estao desmoralizados, emagrecidos, o que sobrou dos uniformes sao apenas farrapos. Passam por um casebre, de dentro ouvem uma voz cantando, louvando a segurança e a felicidade de ter um telhado sobra a cabeça. Mae e filha param, ouvem a cancao até o fim e seguem em silencio.
11a. Cena
Janeiro de 1636, M.C. acampa na cercania de Halle, no patio de um camponês. Ela afasta-se do lugar à procura de mercadoria. Um oficial e dois soldados das tropas imperiais invadem a propriedade e querem obrigar o camponês a dizer onde podem entrar na cidade despercebidos. Kattrin ouve as ameacas, sente o perigo, agarra um tambor, sobe no telhado da casa e o bate com veemencia. Os soldados tentam impedir a jovem, mas sem exito; um dos soldados atira e a fere mortalmente. A valente açao de Kattrin custou-lhe a vida, mas os habitantes da cidade alertados puderam se salvar.
12a. Cena
Na manha seguinte, M.C. volta com as mercadorias que conseguiu. Encontra a filha e custa a acreditar que ela está morta. O camponês recebe uma quantia de dinheiro para sepultar o corpo de Kattrin. M.C. segue só, em sua carroça, junta-se às tropas suecas. Canta a terceira estrofe da cancao da 1a. cena, na esperança de que, pelo menos, Eilif vivo.
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