terça-feira, 24 de dezembro de 2013

OS MELHORES FILMES A QUE ASSISTI EM 2013


Minha lista dos melhores filmes a que assisti em 2013 no cinema, considerando que vivo no interior:


1. "Uma garrafa no mar de Gaza", de François Ozon (sobre os conflitos entre israelenses e palestinos);

2. "Dentro da Casa", de François Ozon (sobre literatura, verossimilhança e imaginação);

3. "Hannah Arendt", de Margarethe von Trotta (sobre o sentimento de 'idishkait', a judeidade, ou a falta dela, e o Nazismo); 

4. "Lore", de Cate Shortland (sobre a alienação dos alemães em relação à 'solução final', o Pós-Guerra e a divisão da Alemanha em setores dos aliados a partir da visão de uma adolescente germânica. Baseado no livro da inglesa Rachel Seiffertem, "The Dark Room");

5. "Berlin-7", de Ramtin Lavafipour (produção germânico-iraniana sobre os exilados de Bagdá em solo alemão);

6. "O som ao redor", do brasileiro Kléber Mendonça Filho, filmado no Recife, que eu amei, mas ficou fora da corrida ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro em 2014; 

7. "Tatuagem", do brasileiro Hilton Lacerda, ainda em cartaz em Porto Alegre;

8. "La Vie d'Adéle" ou "O Azul é a Cor mais Quente", grande vencedor da Palma de Ouro no Festival de Cannes, 2013,de Abdellatif Kachiche (baseado na HQ "Le Bleu est une Couleur Chaude");

9. "César deve morrer", dos irmãos Taviani (peça teatral ensaiada dentro de um presídio de segurança máxima, perto de Roma, com base no texto de Shakespeare "Júlio César". A Arte vai tocando a alma de cada um dos apenados. É lindo!)

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terça-feira, 17 de dezembro de 2013

RIO DE JANEIRO: EXPOSIÇÕES DE ARTE

(ultrapassando 29 mil visualizações do blog!)

Fui hoje à tarde ao MAM Rio, visitar a exposição de Frida Baranek e suas grandes esculturas. Há algumas que transgridem a própria lei da gravidade e que oferecem ao imaginário do espectador uma experiência com o Tempo. As fotos eu as descarregarei quando voltar para casa. Portanto, quem tiver interesse em acompanhar os registros e comentários, aguarde-os. Logo, depois, conferi a exposição para a qual fui ao MAM do RJ hoje, que é a retrospectiva de Antonio Manuel, que não expunha em uma individual institucional na cidade há 15 anos. Quem me recomendou essa exposição foi minha amiga Sandra Moscovich, de Porto Alegre. Antonio Manual tem instalações enormes, epifânicas, como buracos em grandes muros, instalados no terceiro andar do museu. Só um passeio pelas depedências do MAM já vale a pena, incluindo o restaurante, a cafeteria, a cinemateca e uma loja de design. Por fim, na entrada, no térreo, vi as telas a óleo de dois artistas checo-finlandeses, Oudrej Brody e Kristofer Paetau, que transformaram fotografias de vítimas de torturas na China em obra de arte. Eles conseguem expressar a grande contradição da China atual, que tem um PIB galopante, mas que não cresce na mesma proporção que o acesso a direitos humanos e sociais. O que eu apreciei mesmo, todavia, foi a exposição que estava sendo montada por uma equipe brasileira. Notei que havia vários alemães nas dependências do museu. Fiquei nop encalço deles. A exposição tinha acabado de chegar do MoMA, de NY, cujo curador é um cara que leio e sigo no Facebook há anos, o Hans Ulrich Obrist. Vi alguns vídeos, sem poder me aproximar da área, e algumas esculturas muito doidas, referidas às questões ambientais, que trucidam o planeta. Fiquem ligados para quem aprecia Arte. Até mais!

segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

RIO DE JANEIRO: EXPOSIÇÃO E LIVRARIAS

Estive hoje, na companhia de um amigo gaúcho que estuda em Niterói, na exposição da artista plástica japonesa Yayoi Kusama (1929 -  ), com curadoria de Tomie Otakhe, de SP, intitulada "Obsessão Infinita", pela primeira vez expondo no Brasil. Muito interessante o trabalho dela! Ela migrou para NY no pós-guerra, em 57, e fez parte da turma dos artistas da Pop Art e do Minimalismo. Seu trabalho é conhecido pelas bolinhas coloridas que pinta sobre as superfícies de seus modelos, instalações, pinturas e escultura. Vanguarda pura para a década de 60, em plena contracultura. Depois, seguimos até a livraria 'Leonardo da Vinci', da qual já sou freguesa há dois anos, e, por fim, fomos ao seb Berinjela'. Comprei uns livros e, no final da tarde, para não perder o constume, fui ao cinema em Botafogo. Conferi o último longa da François Ozon, "Jovem e Bela" (Jeune et Jolie, 2013), que aborda um dos graves problemas que a França vive: o da prostituição de menores. Amanhã, irei conferir duas exposições no MAM (Museu de Arte Moderna), no Flamengo, e à noite irei ao Rio Scenarium, na Lapa (Rua do Lavradio). Aguardem os próximos comentários! Abraço, amigos!

RIO DE JANEIRO: PROGRAMAS CULTURAIS

Estou no RJ há dois dias e hospedada na casa de minha irmã mais nova, em São Cristóvão, com direito à vista do porto e da Ponte Rio-Niterói, cartão do metrô e um celular Oi com ddd 021. Muito chique! Estive ontem com a minha família em Copacabana. Hoje, domingo, iniciei os passeios culturais. Fui checar os filmes em cartaz nas salas do Botafogo, comprei os jornais cariocas e paulistanos dominicais, tomei um belo café e, depois, lá pelas 14h30, fui conhecer a 'Casa Daro's, antigo educandário localizado no Botafogo, revitalizado e reformado por um grupo suíço, que comercializa arte latino-americana. O casarão conta com 147 anos. Maravilhoso o espaço, com 12 galerias, uma loja, um restaurante e uma charmosa cafeteria. Contarei mais sobre a Daros, junto a fotos, quando eu retornar à minha casa. Depois, fui ouvir uma audição de trechos da peça "Hamlet", de Shakespeare, na "Arena" do SESC, Copacabana, com Bárbara Heliodora, Thiago Lacerda e alguns jovens atores. Muito interessante! Bárbara Heliodora, uma senhora já idosa, esbanja vitalidade e humor! Ela é a grande tradutora de Shakespeare para o Português. Amanhã, voltarei a comentar minhas peripécias na Cidade Maravilhosa! Abraço a todos!

quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

LITERATURA, POESIA E PRÊMIOS LITERÁRIOS

Semana de boas notícias na literatura brasileira! Fiquei contente com a notícia de que a escritora gaúcha - e minha amiga pessoal-, Cintia Moscovich, de Porto Alegre, arrebatou mais um prêmio literário, o Prêmio Portugal Telecom de Literatura 2013, na categoria contos (50 mil reais). Na categoria poesia (50 mil reais), venceu o interessante poeta carioca, que eu aprecio bastante, Eucanaã Ferraz, que esteve em POA neste ano, no FestPoa. Fui ouvi-lo e junto a ele estava o meu adorado Antonio Cícero. Na categoria romance, José Luiz Passos, escritor pernambucano, foi agraciado com o grande prêmio, por seu romance "O sonâmbulo amador" (100 mil reais). A vez é dos pernambucanos, não tenho dúvidas! Após ter assistido ao magnífico longa, do diretor pernambucano Cléber Mendonça Filho, "O som ao redor" (2012), não tenho dúvidas de que algo significativo está rolando no Nordeste, especialmente no Pernambuco! Este ano foi um ano de efemérides, para aqueles que amam a Literatura! Há 30 anos, suicidou-se no Rio de Janeiro a poeta Ana Cristina César (29.10.83). Eu já a lia desde seu início de carreira e ontem mesmo encomendei o livro "Poética" (Companhia das Letras), com seus quatro livros publicados em vida e muitos poemas esparsos e inéditos, selecionados pelo poeta e amigo pessoal, Armando Freitas Filho. No dia 9 de novembro, foram os 60 anos de morte do poeta galês Dylan Thomas, cujos poemas também leio há muito tempo! Eu estava a preparar um artigo sobre a obra mais espiritualista de Aldous Huxley, mas não consegui terminar a tempo de publicar nos 50 anos de morte do mesmo, em 22 de novembro. Por fim, ontem, 4 de dezembro, os alemães letrados comemoraram os 70 anos de morte de Stefan George, poeta que inovou a poesia germânica. Escrevi sobre ele neste blog em junho deste ano. Deixo a vocês um de meus poemas prediletos da lavra de Ana Cristina César:

                           Tu queres sono: despede-te dos ruídos

Tu queres sono: despe-te dos ruídos, e
dos restos do dia, tira da tua boca
o punhal e o trânsito, sombras de
teus gritos, e roupas, choros, cordas e
também as faces que assomam sobre a
tua sonora forma de dar, e os outros corpos
que se deitam e se pisam, e as moscas
que sobrevoam o cadáver do teu pai, e a dor (não ouças)
que se prepara para carpir tua vigília, e os cantos que
esqueceram teus braços e tantos movimentos
que perdem teus silêncios, o os ventos altos
que não dormem, que te olham da janela
e em tua porta penetram como loucos
pois nada te abandona nem tu ao sono.

