Estou no Rio de Janeiro de férias!!!! É a terceira vez no ano que venho para cá, agora Cidade Patrimônio Universal da Humanidade, decretada pela UNESCO na semana retrasada! Belíssima cidade, mesmo no inverno, com céu nublado, mas temperatura elevada para a estação. Já fui ao cinema, claro, hoje à tarde! Selecionei em primeiro lugar o que mais eu desejava conferir: "Fausto" (2011), de Aleksandr Sokurov, o grande diretor russo, que arrebatou o Leão de Ouro no Festival de Veneza em 2011, mais conhecido no Brasil pelo longa "A arca russa". O "Fausto" é forte, sombrio e perturbador - falado em Alemão! Esse filme encerra a chamada tetralogia sobre a ilusão do poder, iniciada por Sokurov com "Moloch", de 1999, sobre Hitler; "Taurus", de 2000, sobre Lênin; e "O Sol", de 2005, sobre Hirohito, o imperador japonês envolvido no episódio da Segunda Grande Guerra. Tive a oportunidade de assistir em DVD aos primeiro e terceiro filmes da tetralogia. O segundo, sobre Lênin, não o encontrei ainda para compra. Conheço três versões do mito medieval de Fausto: O poema épico de Goethe, em duas partes; os monólogos que constituem o "Fausto", de Fernando Pessoa; e o romance "Dr. Fausto", de Thomas Mann, dedicado ao compositor dodecafônico Arnold Schoenberg. O que mais se afasta da essência do escrito anônimo de 1587, intitulado "Faust", é a obra de Pessoa. É interessante conhecer a natureza das versões literárias para compreender a construção do roteiro do filme de Sokurov, que se inspirou diretamente nos dois volumes de Goethe. O roteiro foi escrito por Aleksandr Sokurov, Marina Koreneva e Yuri Arabov. A trilha do longa foi assinada por Andrei Sigle, colaborador em outros longas de Sukorov. O perturbador dessa versão faústica é Mefistófeles ser transformado em um bizarro 'clown', não obstante nos remeter à versão expressionista de Murnau, datada da década de 20. Amanhã, dia 25 de julho, visitarei a exposição de ilustrações de Salvador Dalí para a "Divina Comédia", de Dante Alighieri, na Caixa Cultural; irei pela segunda vez visitar as telas e esculturas de Giacometti, agora instaladas no MAM, de Assis Chateaubriand; e, à noite, com ingresso já comprado, irei ao show de Paulinho Moska, feliz e bem-vinda casualidade nestes dias quentes de inverno em que me encontro na Cidade Maravilhosa! Acompanhem, amigos, os próximos posts. Abraço carinhoso!
O filme nos arrebata já nas cenas iniciais.
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ResponderExcluirRosana! Nao imaginava que era este “Fausto” que irias ver quando me escreveste. Vi o filme no início deste ano. É uma livre interpretacao de Sukorov da obra original de Goethe, muito bem sucedida. Nos diálogos entre Fausto e Mefitófoles, de vez em quando aparece um citado do original e estes sempre sao vivos e interessantes. O filme é exuberante e misterioso. Uma encenacao belissima os quadros lembram-me motivos da pintura européia do início do seculo XVII, das paisagens do inglês Turner e do alemao Caspar David Friedrich. Eu entendo este filme como homenagem ao “Fausto” de Murnau, filmado em 1926. É uma das obras primas do cinema mudo e do expressionismo alemao. Goethe com seu “Fausto” nao só inspirou compositores como Berlioz e Gounod, também escritores tal como Thomas Mann com seu “Dr. Fausto” e até mesmo Guimaraes Rosa com Grande Sertao: Veredas. É um tema que nunca perde sua atualidade. Se olharmos a nossa volta encontraremos Faustos, um mais patético que o outro, cada um com sua vocacao e possibilidades. É em momentos assim que lamento que a gente está tao distante. Seria muito interessante discutir pessoalmente contigo, pois sempre tens um outro ponto vista e também filosófico.
Um Grande abraco.
Este post acima é do Elstor, amigo querido de Hamburg, na Alemanha, e primo afetivo!
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