domingo, 30 de junho de 2013

CINEMA EM PORTO ALEGRE: 'O GRANDE GATSBY' E 'CÉSAR DEVE MORRER'!

                               (Ultrapassando os 23 mil acessos ao blog com este post!)

Assisti a dois dos títulos que estão em cartaz em Porto Alegre neste início de julho: "O Grande Gatsby", produção australiana de Baz Luhmann, com Leonardo DiCaprio, Tobey Maguire (Homem Aranha) e Carey Mulligan (Drive e Shame); e ao "César deve morrer", dos irmãos Taviani, vencedor do Urso de Ouro no Festival de Berlim 2012. A rigor, assisti ao primeiro, quando foi lançado em Porto Alegre; o segundo, o assisti no Rio de Janeiro no dia 7 de abril. Quase três meses depois, ele está em cartaz, finalmente, em Porto Alegre. O que me encanta nesses filmes são os textos literários que serviram de base para seus roteiros. O primeiro, "The Great Gatsby", de F. Scott Fitzgerald, foi publicado somente em 1925, inspira o roteiro assinado pelo próprio Baz Luhmman, cuja narrativa dá-se em 1922, em NY e em Long Island. Li esse livro quando eu era menina. Não é o melhor texto de Fitzgerald, mas eu o li. Não obstante a crítica veemente ao american way of live da época, à Primeira Guerra, ao consumo  ilegal de bebida no país e à formação das gangues e máfias nos EUA, há uma crítica que me atraiu muito mais, em relação ao materialismo exacerbado de seus personagens. Esse é um texto que, do início ao final, desfila uma espécie de desregramento da moral de seus comparsas e desvela um universo materialista sem predecentes na literatura do século XX. As festas orquestradas pelo personagem encarnado por Leonardo DiCaprio, Jay Gatsby, são incomparáveis no cinema. A produção desse longa é muito rica! Não consigo admirar o performance de DiCaprio, embora eu me esforce. Prefiro a versão de 1974 desse livro para o cinema, das quatro que existem, com Robert Redford como Jay Gatsby. Mia Farrow é Daysi Buchanan. Há outros textos de Fitzgerald transpostos para o cinema: lembro-me do "Suave é a noite", de 1962; "O último magnata" (1976), de Elias Kazan; e "O curioso caso de Benjamim Button" (2008), de David Fincher. Adoro esse diretor, mas detesto o Brad Pitt, que interpretou o Benjamin Button nessa versão.Vocês têm de conferir "O Grande Gatsby", porque é, de verdade, uma grande produção. Impressionante o que essa versão australiana trouxe de saldo positivo para o espetáculo da visão e da audição. Para os fãs de jazz, do bebop em especial, é uma delícia! Quanto ao segundo longa, o último dos Taviani, sem maiores delongas: é espetacular! Primeiro, porque é dos Taviani e arrebatou o grande prêmio do festival que mais aprecio, o Berlinale de 2012 (estive lá em 2011). Depois, pelo fato de que seu roteiro, assinado pelo próprios diretores, é baseado na tragédia "Júlio César", de Shakespeare, a terceira delas que eu mais amo (antes dessa, por ordem de admiração, "Hamlet" e "Macbeth", respectivamente). A grande inovação é que a peça de Shakespeare é encenada por presidiários, em um presídio de segurança máxima, próximo a Roma. É magistral o modo como a Arte vai tocando cada um dos apenados, durante os meses de ensaio, e na noite de estreia, nas dependências do presídio. Esse filme italiano tem de ser visto, se tu tens Amor à Arte! Abraço!