sábado, 30 de novembro de 2013

6º MISSISSIPI DELTA BLUES FESTIVAL, EM CAXIAS DO SUL

Fui, no final de semana passado, 23 e 24 de novembro, a Caxias do Sul. Meu querido ex-aluno da UNISC e amigo, Maurício Grassel, providenciou os ingressos para a noite final do Mississipi Delta Blues Festival, em sua sexta edição. Cheguei antes das 19h sozinha. Comprei uns souvenirs, tomei uma ceva gelada, peguei a cortesia do festival, fui ao Mississipi Delta Bar, mentor do festival, e flanei pelos vários palcos menores montados no complexo, além de aguardar um show internacional no palco maior. Antes de meus amigos de Caxias do Sul chegarem, encontrei um pessoal de Santa Cruz do Sul por lá e ouvi vários bluesmen. Estavam lá o famoso, e já idoso, James Wheeler (nascido na Georgia, em 1937), tocando com Bob Stroger, bluseiros americanos. Wheeler, abaixo, com seu terno amarelo e sua guita manhosa:


Depois, tive a oportunidade de ouvir a música do último pianista de blues vivo, já bem velhinho, Henry Gray (Louisiana, 1927), que encantou a todos, fazendo fotos com os jovens que o chamavam e autografando, antes de seu show no palco principal do festival. Deem uma checada nele:


Em um palco alternativo, ouvimos juntos, já com meus amigos, ao show da Blues Etílicos, do RJ, com Flávio Guimarães no vocal e na harmônica de boca. Já assisti a shows dessa banda inúmeras vezes em Porto Alegre, em Santa Cruz do Sul e no Rio de Janeiro duas vezes. Eles são cativantes e o Flávio é um bluseiro simpático e bala em  seu performance. Confiram os cariocas da Blues Etílicos abaixo
e uma foto minha com meus bros no festival:



Para encerrar a noite, assistimos juntos ao grande show de Eddy "The Chief" Clearwater (Mississipi, 1935), que entrou no palco com um cocar vermelho, fazendo composé com seu terno vermelho, e arrasou na guita canhota. Vejam abaixo:

No próximo ano, comprarei o passaporte para as três noites e farei uma imersão na cidade e no festival. Voilá!

domingo, 17 de novembro de 2013

WOOD ALLEN, DVDs E LEITURAS

Passei dois dias em Porto Alegre, quinta e sexta (14 e 15 de novembro), e aproveitei para assistir a dois longas. Fui conferir o último de Wood Allen, o 'Blue Jasmine' (2013), por conta de que fiquei decepcionada com os dois últimos a que assisti, com locações em Paris e Roma. Para quem apreciou o drama 'Match Point', como eu, Woody Allen iniciou bem sua lavra de tragédias, porque os dois anteriormente comentados foram fracos e tristes. A Kate Blanchet, estrela de 'Blue Jasmine', está espetacular, como uma viúva decadente, ex-esposa de um salafrário de NY. Prefiro suas comédias neurotizantes, cujo humor judaico deixou saudades em todos que curtem a sua cinematografia. Paciência! Depois, na tarde do feriado, quando um grande temporal ameaçava a capital, eu estava dentro da Sala 8 do Itaú, louca para assistir à produção alemã de 'Lore' (2012), da diretora Cate Shortland. Foram apenas 15 minutos de projeção e tudo foi cancelado nas oito salas Itaú. O mundo caía sobre Porto Alegre e foram mais de 30 minutos sem energia elétrica. Que frustração! Entrei em uma fila e fui reembolsada! Esse filme ficará para a próxima sexta, dia 22. No sábado, dia 23, irei com amigos ao festival de Blues de Caxias do Sul (com meu querido Maurício Grassel), que ocorre há anos no Mississipi Delta Bar. Haverá também outra edição do Festival de Jazz, em Canoas. Uma boa pedida para quem estará em Porto Alegre! Quanto a filmes em DVD, comprei dois Joseph Losey, "A vida de Galileu", montagem de Brecht transposta para a tela grande, produção de 1975, e mais "O assassinato de Trotsky", de 1972, com Richard Burton no papel do líder comunista. Maravilhosos os dois filmes de Losey, que foi aluno de Brecht, na Alemanha. Também comprei uma caixa da Versátil, com cinco clássicos do cineasta japonês Yasujiro Ozu (1903-1963) (dica de meu amigão cinéfilo, Fabiano Felten). Reassisti ao belo "Era uma vez em Tóquio" (1953), que também foi projetado na 37ª Mostra Internacional de Cinema de SP, na qual estive há três semanas, mas os ingressos estavam esgotados para a exibição do mesmo. Tenho mais quatro longas do Ozu para conferir, com paixão e cuidado. No âmbito das leituras literárias, para as quais tenho tão pouco tempo em final de semestre letivo, mesmo assim, consegui terminar de ler o "Projeto Lazarus", de Aleksandar Hemon, o grande homenageado da FLIP deste ano. Terminei também um livro que ganhei de minha filha, o "Flores raras e banalíssimas", de Carmen L. Oliveira, trazido da Bienal do Livro do RJ para mim. Como assisti ao filme homônimo, de Bruno Barreto, de 2012, foi importante ter lido o resultado da pesquisa de Carmen Oliveira. Depois disso, embebi-me nos poemas de Elizabeth Bishop e ofertei o volume à minha grande amiga que aniversariava, já há três décadas, parceira de viagens, filmes e teatro, a Lucy Demari. Por fim, comprei "A lebre com olhos de âmbar", de Edmund de Waal, que a querida Sandra Moscovich, leitora inveterada, me recomendou, e já estou saboreando o texto, que se reporta aos ascendentes de sua família no Império Austro-Húngaro, que tinha obsessão pela cultura nipônica, especialmente pelos famosos setsuquês. O livro que realmente me olha e me espera é o romance do berlinense, que esteve falando na Feira do Livro de Porto Alegre na terça, dia 12 de novembro, Robert Löhr. Seu "A manobra do rei dos elfos", foi publicado pela Record em 2011, mas eu ainda não tinha notícias da existência desse escritor. Mesmo em tempos difíceis de trabalho, por isso voltei para casa, não posso ficar sem um bom filme em DVD e um bom livro para degustar. Abraço a todos!

quarta-feira, 30 de outubro de 2013

CINEMA E ARTE EM SÃO PAULO

Oi,  amigos e leitores! Fui a São Paulo novamente no finde de 24 a 26 de outubro. Tive dois compromissos pessoais e nas noites de sexta e sábado assisti a quatro filmes, dois deles na programação da 37ª Mostra Internacional de Cinema de SP, sendo a primeira vez a que vou a esse festival (já estive no Berlinale, em Berlim, em fevereiro de 2011). Antes de comentar os filmes de SP, tenho de contar que assisti em Porto Alegre, no dia 14 de outubro, ao último longa de Marco Bellocchio, "A bela que dorme". O filme trata de eutanásia, a partir de um caso real, ocorrido em 2009, em que uma família recebeu a autorização da Justiça para desligar os aparelhos de uma jovem que há 17 anos vivia em estado vegetativo irreversível, após um acidente de carro. O Senado italiano estava prestes a votar uma lei que proibia a eutanásia, quando a família recebeu a decisão positiva da corte. O longa desvela os desmandos e pressões dos bastidores da política, os conflitos de ordem bioética que a religião impõe às pessoas e outros problemas implicados quando se vive um caso assim. Retornando a SP, assisti a dois filmes, no âmbito da mostra competitiva: um coreano, "Ansiedade" (2012), de Min Hwan-Ki, que discutia a relação de uma pequena cooperativa independente de jovens estilistas com o mercado (metade do público da sala de exibição se retirou do filme!). O segundo filme, "Berlim-7" (2013), produção germânico-iraniana de Ramtin Lavafipour, conta a história de uma família de iraquianos, que deixa Bagdá, em plena Guerra do Iraque, após a perda da mãe/esposa em uma explosão. A vida de refugiados, segregados em abrigos, que vivem na expectativa de receber autorização legal para permanecer no país, é a pedra-de-toque da trama do diretor muçulmano. Muito bom esse filme! Também pude assistir a dois filmes fora da Mostra de SP. O primeiro longa, "Os belos dias", de Marion Vernoux, com a grande atriz francesa da Nouvelle Vague, Fanny Ardant, fazendo uma personagem de 60 anos em um filme fraco. Entediada em seu dia a dia, vive um caso com seu professor de Informática em uma escola para a Terceira Idade, chamada "Os belos dias". O longa inicia-se com um bom ritmo e uma aura de erotismo apropriada a uma sexagenária de classe, mas descamba para a falta de profundidade nas relações interpessoais que as personagens encarnam, sobretudo no que diz respeito à sexualidade de homens e mulheres após os 60 anos. Por fim, assisti a um filme comercial, escolha determinada pela falta de possibilidade de encaixar os horários dos filmes da mostra: o thriller "Os Suspeitos" (Prisoners, 2013), do estreante canadense Denis Villeneuve. Esse nem vou comentar aqui! No campo da arte, fui visitar pela segunda vez (a primeira na Fundação Iberê Camargo  em março deste ano, em Porto Alegre) a exposição de William Kentridge, sul-africano de origem, que apresentou mais de 200 obras no espaço da Pinacoteca do Estado de SP. Kentridge é hoje um dos performers mais politizados do planeta, com uma obra diversificada que me lembra o mega artista chinês Ai Weiwei, claro, em menor porte. É isso, galera! Aguardem as próximas postagens e obrigada pela audiência!

