(hoje meu blog completou dez mil acessos aos meus textos postados!)
Os homens de bronze de Gormley estão no RJ!!! Hoje, o "O Globo" publicou uma reportagem sobre a silhueta de um homem nu no topo do Edifício Cândido Mendes, defronte ao Centro Cultural Banco do Brasil, do RJ, onde a exposição, que visitei em maio em SP (confira meu comentário crítico neste blog, com quase 300 acessos), entrará aqui em cartaz em dez dias. O homem nu faz parte de uma instalação intitulada "Event Horizon", que também colocará no chão e em arranha-céus da Cidade Maravilhosa 30 homens no total, em tamanho natural e em plástico. Marcello Dantas, curador da exposição de Gormley no CCBB do RJ, já avisou o Corpo de Bombeiros do RJ, e outras divisões, que as chamadas recebidas sobre supostos 'suicidas' em prédios, no entorno do CCBB, fazem parte da estratégia de Gormley de surpreender a população - e a reação ocorreu em todas as grandes cidades do mundo pela qual a exposição "Sttil Being - Corpos Presentes" foi exibida! Também estive, pela segunda vez, visitando as peças e telas de Giacometti, agora expostas por sua fundação no Museu de Arte Moderna - MAM, no Aterro do Flamengo, do RJ. Há alguns anos eu não visitava o MAM. A última vez foi por ocasião de uma mostra das instalações de Hélio Oiticica, os Parangolés. As esculturas de Giacometti ficaram divinas nos amplos espaços das salas do MAM e uma emoção estética distinta invadiu-me quando cheguei lá, bem maior que a emoção que senti dentro da Pinacoteca do Estado de SP, em maio. Esta itinerância de grandes exposições entre SP e RJ é um alívio e um bálsamo para quem aprecia Arte, porque não podendo visitá-las em uma capital, pode-se, na outra. Na quinta à noite, fui ao teatro na companhia amorosa de minha amiga gaúcha, Daniele Horta, a Dany, que há alguns meses decidiu viver no RJ (decisão muito acertada e apoiada por mim!). Assistimos ao espetáculo "O Outro Van Gogh", com direção de Paulo de Moraes, um monólogo, a rigor, interpretado por Fernando Eiras, no auge de sua carreira teatral, que reproduz as cartas trocadas entre Theo e Vincent Van Gogh. Fiz a revisão dos originais dessas cartas, que saíram pela LePM, de Porto Alegre, há mais de 20 anos. Assim, eu tinha familiaridade com o tom e a atmosfera das missivas. Em um pequeno teatro do Botafogo, o Poeira, ao lado de outro, o Poeirinha, investimento de Marieta Severo e Andreia Beltrão, pudemos acompanhar 60 minutos de uma intensa interpretação dramática, com recursos interessantes, como a projeção de imagens no chão do espaço cênico - e não em uma tela ou na parede de fundo tradicionais! Muito legal! Por fim, tenho de comentar aqui mais dois longas, que entraram em cartaz ontem no circuito de cinemas do RJ - e que eu não poderia ir embora sem conferi-los: "O Moinho e a Cruz" ("The Mill and the Cross"), do polonês Lech Majewski, com base em uma tela de Pieter Brughel, o Velho ("Ascent to Calvary - 'Ascensão ao Calvário', de 1564, que se encontra no Kunthistorisches Museum in Vienna); e "Aqui é o meu lugar", do diretor italiano Paolo Sorrentino, inspirado no lay-out de Robert Smith, do 'The Cure', e com a trilha concebida por, nada mais, nada menos, que David Byrne, ex-Talking Heads e grande produtor musical. O primeiro, de menos de 90 minutos, é um legítimo passeio por uma seção museológica de telas flamengas. O filme é impressionante na reprodução da atmosfera do século XVI, das cores, da imagética, das texturas dos figurinos e da granulação das paisagens, sobretudo, da moral católica espanhola tiranicamente imposta a Flandres - e a outras cidades dos Países Baixos. A violência contra a população de uma aldeia flamenga contrasta com a beleza da Natureza, dos perfis humanos, da luta pela sobrevivência no meio rural e da plasticidade que o personagem de Hutger Hauer, na pele do pintor Pieter Brughel, o Velho (imortalizado como o caçador de 'replicantes', no filme "Blade Runner", de Ridley Scott, da década de 80) dá às suas leituras estéticas do cotidiano de sua aldeia, de seu folclore, dos movimentos das pás de um moinho e de uma passagem da via crucis, cenas flagradas pelo olhar atento de um grande pintor medieval. Há poucas falas no longa e algumas são de parte do narrador, mas, em meu ponto de vista, totalmente dispensáveis no espetáculo para os olhos e os ouvidos, que é "O Moinho e a Cruz"! Por fim, o quarto filme assistido na semana foi o "This Must be the Place" ("Aqui é o meu lugar"), título homônimo de uma canção dos Talking Heads, banda dos 80 que eu sempre apreciei e ainda a ouço, de vez em quando! O ex-cantor pop, protagonista do longa de Sorrentino, é o maravilhoso, na falta de um adjetivo mais adequado à sua interpretação, Sean Penn. Sem maiores comentários! Como não li nada antes de assisti-los, mas li duas críticas em casa, hoje à noite, no movies after, percebi que os comentadores revelam aos leitores o 'elemento surpresa' desse filme. Eu não o farei e, por isso, termino aqui o meu toque, que não se trata de um comentário. Assistam a esse longa, porque o roteiro, a interpretação de Sean Penn e, em especial, a música de Byrne - fora uma 'pontinha' que o mesmo faz no filme -, constituem uma apetitosa escolha para aqueles que apreciam o cinema de Arte, constatando suas intertextualidades com os trabalhos de Win Winders e dos irmãos Cohen!