segunda-feira, 24 de junho de 2013

SOBRE A ÓPERA DE BENJAMIN BRITTEN, 'A VOLTA DO PARAFUSO", DE 1954

Benjamin Britten, considerado o maior compositor britânico no gênero ópera, desde Purcell (1658-1695), recebeu uma encomenda de transformar o livro de Henry James (americano naturalizado inglês, nascido em 1843; falecido em 1916), "A volta do Parafuso" (The Turn of the Screw) em uma ópera. Britten a conhecia desde a década de 30 e  foi um empreendimento arriscado a transposição de uma narrativa desse tipo para o tal gênero. O compositor britânico recebeu o libreto (assinado por Myfanwy Piper, esposa de John Piper, amigo de Britten) e, em poucos meses, a composição da ópera estava pronta! Fez o maior sucesso de público e crítica! Eu li o livro de James quando menina. Ele é cheio de suspense e se passa no meio rural inglês. Até o reli novamente para assistir à ópera de Britten no Theatro São Pedro, de SP, na noite de sábado, dia 22 de junho. O espetáculo teve como regente Steven Mercúrio, Livia Sabag como diretora cênica, Nicolás Boni na cenografia, Luísa Kurtz, como soprano, Céline Imbert, como soprano também, Luciano Bueno, mezzo-soprano, Juremir Vieira, tenor, e as crianças Valentina Safatle, Gabriel Lima, Ivan Marinho e Mariana Silveira. No Estadão de sábado, dia 22, no 'Caderno 2", saiu um comentário crítico sobre a montagem, em sua terceira noite de récita no TSP, assinado por João Luís Sampaio, que a avaliava como ótima! A sinopse da ópera é a seguinte: o prólogo nos conta a história de uma jovem que aceitou ser governanta de um casal de crianças órfãs, contratada por seu único parente e preceptor. Como elas moravam no campo e o preceptor vivia em Londres, ele não tinha tempo para cuidar delas, nem tampouco interesse. Após, há dois atos na ópera, de duas horas ao todo, separados por um intervalo de 15 minutos. No primeiro ato, as crianças são pequenas ainda. No segundo, elas são adolescentes. Há fantasmas que se expressam e cenários múltiplos se justapondo no palco, sempre veiculando uma atmosfera fantasmagórica, difusa  e escura, além do recurso do gelo seco, entremeando as cenas. Eu apreciei muito! Amo óperas e faz pouco que venho prestigiando algumas montagens. A próxima será em agosto, no Teatro Municipal do RJ, "Tristão e Isolda", de R. Wagner, por ocasião de seus 200 anos de nascimento. Abaixo, uma foto do saguão principal do Theatro São Pedro, na Barra Funda, em SP (Rua Albuquerque Lins, 207). Valeu! (abaixo há outros posts sobre bares, cafés e um concerto em SP).

CAFÉS E BARES EM SÃO PAULO

O café "Santo Grão", na Oscar Freire, em SP, é um charme! Há nele, inclusive, um centro de pesquisas em café, no segundo andar do prédio. O cardápio é variado e repleto de cafés aromatizados, para quem aprecia. Débora Rocha e  Frederico Barreto, ambos naturais de Santa Cruz do Sul, agora vivendo em SP, chegaram mais cedo ao pub All Black, também na Oscar Freire, quase esquina com a Pamplona, na rua mais cara dos Jardins. Garantindo uma mesa para quatro, já abri os serviços com um pint de Guiness, neste irish pub caro e efervescente na cena paulistana. Um pouco mais tarde, apareceu o Leo Gonçalves com presentinhos para mim. De lambuja, ainda nos ofertou a récita de dois poemas de amor, de sua lavra. Levei seu último livro publicado ("Use o assento para flutuar", da Editora Patuá, de SP, 2013), comprado pela WEB, para que ele escrevesse uma dedicatória para mim: eis que um novo poema surge em poucas linhas escritas de próprio punho. Após às 23h, a banda da casa (a Monk) começou a tocar canções de bandas britânicas, especialmente, as expoentes do Indy Rock, como The Strokes, Franz Ferdinand e Artic Monkeys, que eu adoro! Ficamos lá até umas 2h de sábado e, depois, eu e o Leo caímos para o bas-fond da Augusta, claro! Na foto abaixo, Débora e Fred. A seguir, o poeta e tradutor mineiro, que vive em SP, Leo Gonçalves (ambas no All Black irish pub):



No sábado, às 14h30, eu e a Priscila von Dietrich - também natural de Santa Cruz do Sul, mas recentemente chegada de Hamburg, onde viveu durante três anos -, almoçamos juntas no café da Pinacoteca do Estado de SP. A seguir, uma fotinha minha e da Pri em um almoço ao ar livre, ao lado das árvores do Parque da Luz:
No sábado, encontrei-me com a atriz Alessandra Dörr, natural de Venâncio Aires, e seu namorado Cauã (de Santa Maria), violonista concertista, ela preparando-se para a seleção ao doutorado em Artes Dramáticas da USP; ele, para o Mestrado em Performance/Música da USP. Fomos os três, no sábado à noite, após o concerto e a ópera a que assisti, ao Lil Square, um barzinho muito maneiro na Alameda Lorena, nos Jardins, e ali ficamos bebendo e conversando, ao ar livre, com uma lua-cheia de cúmplice,  horas antes de eu retornar de imediato para o Sul. Que casal inteligente e simpático, meus novos amigos. Aí vai uma foto de registro da dupla de artistas:
Recomendo: All Black (Oscar Freire, 163 - Tel. 11.30887990)  Santo Grão Café (Oscar Freire, 413 - Tel. 11.3062.9294) Lil Square Bar (Alameda Lorena, 672 - Tel 11.25926664). Café da Pinacoteca de SP (Estação de Metrô Estação da Luz, ao lado do Parque da Luz). No próximo post, acima deste, comentarei a ópera de Benjamin Britten, "A volta do Parafuso" (The Turn of the Screw), a que assisti no sábado à noite, dia 22 de junho, no Theatro São Pedro de SP. Aguardem!