quinta-feira, 17 de outubro de 2013

'GRAVIDADE', DE ALFONSO CUARÓN: FICÇÃO CIENTÍFICA DE ALTO NÍVEL

Assisti ao longa de Alfonso Cuarón, o "Gravidade" (Gravity, de 2013), uma coprodução dos EUA e Grã-Bretanha, que abriu o Festival de Veneza deste ano. Assisti-o no sábado, em 3D, no Iguatemi. O filme é do gênero 'ficção científica', dos genuínos mesmo, que se inicia já no espaço com a personagem de Sandra Bullock na pele de uma cientista, tentando resolver uma avaria em uma das sondas do Hubble. Como sempre faço, não li nada na imprensa, blogs ou sites especializados sobre esse filme, porque não aprecio ficar 'contaminada' por outras percepções e comentários críticos. Li a ficha técnica e achei curioso o fato de que o mexicano Cuarón, o Alfonso (não o Carlos, que também é conhecido na indústria), ter escrito o roteiro com um de seus três filhos. O cara tem 52 anos, o que significa que concebeu um roteiro a quatro mãos com um jovem iniciante. Somente nos primeiros 30 minutos, vê-se a personagem de Bullock contracenando com o comandante da expedição, um astronauta experiente e metido a galanteador, encarnado por Clooney. Uma boa parte dos planos-sequência é constituída de silêncios, visões de lixo aeroespacial orbitando a Terra, lindas imagens do planeta, de dia e de noite, raios solares dividindo a cena com os azuis dos mares e alguns satélites de outras nações, como Rússia e China... Para variar, os destroços que atingem as personagens são de um satélite russo, não poderia ser de outro país. Para quem ainda se lembra da Guerra Fria, essa cena foi um grande clichê, que, unido a outros, desqualifica a produção, mas não macula a embevecida estética de um espaço, que é sagrado e inóspito, simultaneamente. A procura de um modo de sobreviver no espaço, sozinha, sem condições adequadas, coloca a personagem de Bullock dentro de uma alegoria poderosa, considerando o fato de que ela é mulher, divorciada, amargurada, por ter perdido uma filha em um acidente escolar, solitária, porém competitiva,  no âmbito de um ramo do conhecimento ainda liderado por homens! Em 3D, os destroços que, constantemente, invadem a tela chegam a nossos corpos na plateia. Há alguns momentos de reações sensoriais da plateia. Não raras vezes, vi pessoas se mexerem para os lados, como se estivessem evitando de ser atingidas pelos objetos que giravam em grande velocidade! Há uma bela cena em que, no retorno a uma das cápsulas e em contato com o oxigênio novamente, a personagem de Bullock fica 'dançando' sem gravidade, em movimentos lentos vai tirando o traje espacial com ganas e, finalmente, fica seminua, em posição fetal. Ao fundo do quadro, os fios que a conectam à capsula parecem o cordão umbilical que, por sua vez, a conecta a algo maior, algo espiritual, que o filme tem a pretensão de apresentar e explorar, de modo epifânico. Não percam! Antes disso, a cientista é jogada em um spinning no espaço, em uma cena longa, que chega reações no espectador. Alfonso Cuarón dirigiu um dos quadros de 'Paris, Je t'aime' (2006) e também envolveu-se com um dos filmes da saga de Harry Potter, que não sei qual agora. Vai lá, assiste-o e comenta aqui no meu blog as tuas impressões. Abraço a todos!

segunda-feira, 7 de outubro de 2013

SOBRE A PRISÃO DE 30 TRIPULANTES DO RAINBOW WARRIOR, DO GREENPEACE (#Free The Artic 30)

Após muitas expedições pelo Ártico, os ativistas do Greenpeace (entre eles, há uma gaúcha de Porto Alegre, Ana Paula Maciel, de 31 anos, bióloga formada pela Ulbra e que se juntou ao grupo por força de um acaso, em 2006. Ela havia se inscrito para integrar o grupo em uma viagem à Amazônia. Quando uma das pessoas não compareceu, ela foi chamada e, desde então, já se passaram sete anos. Também visitei o barco do Greenpeace, quando o mesmo esteve atracado no porto da capital gaúcha. Eu já colaborava mensalmente com essa ONG à qual estive filiada por nove meses) desta vez foram presos pela marinha costeira russa. Retomando o episódio, todos os 28 ativistas estão presos, além de um jornalista e um fotógrafo russo. Há vários diplomatas, de vários países distintos, tentando reverter a sentença: 15 anos de pena por 'pirataria'. Os ativistas que escalaram a petroleira Gazpron foram debelados com jato de água e, no dia subsequente, todos foram presos a bordo do Rainbow Warrior. Algo mais violento até poderia ter ocorrido, mas não rolou. Na década de 80, não me recordo em que ano, o barco do Greenpeace foi incendiado e uma pessoa morreu na ação. O problema é que os russos querem petróleo da região do Ártico. Para perfurarem offshore é preciso remover os icebergs e derreter placas de gelo. Uma operação dessas pode desencadear um vazamento e desequilibrar o ecossistema do Ártico, o que resultaria em uma catástrofe ambiental. Fico chocada com esse tipo de resolução, de parte da Rússia. A Anistia Internacional e a WWF já interviram junto às autoridades. Efetivamente, os ativistas do Greenpeace ignoraram códigos internacionais, mas não são praticantes de 'pirataria'. Tendo em vista que o Putin já fez coisas meio doidas, além de mandar prender as meninas do grupo Pussy Riot, retiradas à força do altar da maior catedral cristã ortodoxa de Moscou, o que será que vem pela frente, uma vez que segue o seu mandato? Como resolver esse caso de natureza diplomática?

domingo, 29 de setembro de 2013

"HANNAH ARENDT" E A AMORALIDADE (PARTE II)



Há dois anos, venho refletindo sobre o descaso, a frieza, o oportunismo e a falta de moralidade dos seres humanos. Tenho observado um contínuo feixe de pequenas atitudes anti-éticas, em meu círculo pessoal e de trabalho, falas desconectadas de ações fundamentadas, além de pequenas mentiras, circulando, cada vez mais, pela órbita de minha rotina e das relações interpessoais.  Não tolero mais isso! Não tolero mais o abuso e o excesso de egoísmo das pessoas! Não tolero mais as 'mentirinhas', que, somadas, se transformam em uma realidade monstruosa e insuportável. Estou fadada ao infortúnio de ficar isolada nos anos que ainda me restam como docente e de estar mais solitária que antes, abdicando de companhias, que, a rigor, são rasas e destituídas de sentido. A falta de produção de sentido preocupa-me; mais ainda, a falta de ética na vida social e política. Recomendo o filme, sobretudo para os que não conhecem o trabalho de Hannah Arendt, que vivenciou e fotografou com rara sensibilidade a experiência totalitária do Terceiro Reich, na condição complicada de ser alemã e judia, simultaneamente. Faltou a Arendt aquilo que os sionistas definem por "Idishkait", a saber, a 'judeidade', se se pode usar esse neologismo aqui. Ela quase sucumbiu, quando o mundo a compreendeu mal, através de seus artigos publicados na imprensa norteamericana, mas, certamente, para quem conseguiu fugir do campo de Gurs, não lhe faltou coragem, um tipo de qualidade tão cara aos gregos, que entendiam a "eudaimonia" como uma associação de conhecimento e excelência, um 'composé' para o qual a sociedade contemporânea não tem sequer registro.

sábado, 28 de setembro de 2013

'HANNAH ARENDT', DE MARGARETHE VON TROTTA, BIOÉTICA E A AMORALIDADE (I)

