Fui passear hoje de manhã pela Praça Tiradentes, Gabinete Real Português de Leitura, Centro Cultural Hélio Oiticica e aproveitei para comer um 'pastel de Belém', um dos doces portugueses que mais aprecio, na Confeitaria Colombo, fundada em 1894. No início da semana, quando cheguei ao RJ, estive na confeitaria mais antiga da cidade, a Cavé, fundada em 1869, que teve à frente, até 1922, a família de Charles Cavé. À tarde, fui assistir ao sexto filme da semana carioca, uma maratona cinematográfica. Fiquei entre "Minha irmã" e "Além da liberdade", ambos em cartaz em Porto Alegre há duas semanas. Deixei-os para o fim e fiz um sorteio. Venceu o "Além da Liberdade", de Luc Besson. Fiquei, inicialmente, admirada pelo fato de ser o Besson o diretor de uma cinebiografia deste porte. Assisti, na década de 90, a cinco longas do diretor francês, como "Nikita, criada para matar", "Imensidão azul", "O quinto elemento", "Subway" e "Joana D'Arc", não sei se nesta ordem cronológica. Li sobre o filme e o enfoque que faz da ditadura sangrenta em Myanmar, ou Birmânia, que dura décadas, além de, em especial, destacar o papel importante da ativista Suu Kyi, que foi laureada com o Nobel da Paz em 1991, o que lhe rendeu visibilidade e proteção diante de sua condição de presa domiciliar pelo governo militar do país. Assisti com bastante atenção ao filme, mas não aguentei o tom excessivamente trágico da narrativa. Fiz parte da Anistia Internacional/Seção Brasil durante quase uma década, de 1991 a 2000. Portanto, acompanhei de perto, pela imprensa e pelos boletins da AI, a situação em Myanmar. Suu Kyi, personagem vivido pela atriz Michelle Yeoh (conhecida pelo longa "O Tigre e o Dragão", de 2000), no final dos 90 virara garota-propaganda dessa entidade internacional e o longa não revela esse fato, que foi determinante para que o governo militar afrouxasse em relação a algumas medidas concernentes ao partido que Kyi fundara com os líderes da resistência, à sua prisão domiciliar (que foi rigorosa durante os três primeiros anos) e às suas manifestações públicas no país. Em 2003, líderes da Anistia Internacional puderam entrar na Birmânia com visto oficial do governo militar e somente neste ano, em junho de 2012, Kyi pôde sair do país novamente, em viagem à Europa, cumprindo uma agenda iniciada em Genebra, na OIT, passando por Oslo, na sede do Prêmio Nobel, que, há 21 anos atrás, lhe outorgara o Nobel da Paz, sem condições de recebê-lo pessoalmente na época. Quem o fez foram seu marido e seus dois filhos, todos britânicos. Em Dublin, a Anistia Internacional concedeu-lhe um prêmio por sua luta pacifista em Myanmar, entregue pelas mãos de Bono Vox. Antes disso, em maio deste ano, ela assumiu, finalmente, uma cadeira no Parlamento birmanês. Em 2007, todos vimos fotos na imprensa e imagens nos noticiários da TV sobre a 'Revolução de Açafrão', iniciada por um monge, pelo término da violência no país, que acabou violentamente reprimida pelas forças militares. Assim, o que quero destacar é que não vi nesse filme os elementos políticos propriamente ditos das alianças que foram engendradas no país e que deram força à voz de Suu Kyi. Na verdade, o filme ilumina demasidamente a relação afetiva de Kyi com o marido escocês, docente da Universidade de Oxford na área de História do Tibet e da Birmânia, o que minimiza a força desta militante dos Direitos Humanos poderosa e invencível, hoje aos 66 anos. De qualquer modo, é válido conferi-lo para que se possa conhecer melhor os costumes e os aspectos dolorosos que colocaram esse país na mídia tantas vezes.
É isso! Encerrada a semana cultural no RJ! Agora, a volta ao trabalho conclama-me! Abraços a todos os meus amigos e leitores deste blog!
Nenhum comentário:
Postar um comentário