BARES, MÚSICA ERUDITA E ÓPERA EM SÃO PAULO

Não pude estar em São Paulo na metade de junho para ouvir o grande pianista britânico Paul Lewis interpretando Brahms e, no dia 16, as três últimas sonatas de Schubert, sob a regência do maestro Frank Shipway, mas estive na mesma Sala São Paulo com um amigo querido, o Stefano Demari, que vive há seis meses em SP, no sábado à tarde, dia 22, e pude, então, conferir o trabalho do maestro citado. Ouvimos, na ocasião, um outro programa, Abertura Rosamunde, D 644, e D 797 (música para balé), de F. Schubert. Após o intervalo, Sinfonia Doméstica, Opus 53, de R. Strauss. Conhecia bem a primeira, mas não a tinha ouvido em uma audição. Tomamos um café antes do concerto, compramos CDs na bela loja da Sala São Paulo e fizemos várias fotos da ex-Estação Júlio Prestes. Aí vai uma foto do espaço interno da Sala São Paulo e outra na companhia do Stéfano:


Observe-se a acústica do auditório, com encaixes em madeira, que podem ser removidos ou deslocados. Impressionante! Ao final do concerto, Shipway foi simplesmente ovacionado pelo público! O Stefano comprou um CD para sua namorada francesa com as duas últimas sinfonias que a OSESP gravou de Villa-Lobos, a 4ª e a 5ª. Eu comprei um CD importado, do selo Deutsche Grammophon, de Maria João Pires, a competente pianista portuguesa, que interpreta nesse último CD duas sonatas de Schubert, a D 845 e a D 960. Essa última foi composta em 1828, quase no final da vida de Schubert, trilha sonora de meus comentários neste momento (00h16 de segunda-feira, dia 24 de junho. Continuarei em outro post, sobre a ópera a que assisti no Theatro São Pedro de São Paulo, na Barra Funda, pela passagem dos 100 anos de nascimento do compositor britânico, Benjamin Britten, "The Turn of the Screw"). Até mais!

quinta-feira, 20 de junho de 2013

SOBRE AS MANIFESTAÇÕES NO BRASIL, SEGUNDO A IMPRENSA EUROPEIA

(Meu blog ultrapassou os 22 mil acessos. Agradeço imensamente aos meus amigos, alunos e ex-alunos, além do público em geral, que também me prestigia!)

Desde a terça-feira, tenho acompanhado as postagens de reportagens de jornais diários da imprensa europeia, especialmente a alemã, procurando compreender a diferença de enfoque de seu jornalismo, em detrimento do nacional. É discrepante o que li ontem, na companhia de meu professor de Alemão, acerca das manifestações ocorridas em algumas capitais brasileiras, na noite de 17 de junho de 2013. Lembro-me de, no ano passado, nas inúmeras vezes em que madrilenhos saíram às ruas, ter lido em algum periódico uma análise que comentava a estranheza que havia em relação ao Brasil - signatário de uma corrupção ativa e passiva emblemática, além de ser o protagonista de uma distribuição de renda drasticamente desigual -, por não mobilizar seus cidadãos a irem às ruas e protestar. A apatia, que sempre observei entre meus alunos universitários jovens, além da falta de informação e de leitura de mais envergadura, parece que começou a se pulverizar! A Deutsch Welle não comentou a questão do aumento das tarifas em sua cobertura. Destacou a brutalidade da Polícia em SP na noite de 17 de junho e questionou as cinco divisões policiais que o Brasil possui, através das corporações das polícias federal, militar, civil, rodoviária federal e estadual, somadas à Força Nacional de Segurança. Isso tem de ser analisado por nossos cientistas sociais e jornalistas de profundidade. O Bild também não comentou o aumento das passagens do transporte público, mas sinalizou com ironia e aspas duplas que a presidente Dilma estaria "orgulhosa" (stolz) com as manifestações. No Der Spiegel, a ira dos manifestantes em relação ao valor dos estádios, e ao possível superfaturamento que os implica, pareceu ser "um bom motivo" para protestarem! O Die Welt enfatizou que as manifestações deram-se contra a má administração pública e o aumento do custo de vida. Sequer deram espaço à questão tarifária do transporte público em SP e RJ. Para terminar, no El País, da Espanha, ressaltou-se o elogio que a presidente Dilma fez à "força" dos manifestantes, com aspas duplas e uma ambiguidade inconteste depositada ali. A imprensa nacional tem de mudar - e radicalmente. Não suportamos mais a parcialidade, o ufanismo e a subserviência de nossos repórteres e jornalistas na cobertura de eventos tão relevantes para a nação brasileira, que consagram a capacidade de articulação da organização civil e sua tomada de posição. Assim, espero que algumas pessoas articuladas, junto aos cidadãos insatisfeitos, construam no país uma rede de "jornalismo da multidão" (Indymedia), aos moldes do que há na Europa, para que os eventos sejam narrados por seus protagonistas, bem longe dos profissionais do mainstream.