Cheguei de viagem hoje, sábado, e fiquei em Porto Alegre para conferir, finalmente, o último longa de Margarethe von Trotta, o "Hannah Arendt" (com Elena Sukowa no papel principal e como co-roteirista Pamela Katz, uma jovem talentosa, de origem judaica, que, pela terceira vez, trabalhou com von Trotta). Quem me conhece sabe que sou da área da Filosofia há mais de 30 anos. Meus amigos íntimos também sabem que tenho uma relação ontológica com o judaísmo, uma vez que meus primeiros companheiros/vizinhos em Porto Alegre, vinda de São Paulo em 1975, eram de origem judaica, um detalhe que teve uma repercussão imensa em meu imaginário, cultura e  reflexões éticas. Talvez, por isso, eu não tenha estudado Alemão quando jovem (estudo apenas há dois anos). Até hoje, minha querida amiga judia, com quem tomei um café hoje, em uma feira da capital, conta-me de sua militância na Wizo, organização judaica feminina internacional, de suas atividades sionistas, de suas viagens a Israel e de suas leituras. Já são 19 anos de amizade e do saudoso trabalho conjunto que desenvolvemos, quando ambas trabalhávamos no Instituto Cultural Judaico Marc Chagall, que, lamentavelmente, deixou de existir no final dos anos 90. Não foi à toa que deixei para assistir ao filme sobre a filósofa alemã, de origem judaica, Hannah Arendt. Saí de um grande e importante congresso de Bioética/Bioética Clínica, na sexta, dia 27 de setembro. A Bioética, enquanto campo de estudo, surgiu justamente nos anos 70, após as atrocidades cometidas em nome da ciência, de parte dos nazis. Participei de um debate com filósofos, ex-colegas meus da UFRGS, que hoje estão espalhados por universidades privadas e públicas no Brasil, sobre a neuroética e o melhoramento cognitivo e moral da espécie humana. Um dos resultados desse debate foi que se a ciência não desenvolver pesquisas para o melhoramento cognitivo e moral da humanidade, o planeta sofrerá danos muito mais graves e irreversíveis, a partir de 2040. Retomando o longa alemão, filósofa e docente Hannah Arendt acompanhou de perto o julgamento de Eichmann, ocorrido em 1960, em Jerusalém. Ela esteve lá para cobrir o episódio, como enviada especial da revista 'New Yorker', de Nova York, onde residiu e lecionou por mais de 20 anos. Após muitos meses de reflexão, finalmente Arendt produziu cinco artigos para a tal revista, que os publicou com várias ressalvas e receios, pelo fato de que a filósofa não encontrou na pessoa e na atitude de Eichmann, então oficial da SS no Terceiro Reich, um perfil monstruoso e desumano, o qual ela fantasiara e pelo qual aguardara. Arendt concluiu que a experiência do genocídio da Segunda Grande Guerra permitiu-nos a revelação da natureza do Mal. Ela afirmara, então, que o Bem é profundo e radical, mas que o Mal pode ser banalizado, como ocorreu entre os oficiais nazistas que, paulatinamente, foram caçados e levados a longos julgamentos, pós-Nuremberg. Para Arendt, Eichmann era um 'burocrata', incapaz de pensar, que não produzia 'conhecimento', na medida em que as ordens de Hitler jamais eram questionadas por ele e seus subordinados. Em outras palavras, sua tese era a de que a consciência pessoal dos oficiais fora subtraída por um código de honra e instruções normativas, construindo uma face amoral nos alemães envolvidos diretamente com a 'solução final' (segue na parte acima deste post).

quinta-feira, 29 de agosto de 2013

CONCERTO, BALLET, ARTE, CINEMA E LIVRARIA CULTURA NO RIO DE JANEIRO

                     (alcançando hoje, dia 31 de agosto de 2013, 26 mil acessos ao blog!)

Oi, pessoal! Como prometido, aqui estou! Passei três dias no RJ, de 24 a 26 de agosto. Voltei para rever a minha família, mas, obviamente, com uma programação cultural já planejada com antecedência. Desta vez, minha amiga há 30 anos, a Lucy Demari,  foi comigo. O finde estava muito bom e, além de rever minha família, o filho da Lucy, o Stefano, também estava no RJ, passando o finde com sua namorada parisiense, a Coralie. Divertimo-nos todos juntos! Quanto ao programa cultural, no sábado à tarde, já tínhamos os ingressos comprados para o concerto de R. Wagner, Tristão e Isolda, no Theatro Municipal do RJ, com o regente da Orquestra Petrobras Sinfônica, Isaac Karabtchevsky. Na parte inicial do programa, Gun-Brit Barkmin, soprano alemã, fez as honras da casa no bicentenário de nascimento de Richard Wagner e Ano Alemanha no Brasil. Na segunda parte, ouvimos a abertura de Parsifal, A Cavalgada das Valquírias (que eu amo!) e a abertura de Tannhäuser. Wagner para ninguém mais reclamar! No domingo, também à tarde, já com os ingressos comprados, fomos ao ballet do próprio Theatro Municipal, que apresentou com maestria e beleza o Carmina Burana, de Carl Off, uma compilação de partituras musicais da Idade Média, escritas por monges alemães, com uma música não religiosa. Os textos, escritos em latim, falam de prazeres da carne e estão divididos em cinco partes. Foi algo espetacular!!! O Theatro estava lotado e o coro foi colocado no balcão superior, no nível em que estávamos sentadas, do qual se via todo o teatro, a orquestra no poço e o corpo de bailarinos no palco. Lindo! Minha amiga passou chorando...Tive uma fruição estética, porque esta é uma peça que admiro desde jovem, mas nunca a tinha  assistido com bailarinos, junto à orquestra e ao coro. O coreógrafo é um jovem argentino, Mauricio Wainrot. Os bailarinos, semi nus no palco, pareciam as bacantes e seus trajes em cores fortes e acetinados, vestindo saias com um corte 'balonê', davam aos corpos um movimento circular mítico. À noite, após a saída do ballet, fomos para o Botafogo Shopping, porque eu estava alucinada para assistir ao filme do Bruno Barreto, "Flores Raras". Ele já pode morrer com a certeza de que realizou uma pequena obra-prima. A atriz Glória Pires está divina em seu papel de amante homoafetiva. A trilha sonora e a fotografia são algo à parte. O roteiro todo foi pontuado pelos poemas da Elizabeth Bishop, que viveu por uns anos no Brasil e foi amante de Lota Macedo Soares (personagem da Glória), uma arquiteta bem-sucedida, que foi amiga de Carlos Lacerda e projetou aquele lindo parque no Aterro do Flamengo. Por fim, fomos visitar a exposição inusitada do artista chinês Cai Guo Qiang, que trabalhou com camponeses chineses para construir as engenhocas que o Centro Cultural Banco do Brasil pendurou no átrio do prédio e no salão de entrada. Para encerrar o passeio, conheci a Livraria Cultura do RJ, atrás da Cinelândia, a uma quadra do Theatro Municipal. Ela é gigantesca, com três andares e escadas rolantes. Vale a pena visitá-la! Não pude acompanhar os filmes do 6º Festival Internacional de Cinema sobre Deficiência, no CCBB, com curadoria de meus amigos gaúchos Fernando Costa, Lara e Graciela Pozzebon. Também não foi possível visitar a Casa Daros, por conta dos horários restritos. Ficará para a minha próxima ida, em dezembro. Abraço a todos!

domingo, 18 de agosto de 2013

RIO DE JANEIRO: ÓPERA, BALÉ, LIVRARIA E CASA DAROS NO PRÓXIMO FINAL DE SEMANA

Amigos e leitores de meu blog, estarei no RJ entre os dias 24 e 26 de agosto. Eu e uma grande amiga, a Lucy Demari, iremos ao "Tristão e Isolda", de Wagner, no Theatro Municipal do RJ, no sábado, 24 de agosto. À noitinha, iremos à Livraria Cultura do RJ, atrás da Cinelândia. No domingo, almoçarei com minha mãe e irmãs em Copa. Iremos conhecer a Casa Daros, no Botafogo, aberta ao público em março deste ano, e às 17h, voltaremos ao Theatro Municipal do RJ para ver o balé "Carmina Burana", de Carl Off. Aguardem meus comentários. Abraço a todos!

segunda-feira, 12 de agosto de 2013

FINAL DE SEMANA EM CURITIBA COM MEUS AMIGOS

Estive em Curitiba, na casa da Luci Bridi e do Rafa Engel, pela sétima vez, em seis anos. Estava show! Fomos a um outro bar, um que funciona 24h, algo que não existe em Porto Alegre, o Babilônia. Uma hora após, na noite de sábado, logo depois que eu cheguei na cidade, o Adriano Scandolara (Ade) e sua esposa Bianca chegaram para me rever. Comemos sushi e sashimi e bebemos chopp escuro. O Ade trouxe sua dissertação de mestrado ("Shelley e a renovação da linguagem morta: traduzindo 'Prometheus Unboud'") de presente para mim, com uma dedicatória introduzida no ato, recentemente defendida na UFPR, na área de Letras. Ele é hoje o grande tradutor de Shelley no Brasil. Foi o que apresentou no apêndice de sua dissertação de mestrado, o texto em Português, traduzido pela primeira vez no país, com o título de "Prometeu Desacorrentado". Começarei a leitura de sua análise amanhã, porque a tradução eu a li no ano passado, tão logo ele a concluiu e a enviou aos amigos próximos. Uma beleza de texto o do Ade! Ontem, domingo, saiu na 'Ilustríssima', da Folha de SP, um texto do Prof. Caetano W. Galindo, da UFPR, tradutor de "Ulysses", de Joyce (2012, Penguin/Companhia das Letras. Eu a li! Magistral!), elogiando o livro de poesia de Adriano Scandolara, publicado pela Editora Patuá, de SP, que eu comprei pela WEB e a levei para ele autografá-lo para mim. O comentário crítico sobre o livro do Ade dizia assim: (...) "O livro do italiano, o grande Adriano Scandolara, o mais novo de todos (24, sic), é provavelmente o mais improvável. Sua "Lira de Lixo", 96 páginas, R$ 30,00, é uma obra de uma originalidade e de um impacto impressionantes e de uma versatilidade que mal se pode esperar de muita gente mais experiente que ele". E assim vai... Uau, Ade, estou orgulhosa por ser tua amiga! Parabéns! No domingo, a Luci e o Rafa levaram-me para conhecer a Livraria Cultura, no Shopping Curitiba, na qual comprei alguns DVDs, Cds e uma camiseta! Ela é muito maior que a de Porto Alegre. Para terminar o finde, vi todas as fotos da viagem que meus amigos fizeram à Europa em maio e recebi meus mimos esperados! Abraço a todos!

domingo, 28 de julho de 2013

SOBRE O ÚLTIMO LONGA DE TERRENCE MALICK, O "AMOR PLENO"

(ultrapassando os 25 mil acessos!!!!!!)

