Ontem, não fui ao show do Paul McCartney... Recebi dois torpedos de amigas que estavam no Beira-Rio e avisavam-me do momento exato em que ele entrou no palco.
Nunca gostei do Paul, mas amava o John. A relação entre um e outro me lembra um pouco a de Raul Seixas e Paulo Coelho. O que ficou vivo enriqueceu, fez fama e seguiu arrebatando multidões, cada um em seu segmento.
Toquei uma canção dos Beatles, pela primeira vez, em meu pequeno violão, aos sete anos de idade: “Yellow Submarine”. Até os meus alunos, do alto de seus vinte e poucos anos, conhecem-na. Que poder tem a música!
Se parte da renda do show fosse benemerente, já seriam alguns milhares de reais destinados a alguma nobre causa. Se o show fosse de um ativista de direitos humanos ou de um militante de alguma entidade ecológica relevante, certamente, eu teria pensado em me agilizar para comprar o ingresso.
Ver e ouvir Paul McCartney, no meu entendimento, hoje, 2010, seria pura veleidade, uma vez que sua música continua presa no tempo, não se atualizou e faz menção direta à veia poética e incomparável de John Lennon, que teria completado 70 anos no mês que passou.
O déficit no Reino Unido alcançou uma situação tão feroz, que uma turnê desta envergadura faz sentido para um britânico; todavia o valor do ingresso que a galera jovem pagou é um nonsense exagerado, porque, certamente, nunca comprou livros no valor aproximado de um único ingresso.
Ser brasileiro é viver, a cada dia, as contradições que a mídia escancara. É também cultivar uma boa saúde para suportar as mazelas e os imprevistos que o cenário nacional nos impõe.
Lembrei-me da canção “End of The End” para encerrar a minha crônica e usar o argumento da galerinha que foi ao show: esta talvez seja a última oportunidade para os brasileiros... Nós, em geral, ficamos com a última oportunidade...
Adorei, adorei este texto!
ResponderExcluir