domingo, 2 de junho de 2013

UM POEMA DO ALEMÃO STEFAN GEORGE

(Em 5 de dezembro, o mundo literário lembrar-se-á do aniversário de 70 anos de morte de Stefan George (1868-1933). Deixo postado em meu blog o poema 'Der Teppich', traduzido por Maria José Campos para o Suplemento, edição de mar./abr. 2013, da Secretaria de Estado da Cultura de Minas Gerais, circulando bravamente há mais de 25 anos pelo país).

DER TEPPICH

Hier Schlingen menschen mit gewächsen tieren
Sich fremd zum bund umrahmt von seidner franze
Und blause sicheln weisse sterne zieren
Und queren sie in dem erstarrten tanze

Und kahle linien ziehn in reich-gestickten
Und teill um teil wirr und gegenwendig
Und keiner ahnt das rätsel der verstrickten.
Da eines abends wird das werk lebendig

Da regen schauernd sich die toten äste
Die wesen engvon strich und kreis ums pannet
Und treten klar vor die geknüpften quäste
Die lösung bringend übeer die ihr sannet!

Sie ist nach willen nicht: ist nicht für jede
Gewohne stunde: ist kein schatz der gilde.
Sie wird den vielen nie und die durch rede
Sie wird den seltenen selten in gebilde.

O TAPETE

Aqui, homens se entrelaçam com animais em relevo
E se deixam estranhamente envolver em sedosa moldura
E luas crescentes azuis ornamentam estrelas brancas
Cruzando-as em entorpecida dança.

E tênues linhas se alongam em ricos bordados
E cada parte se mistura e se encaracola à outra
E ninguém pressente o enigma aí enredado
E eis que uma noite a obra se torna viva.

Ali despertam trêmulas as hastes adormecidas
Os seres estreitamente envolvidos por círculos e linhas
E avançam claramente até os nodosos tufos de fios
E no desenlace a obra carrega a sua vingança!

Ela não está à vontade: nem em cada
Hora familiar: ela não é nenhum tesouro guardado
Ela não se dá jamais aos outros, muito menos em palavras
ela se forma para que seres excepcionais a cultivem.





sábado, 1 de junho de 2013

CHRIS CORNELL EM PORTO ALEGRE, EM 17 DE JUNHO

O vocalista Chris Cornell estará em Porto Alegre, agora no Teatro do Bourbon, em um show intimista, acústico e solo, na noite de 17 de junho (segunda-feira) em Porto Alegre. Para os fanáticos por um bom rock, como eu, Cornell representa a tendência musical intitulada grunge, que marcou a cena musical mundial no início dos 90 (integrante da Soundgarden e mentor da Audioslave e da Temple of the Dog). Kurt Cobain (do Nirvana) e Layne Staley (do Alice in Chains) já não estão mais presentes nesta existência, mas Cornell continua produtivo e arregimentando fãs, assim como o meu querido Eddie Vedder (do Pearl Jam, banda eu amo!). Com os absurdos valores dos ingressos para este show (com desconto, eu pagaria módicos R$ 450,00), a experiência poderá ser decepcionante para os fãs de carteirinha. Cornell, já livre do álcool e das drogas, terá cacife para se comunicar com a plateia nos interstícios de  composições próprias, originariamente 'pesadas', mais os covers, transpostos para a guitarra/violão, garantindo fluidez e lirismo ao espetáculo por duas horas? Não acredito nisso! Vou aguardar os meus bros (Cristiano Silva, Romenigue, Dani e Rona Knackme contarem como foi a parada! Boa sorte!

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