Fabiano Felten, Naira Moraes e Tuta Santos, então, fui assistir ao último longa do Terrence Malick, "Amor Pleno" ('To the Wonder', 2013), na manhã de 27 de julho, sábado, em uma sala do Itaú, na sessão do Clube do Professor, às 11h. Como sempre faço, não leio crítica alguma antes de postar o meu próprio comentário, com exceção de alguns dados da ficha técnica do filme. O roteiro é assinado por Malick e, em meu entender, que já assisti a todos os seus longas, é o mais enfadonho e angustiante deles. Esse filme já havia causado polêmica em sua exibição no Festival de Veneza em 2012 e, atualmente, o diretor está sendo acionado na Justiça por seus financiadores, que exigem seus investimentos de volta. Muitas pessoas saíram da sala de cinema em que eu me encontrava, algo comparável apenas à projeção de "Melancolia", de Lars von Trier, em 2011. Após o desfrute do premiado "Árvore da Vida" (2011), de Malick, em que a profusão de imagens dá sentido ao questionamento filosófico sobre a própria existência, nesse "Amor Pleno" vemos um casal que está junto, mas não se comunica, na verdade. Ela falante de língua francesa (Olga Kurylenko) e ele, de língua inglesa (Ben Affleck), protagonizam uma espécie de uma 'Torre de Babel', mediada por um padre (nada convincente!), encarnado por Javier Barden, hispano hablante. No terceiro bloco do filme, do nada, aparece uma personagem secundária (falante de italiano), em uma rápida cena meio esquizóide, na rua, interagindo com a protagonista. Se Malick efetivamente conhece e internalizou a essência da obra de Martin Heidegger, no sentido de a linguagem ser a morada do ser, percebe-se que os três personagens, que se entrecruzam e ruminam sua insegurança e suas dúvidas, estão questionando o sentido de sua própria existência e tentando operar com um tipo de linguagem/comunicação que o vislumbre e o instaure. Se a relação de amor entre a estrangeira (sem carreira, sem metas, sem ânimo) e o estadunidense (frio, machista e moralista) não fosse permeada por um tratamento cristianizado, eu até enalteceria "To the Wonder". Se Malick quis afirmar que, segundo Heidegger, a experiência autêntica é própria e incomunicável, tonalizada pelo estado de angústia, seu elenco não soube expressar com intensidade e profundidade tal premissa. A estrangeira é estrangeira para si mesma e para a filha, que viaja junto aos EUA com a mãe. O estadunidense, que as acolhe, não consegue sair de si e, assim, ambos os personagens, que deveriam representar um casal, não se conectam; definitivamente, não se comunicam. Há uma traição de um lado, uma traição de outro, que não cumprem um papel terapêutico de racionalizar o rol de emoções. Ao contrário, ambas as traições funcionam como uma 'purga', em que emoções são vomitadas e exorcizadas, em um ritual agressivo, moralizante e estéril. O filme termina com a separação do casal, que sequer um dia viveu em completa harmonia. Eu teria trabalhado no roteiro o problema do conceito de "Sorge", do cuidado, e constituiria um outro tipo de atmosfera, de angústia também, mas de uma angústia metamorfoseada pela celebração da vida e do 'aqui e agora', que é capaz de vencer o passado, as dores do mundo e reverter a incomunicabilidade entre os seres, parece que a pedra de toque da sociedade contemporânea!

SOBRE O LONGA 'RENOIR', DE GILLES BOURDOS

Meus amigos estão ávidos, aguardando o pau que eu vou dar no último longa do Terrence Malick, diretor que aprecio e respeito muito, lançado no Brasil nesta sexta, dia 27 de julho, mas vou iniciar as minhas considerações pelo "Renoir", porque foi o primeiro filme a que assisti na quinta, dia 26 de julho em Porto Alegre, chegada da rodoviária e com mochila nas costas: da estrada para uma das salas do Itaú, sem almoçar, tal a minha tara por cinema! Do Bourdos, assisti apenas a um longa de 2003, o "Inquietudes", nada mais. A rigor, no Brasil só se teve notícia de mais um de sua lavra, o "Depois de partir", de 2008, mas não o conferi. O roteiro de "Renoir" é assinado pelo próprio Bourdos, mais Jacques Renoir, Jérome Tonnerre e Michel Spinosa. Na verdade, o filme não é sobre a vida do pintor impressionista, não trata de seu processo de criação artística, embora ele comente em algumas passagens sobre as suas composições pictóricas (que o aproximaram de Rubens e de mestres italianos, como Tiziano) ao ar livre, capturando luz e cores, não é sobre os amores e modelos de Renoir e as vendas que o famoso marchand dos impressionistas, Ambroise Vollard, fazia de sua telas, mas, sim, sobre sua relação com os filhos, sua devoção à esposa falecida e, especialmente, sobre a paixão avassaladora que seu filho do meio, Jean Renoir, cultivava pelo cinema. Sou uma grande admiradora da cinematografia desse diretor. "A grande ilusão", de 1937,  e "A regra do jogo", de 1939, já os assisti mais de três vezes cada um. O filme mostra Jean barganhando um rolo para projetá-lo em casa, para o pai, sua modelo, as empregadas da família e o filho caçula do pintor, chamado de Coco. O pintor impressionista (Michel Bouquet) é retratado em uma fase difícil por conta da idade avançada e da artrite, que corroía as juntas das mãos e dos pés de Renoir. Há no MASP um de seus nus, que começou a pintar apenas após os 40 anos, sempre com a mesma modelo, Lise Tréhot, que trabalhou para ele até 1872: "As banhistas e o cachorro Grifon", de 1870, à moda de Coubert. O longa de Bourdos também explora seu relacionamento com uma de suas modelos, de pele alva, meio blasé, que se tornou amante de Jean Renoir e, por fim, casaram-se e fizeram cinema juntos. Anos depois, os dois se separaram e a atriz caiu no ostracismo. Jean Renoir tornou-se um diretor aclamado no circuito de cinema internacional. Ambos morreram no mesmo ano, 1979. Para concluir, não se trata de um filme imprescindível, mas ele é belo pela fotografia (assinada por Ping Bin Lee), pela trilha sonora de Alexandre Desplat e pela luz impressionista, que, por si só, transforma algumas cenas em obras de arte!

CINEMA EM PORTO ALEGRE: 'RENOIR', 'ADEUS, RAINHA' E 'AMOR PLENO'

Meu próximo comentário será sobre os três longas a que assisti nos últimos três dias em Porto Alegre. Aguardem (no post abaixo, meu comentário sobre a ópera "L'Orfeu", em Porto Alegre)!

sábado, 27 de julho de 2013

SOBRE A ÓPERA "L'ORFEU", DE CLAUDIO MONTEVERDI, NO INSTITUTO DE ARTES DA UFRGS

Estive na quinta à noite no Auditório Tasso Corrêa, do Instituto de Artes da UFRGS,  com minha amiga Loy Demari. Ela havia recebido dois convites para a ópera ("L'Orfeu", de Claudio Monteverdi) e convidou-me a ir em sua companhia. Confirmei presença na página do Facebook e li a ficha técnica do espetáculo. O projeto 'Ópera na UFRGS' já rendeu um Prêmio Açorianos de melhor espetáculo do ano à instituição e seu mentor, Alfredo Nicolaievsky, em 2012, com a  ópera "Dido e Eneias", de Purcell. Não pude ir a esse espetáculo no ano passado, mas estive em junho na ópera "A Volta do Parafuso", de Benjamin Britten, em SP, e irei à ópera "Tristão e Isolda", de R. Wagner, no Theatro Municipal do RJ, em 24 de agosto, e também ao espetáculo de balé "Carmina Burana", de Carl Off, no domingo, dia 25 de agosto, no mesmo local. Este será o ano das óperas para mim. Fiquei seis anos sem assistir a espetáculo algum desse segmento, mas compensarei a falta. A ópera "L'Orfeu", de Claudio Monteverdi, estreiou em Mântua, na Itália, em 1607. A O espetáculo tem um prólogo e cinco atos. Baseado no mito de Orfeu, o personagem vai ao Hades e resgata sua amada Eurídice do Tártaro. A direção cênica é de Camila Bauer. A regência e o cravo estão a cargo de Diego Biasibetti. A cenografia (Marco Fronckowiak) tem um ponto alto quando estiliza o barco de Caronte; os cabelos dos atores e atrizes são espetaculares, criação de César Mirage. Aprecio óperas, mas nessa os cantores líricos pecaram em alguns momentos da encenação. Em contrapartida, o alaúde foi dedilhado com maestria, sem falar na beleza sonora das três teorbas, um outro tipo de instrumento medieval trastejado. Quem puder, que confira e prestigie o projeto 'Ópera na UFRGS', um empreendimento interdisciplinar do Instituto de Artes e do DAD.

segunda-feira, 22 de julho de 2013

REFLEXÕES DE CONVALESCENÇA: SOBRE VIAGENS (2)

Conforme comentei no post anterior, assisti a seis longas em cinco dias e li dois livros. Vou iniciar o terceiro amanhã cedo: a terceira parte da trilogia do escritor catalão Carlos Ruiz Zafón, "O prisioneiro do Céu". Li os dois primeiros e os comprei, "A Sombra do Vento" e "O Jogo do Anjo". Não me lembrei de comprar o terceiro, quando foi lançado no Brasil, mas uma amiga mo emprestou para eu ler nestes dias frios de julho, em que estou em casa de férias e convalescendo... Para quem já esteve em Barcelona, é possível imaginar com requintes o cenário dessa trilogia. Tenho pensado na próxima viagem! Como a minha amiga Jana Previdi está na Grécia, de férias com a família, fiquei com vontade de replicar a experiência, que tenho acompanhado pelas fotos no Facebook e pelos comentários em seu blog. Todavia, não é hora de eu ir à Grécia. Estou pensando, de verdade, em voltar a Barcelona, subir até Figueiras e visitar o Museu Dalí; de lá, seguir viagem até Andorra, subir a Nordeste e passar a fronteira da França. Lá, eu visitaria o Monge Dom Irineu, que vive em um mosteiro do século XIV, em Tournay, a 30 km de Lourdes. Dom Irineu (ex-Padre Marcelo Guimarães) está há alguns anos radicado na França  e  amarga uma doença degenerativa. Penso sempre em meu amigo! Inclusive  na semana passada escreveu para os íntimos, incluindo a mim. Saindo de Tournay, eu iria a Carcassonne, para uma experiência de mergulho profundo na História, e conheceria melhor a cultura dos cátaros, que ali viveram até o século XIII. Por fim, seguiria até Arles, onde Van Gogh viveu por um tempo na companhia de Paul Gauguin, visitaria alguns pontos na Provence e terminaria a viagem em Nice, 17 anos depois, visitando o Museu Chagall e o Museu Matisse. Retornando em um flight low cost a Barcelona, voltaria para casa. Aceito sugestões e comentários! Que tal?

domingo, 21 de julho de 2013

REFLEXÕES DE CONVALESCENÇA: SOBRE LIVROS E ARTE (1)

Acabo de deletar, por engano, o post que escrevi há pouco. Lamentável! Estou utilizando um equipamento novo com o qual não estou ainda habituada. Comentei que, neste período, em que convalesço de uma cirurgia, em que estou de férias e é inverno - feliz combinação! -, assisti a seis longas em DVD e li dois livros, em seis dias em casa. Quero apenas destacar o fato de que li a ficção "Os Óculos de Heidegger" (Heidegger's Glasses, de 2010), livro de estreia de Thaysa Frank, da Intrínseca, no qual há um pano de fundo histórico, referente à 'solução final' do Reich, na Segunda Guerra Mundial, que eu desconhecia: a Operação Postal. Eruditos e poliglotas judeus foram poupados por Himmel e enviados para uma antiga mina, próxima a Berlim, a mando de Goebbels, no qual viviam e desempenhavam a única tarefa de escrever cartas, em várias línguas natais, a judeus já mortos em campos de extermínio, para não levantar mais rumores sobre as câmaras de gás. Fiquei surpresa com o argumento do livro, não obstante a falta de 'substância literária' ao mesmo. Logo após, li o livro de entrevistas, recentemente publicado no Brasil, de Hans Ulrich Obrist, o famoso curador suíço, com o artista plástico, arquiteto, blogueiro, fotógrafo e performer chinês, Ai Weiwei, que saiu pela Cobogó, editora que tem publicado em Português todo o legado de milhares de horas de entrevistas que Obrist faz pelo mundo com notáveis personalidades das artes plásticas e visuais. Weiwei esteve presente na 29º Bienal de Internacional de Arte de SP, em 2010, com uma instalação que deu o que falar, intitulada "Circle of Animals". Inspirada por Weiwei, que afirma que cada post de seu blog é um poema, estou aqui a postos novamente, certa de que o que escrevo faz diferença na vida de alguns amigos, alguns ex-alunos e de minha filha. By the way, meu blog atingiu hoje 24 mil acessos. O de minha filha (Recanto da Mi), no cyberespaço há alguns meses, alcançou a marca de 90 mil acessos. O de Weiwei, no início de sua carreira como blogueiro, cem mil acessos diários!!!!!!!!!! Por isso, o regime chinês o tirou da WEB, além de cassar seu passaporte desde 2011, com uma alegação infundada de sonegação de impostos, o que o impede de sair da China há dois anos. O que mais me chamou a atenção no volume de entrevistas que Obrist fez a Weiwei, no período pós-Olimpíadas na China, em 2008, foi sua reflexão sobre o legado e a sustentabilidade, tendo em vista de que foi o mentor do estádio olímpico de Pequim, em parceria com os arquitetos Herzog e Meuron, o famoso 'ninho do pássaro'. Também devemos questionar a que programas públicos os novos estádios, que estão sendo construídos para a Copa no Brasil, em 2014, estarão a serviço (?). A África do Sul amarga um enorme rombo e seus estádios construídos para a Copa estão abandonados. Já são 30 bilhões de reais destinados à Copa no Brasil. Não consigo deixar de ser pessimista e imaginar os superfaturamentos, os desvios que virão fatalmente à tona, a sonegação, o abuso de autoridade e influência, sem falar em um perigo iminente que poderá transformar as cidades dos jogos em zonas altamente militarizadas (continuarei no post acima deste).

domingo, 14 de julho de 2013

I FESTIVAL DE CINEMA INDEPENDENTE ALEMÃO EM PORTO ALEGRE

Estive ontem e hoje conferindo três filmes alemães da programação do festival acima nomeado. Os títulos foram distribuídos em três sessões diárias, em três salas: Santander, Cinebancários e Eduardo Hirtz. O site do festival funciona mal e, quando se lê a sinopse do filme, não se tem a informação da sala e do respectivo horário. Muito mal articulado! O programa impresso é escuro e a fonte da planilha dos locais e dos horários é muito reduzida. Nem com óculos é possível ler com precisão, a não ser com uma lente de aumento associada! Assisti ontem ao  "The Road to the Nod" (2007), de M. A. Littler. Esse diretor estava em Porto Alegre para um debate, mas não pude ficar. Tive dois compromissos com amigos com mais de 20 anos de amizade. Troquei o festival pelas 'pontes': um belo motivo! O filme "A estrada para Nod", de apenas 89 minutos, foi rodado em inglês, informação que faltou no site e no folheto impresso do festival. Eu queria assistir a filmes em Alemão, não em Inglês, mas a maior parte da produção independente alemã é de língua inglesa. Estou estudando Alemão há 17 meses e já traduzo! Passarei para o livro Berliner Platz 3 e farei o intermediário em Berlin; por isso, eu cultivava um grande interesse por esse festival. "A estrada para Nod" é em branco-e-preto, bem afeito à tradição dos filmes noir. O roteiro trata da disputa de máfias sobre pequenos negócios, que incluem a prostituição e o tráfico de armas. Não considerei um grande filme, mas, ao menos, interessante! O destaque fica por conta de trilha sonora de um tipo de blues primitivo, da região do Mississipi, com o banjo na composição. O segundo filme, "Der Fluss war einst Mensch" (2012), de Jan Zabeil, traduzido por "O rio era um homem", é belo plasticamente, com locações na África, em um povoado. Ele tem um fotografia linda, uma bela trilha sonora e trata do confronto entre a realidade de um jovem alemão viajante e as tradições míticas de nativos. Tudo se passa no fluxo de um rio e, lamentavelmente, também foi produzido em Inglês. Por fim, fui assistir ao terceiro, intitulado "Nichts für die Ewigkeit" (2011), traduzido por "Nada é eterno", em língua Alemã. O filme é sofrível, muito amador! Com locações em Colônia, na década de 90, acompanha o percurso de mais de uma década de um jovem alemão drogado, viciado em heróina. Várias pessoas saíram da sala do Santander e, confesso, também não aguentei e fui embora! Eu queria mesmo assistir ao "Der Preis" (2011), "O prêmio", de Elke Hauck, que narra a volta de um jovem ao seu antigo bairro da Berlim Oriental, no qual tem a tarefa de revitalizar um conjunto habitacional. Com o passar do tempo, trabalhando como arquiteto, ele percebe que até os habitantes ficaram imersos no passado e que o regime comunista foi substituído por um 'nada'! Estive passeando na ex-Berlim Oriental e foi possível sacar como uma boa parte desse segmento da cidade é ainda degradada e não recebeu os recursos necessários para se modernizar! É isso, pessoal! Quem puder conferir, ao menos, o filme "O prêmio", será uma boa pedida! Ainda no dia de hoje, conferi a exposição do Santander, Narrativas Poéticas (curadoria de Helena Severo, dos poetas Antonio Cícero e Eucanaã Ferraz e de Franklin Espath Pedroso), apresentando as telas e esculturas que fazem parte da Coleção de Arte do Santander. Também estive na exposição Pintura Brasileira, no MARGS (curadoria de José Francisco Martins), que reúne as telas e fotografias da coleção privada de arte de José Antônio e Hieldis Martins. Estarei offline por sete dias, por questões de saúde, de 15 a 22 de julho. Voltarei à ativa apenas no final deste mês. Abraço a todos!

domingo, 30 de junho de 2013

CINEMA EM PORTO ALEGRE: 'O GRANDE GATSBY' E 'CÉSAR DEVE MORRER'!

                               (Ultrapassando os 23 mil acessos ao blog com este post!)

Assisti a dois dos títulos que estão em cartaz em Porto Alegre neste início de julho: "O Grande Gatsby", produção australiana de Baz Luhmann, com Leonardo DiCaprio, Tobey Maguire (Homem Aranha) e Carey Mulligan (Drive e Shame); e ao "César deve morrer", dos irmãos Taviani, vencedor do Urso de Ouro no Festival de Berlim 2012. A rigor, assisti ao primeiro, quando foi lançado em Porto Alegre; o segundo, o assisti no Rio de Janeiro no dia 7 de abril. Quase três meses depois, ele está em cartaz, finalmente, em Porto Alegre. O que me encanta nesses filmes são os textos literários que serviram de base para seus roteiros. O primeiro, "The Great Gatsby", de F. Scott Fitzgerald, foi publicado somente em 1925, inspira o roteiro assinado pelo próprio Baz Luhmman, cuja narrativa dá-se em 1922, em NY e em Long Island. Li esse livro quando eu era menina. Não é o melhor texto de Fitzgerald, mas eu o li. Não obstante a crítica veemente ao american way of live da época, à Primeira Guerra, ao consumo  ilegal de bebida no país e à formação das gangues e máfias nos EUA, há uma crítica que me atraiu muito mais, em relação ao materialismo exacerbado de seus personagens. Esse é um texto que, do início ao final, desfila uma espécie de desregramento da moral de seus comparsas e desvela um universo materialista sem predecentes na literatura do século XX. As festas orquestradas pelo personagem encarnado por Leonardo DiCaprio, Jay Gatsby, são incomparáveis no cinema. A produção desse longa é muito rica! Não consigo admirar o performance de DiCaprio, embora eu me esforce. Prefiro a versão de 1974 desse livro para o cinema, das quatro que existem, com Robert Redford como Jay Gatsby. Mia Farrow é Daysi Buchanan. Há outros textos de Fitzgerald transpostos para o cinema: lembro-me do "Suave é a noite", de 1962; "O último magnata" (1976), de Elias Kazan; e "O curioso caso de Benjamim Button" (2008), de David Fincher. Adoro esse diretor, mas detesto o Brad Pitt, que interpretou o Benjamin Button nessa versão.Vocês têm de conferir "O Grande Gatsby", porque é, de verdade, uma grande produção. Impressionante o que essa versão australiana trouxe de saldo positivo para o espetáculo da visão e da audição. Para os fãs de jazz, do bebop em especial, é uma delícia! Quanto ao segundo longa, o último dos Taviani, sem maiores delongas: é espetacular! Primeiro, porque é dos Taviani e arrebatou o grande prêmio do festival que mais aprecio, o Berlinale de 2012 (estive lá em 2011). Depois, pelo fato de que seu roteiro, assinado pelo próprios diretores, é baseado na tragédia "Júlio César", de Shakespeare, a terceira delas que eu mais amo (antes dessa, por ordem de admiração, "Hamlet" e "Macbeth", respectivamente). A grande inovação é que a peça de Shakespeare é encenada por presidiários, em um presídio de segurança máxima, próximo a Roma. É magistral o modo como a Arte vai tocando cada um dos apenados, durante os meses de ensaio, e na noite de estreia, nas dependências do presídio. Esse filme italiano tem de ser visto, se tu tens Amor à Arte! Abraço!

segunda-feira, 24 de junho de 2013

SOBRE A ÓPERA DE BENJAMIN BRITTEN, 'A VOLTA DO PARAFUSO", DE 1954

Benjamin Britten, considerado o maior compositor britânico no gênero ópera, desde Purcell (1658-1695), recebeu uma encomenda de transformar o livro de Henry James (americano naturalizado inglês, nascido em 1843; falecido em 1916), "A volta do Parafuso" (The Turn of the Screw) em uma ópera. Britten a conhecia desde a década de 30 e  foi um empreendimento arriscado a transposição de uma narrativa desse tipo para o tal gênero. O compositor britânico recebeu o libreto (assinado por Myfanwy Piper, esposa de John Piper, amigo de Britten) e, em poucos meses, a composição da ópera estava pronta! Fez o maior sucesso de público e crítica! Eu li o livro de James quando menina. Ele é cheio de suspense e se passa no meio rural inglês. Até o reli novamente para assistir à ópera de Britten no Theatro São Pedro, de SP, na noite de sábado, dia 22 de junho. O espetáculo teve como regente Steven Mercúrio, Livia Sabag como diretora cênica, Nicolás Boni na cenografia, Luísa Kurtz, como soprano, Céline Imbert, como soprano também, Luciano Bueno, mezzo-soprano, Juremir Vieira, tenor, e as crianças Valentina Safatle, Gabriel Lima, Ivan Marinho e Mariana Silveira. No Estadão de sábado, dia 22, no 'Caderno 2", saiu um comentário crítico sobre a montagem, em sua terceira noite de récita no TSP, assinado por João Luís Sampaio, que a avaliava como ótima! A sinopse da ópera é a seguinte: o prólogo nos conta a história de uma jovem que aceitou ser governanta de um casal de crianças órfãs, contratada por seu único parente e preceptor. Como elas moravam no campo e o preceptor vivia em Londres, ele não tinha tempo para cuidar delas, nem tampouco interesse. Após, há dois atos na ópera, de duas horas ao todo, separados por um intervalo de 15 minutos. No primeiro ato, as crianças são pequenas ainda. No segundo, elas são adolescentes. Há fantasmas que se expressam e cenários múltiplos se justapondo no palco, sempre veiculando uma atmosfera fantasmagórica, difusa  e escura, além do recurso do gelo seco, entremeando as cenas. Eu apreciei muito! Amo óperas e faz pouco que venho prestigiando algumas montagens. A próxima será em agosto, no Teatro Municipal do RJ, "Tristão e Isolda", de R. Wagner, por ocasião de seus 200 anos de nascimento. Abaixo, uma foto do saguão principal do Theatro São Pedro, na Barra Funda, em SP (Rua Albuquerque Lins, 207). Valeu! (abaixo há outros posts sobre bares, cafés e um concerto em SP).

CAFÉS E BARES EM SÃO PAULO

O café "Santo Grão", na Oscar Freire, em SP, é um charme! Há nele, inclusive, um centro de pesquisas em café, no segundo andar do prédio. O cardápio é variado e repleto de cafés aromatizados, para quem aprecia. Débora Rocha e  Frederico Barreto, ambos naturais de Santa Cruz do Sul, agora vivendo em SP, chegaram mais cedo ao pub All Black, também na Oscar Freire, quase esquina com a Pamplona, na rua mais cara dos Jardins. Garantindo uma mesa para quatro, já abri os serviços com um pint de Guiness, neste irish pub caro e efervescente na cena paulistana. Um pouco mais tarde, apareceu o Leo Gonçalves com presentinhos para mim. De lambuja, ainda nos ofertou a récita de dois poemas de amor, de sua lavra. Levei seu último livro publicado ("Use o assento para flutuar", da Editora Patuá, de SP, 2013), comprado pela WEB, para que ele escrevesse uma dedicatória para mim: eis que um novo poema surge em poucas linhas escritas de próprio punho. Após às 23h, a banda da casa (a Monk) começou a tocar canções de bandas britânicas, especialmente, as expoentes do Indy Rock, como The Strokes, Franz Ferdinand e Artic Monkeys, que eu adoro! Ficamos lá até umas 2h de sábado e, depois, eu e o Leo caímos para o bas-fond da Augusta, claro! Na foto abaixo, Débora e Fred. A seguir, o poeta e tradutor mineiro, que vive em SP, Leo Gonçalves (ambas no All Black irish pub):



No sábado, às 14h30, eu e a Priscila von Dietrich - também natural de Santa Cruz do Sul, mas recentemente chegada de Hamburg, onde viveu durante três anos -, almoçamos juntas no café da Pinacoteca do Estado de SP. A seguir, uma fotinha minha e da Pri em um almoço ao ar livre, ao lado das árvores do Parque da Luz:
No sábado, encontrei-me com a atriz Alessandra Dörr, natural de Venâncio Aires, e seu namorado Cauã (de Santa Maria), violonista concertista, ela preparando-se para a seleção ao doutorado em Artes Dramáticas da USP; ele, para o Mestrado em Performance/Música da USP. Fomos os três, no sábado à noite, após o concerto e a ópera a que assisti, ao Lil Square, um barzinho muito maneiro na Alameda Lorena, nos Jardins, e ali ficamos bebendo e conversando, ao ar livre, com uma lua-cheia de cúmplice,  horas antes de eu retornar de imediato para o Sul. Que casal inteligente e simpático, meus novos amigos. Aí vai uma foto de registro da dupla de artistas:
Recomendo: All Black (Oscar Freire, 163 - Tel. 11.30887990)  Santo Grão Café (Oscar Freire, 413 - Tel. 11.3062.9294) Lil Square Bar (Alameda Lorena, 672 - Tel 11.25926664). Café da Pinacoteca de SP (Estação de Metrô Estação da Luz, ao lado do Parque da Luz). No próximo post, acima deste, comentarei a ópera de Benjamin Britten, "A volta do Parafuso" (The Turn of the Screw), a que assisti no sábado à noite, dia 22 de junho, no Theatro São Pedro de SP. Aguardem!

BARES, MÚSICA ERUDITA E ÓPERA EM SÃO PAULO

Não pude estar em São Paulo na metade de junho para ouvir o grande pianista britânico Paul Lewis interpretando Brahms e, no dia 16, as três últimas sonatas de Schubert, sob a regência do maestro Frank Shipway, mas estive na mesma Sala São Paulo com um amigo querido, o Stefano Demari, que vive há seis meses em SP, no sábado à tarde, dia 22, e pude, então, conferir o trabalho do maestro citado. Ouvimos, na ocasião, um outro programa, Abertura Rosamunde, D 644, e D 797 (música para balé), de F. Schubert. Após o intervalo, Sinfonia Doméstica, Opus 53, de R. Strauss. Conhecia bem a primeira, mas não a tinha ouvido em uma audição. Tomamos um café antes do concerto, compramos CDs na bela loja da Sala São Paulo e fizemos várias fotos da ex-Estação Júlio Prestes. Aí vai uma foto do espaço interno da Sala São Paulo e outra na companhia do Stéfano:


Observe-se a acústica do auditório, com encaixes em madeira, que podem ser removidos ou deslocados. Impressionante! Ao final do concerto, Shipway foi simplesmente ovacionado pelo público! O Stefano comprou um CD para sua namorada francesa com as duas últimas sinfonias que a OSESP gravou de Villa-Lobos, a 4ª e a 5ª. Eu comprei um CD importado, do selo Deutsche Grammophon, de Maria João Pires, a competente pianista portuguesa, que interpreta nesse último CD duas sonatas de Schubert, a D 845 e a D 960. Essa última foi composta em 1828, quase no final da vida de Schubert, trilha sonora de meus comentários neste momento (00h16 de segunda-feira, dia 24 de junho. Continuarei em outro post, sobre a ópera a que assisti no Theatro São Pedro de São Paulo, na Barra Funda, pela passagem dos 100 anos de nascimento do compositor britânico, Benjamin Britten, "The Turn of the Screw"). Até mais!

quinta-feira, 20 de junho de 2013

SOBRE AS MANIFESTAÇÕES NO BRASIL, SEGUNDO A IMPRENSA EUROPEIA

(Meu blog ultrapassou os 22 mil acessos. Agradeço imensamente aos meus amigos, alunos e ex-alunos, além do público em geral, que também me prestigia!)

Desde a terça-feira, tenho acompanhado as postagens de reportagens de jornais diários da imprensa europeia, especialmente a alemã, procurando compreender a diferença de enfoque de seu jornalismo, em detrimento do nacional. É discrepante o que li ontem, na companhia de meu professor de Alemão, acerca das manifestações ocorridas em algumas capitais brasileiras, na noite de 17 de junho de 2013. Lembro-me de, no ano passado, nas inúmeras vezes em que madrilenhos saíram às ruas, ter lido em algum periódico uma análise que comentava a estranheza que havia em relação ao Brasil - signatário de uma corrupção ativa e passiva emblemática, além de ser o protagonista de uma distribuição de renda drasticamente desigual -, por não mobilizar seus cidadãos a irem às ruas e protestar. A apatia, que sempre observei entre meus alunos universitários jovens, além da falta de informação e de leitura de mais envergadura, parece que começou a se pulverizar! A Deutsch Welle não comentou a questão do aumento das tarifas em sua cobertura. Destacou a brutalidade da Polícia em SP na noite de 17 de junho e questionou as cinco divisões policiais que o Brasil possui, através das corporações das polícias federal, militar, civil, rodoviária federal e estadual, somadas à Força Nacional de Segurança. Isso tem de ser analisado por nossos cientistas sociais e jornalistas de profundidade. O Bild também não comentou o aumento das passagens do transporte público, mas sinalizou com ironia e aspas duplas que a presidente Dilma estaria "orgulhosa" (stolz) com as manifestações. No Der Spiegel, a ira dos manifestantes em relação ao valor dos estádios, e ao possível superfaturamento que os implica, pareceu ser "um bom motivo" para protestarem! O Die Welt enfatizou que as manifestações deram-se contra a má administração pública e o aumento do custo de vida. Sequer deram espaço à questão tarifária do transporte público em SP e RJ. Para terminar, no El País, da Espanha, ressaltou-se o elogio que a presidente Dilma fez à "força" dos manifestantes, com aspas duplas e uma ambiguidade inconteste depositada ali. A imprensa nacional tem de mudar - e radicalmente. Não suportamos mais a parcialidade, o ufanismo e a subserviência de nossos repórteres e jornalistas na cobertura de eventos tão relevantes para a nação brasileira, que consagram a capacidade de articulação da organização civil e sua tomada de posição. Assim, espero que algumas pessoas articuladas, junto aos cidadãos insatisfeitos, construam no país uma rede de "jornalismo da multidão" (Indymedia), aos moldes do que há na Europa, para que os eventos sejam narrados por seus protagonistas, bem longe dos profissionais do mainstream.

domingo, 2 de junho de 2013

UM POEMA DO ALEMÃO STEFAN GEORGE

(Em 5 de dezembro, o mundo literário lembrar-se-á do aniversário de 70 anos de morte de Stefan George (1868-1933). Deixo postado em meu blog o poema 'Der Teppich', traduzido por Maria José Campos para o Suplemento, edição de mar./abr. 2013, da Secretaria de Estado da Cultura de Minas Gerais, circulando bravamente há mais de 25 anos pelo país).

DER TEPPICH

Hier Schlingen menschen mit gewächsen tieren
Sich fremd zum bund umrahmt von seidner franze
Und blause sicheln weisse sterne zieren
Und queren sie in dem erstarrten tanze

Und kahle linien ziehn in reich-gestickten
Und teill um teil wirr und gegenwendig
Und keiner ahnt das rätsel der verstrickten.
Da eines abends wird das werk lebendig

Da regen schauernd sich die toten äste
Die wesen engvon strich und kreis ums pannet
Und treten klar vor die geknüpften quäste
Die lösung bringend übeer die ihr sannet!

Sie ist nach willen nicht: ist nicht für jede
Gewohne stunde: ist kein schatz der gilde.
Sie wird den vielen nie und die durch rede
Sie wird den seltenen selten in gebilde.

O TAPETE

Aqui, homens se entrelaçam com animais em relevo
E se deixam estranhamente envolver em sedosa moldura
E luas crescentes azuis ornamentam estrelas brancas
Cruzando-as em entorpecida dança.

E tênues linhas se alongam em ricos bordados
E cada parte se mistura e se encaracola à outra
E ninguém pressente o enigma aí enredado
E eis que uma noite a obra se torna viva.

Ali despertam trêmulas as hastes adormecidas
Os seres estreitamente envolvidos por círculos e linhas
E avançam claramente até os nodosos tufos de fios
E no desenlace a obra carrega a sua vingança!

Ela não está à vontade: nem em cada
Hora familiar: ela não é nenhum tesouro guardado
Ela não se dá jamais aos outros, muito menos em palavras
ela se forma para que seres excepcionais a cultivem.





sábado, 1 de junho de 2013

CHRIS CORNELL EM PORTO ALEGRE, EM 17 DE JUNHO

O vocalista Chris Cornell estará em Porto Alegre, agora no Teatro do Bourbon, em um show intimista, acústico e solo, na noite de 17 de junho (segunda-feira) em Porto Alegre. Para os fanáticos por um bom rock, como eu, Cornell representa a tendência musical intitulada grunge, que marcou a cena musical mundial no início dos 90 (integrante da Soundgarden e mentor da Audioslave e da Temple of the Dog). Kurt Cobain (do Nirvana) e Layne Staley (do Alice in Chains) já não estão mais presentes nesta existência, mas Cornell continua produtivo e arregimentando fãs, assim como o meu querido Eddie Vedder (do Pearl Jam, banda eu amo!). Com os absurdos valores dos ingressos para este show (com desconto, eu pagaria módicos R$ 450,00), a experiência poderá ser decepcionante para os fãs de carteirinha. Cornell, já livre do álcool e das drogas, terá cacife para se comunicar com a plateia nos interstícios de  composições próprias, originariamente 'pesadas', mais os covers, transpostos para a guitarra/violão, garantindo fluidez e lirismo ao espetáculo por duas horas? Não acredito nisso! Vou aguardar os meus bros (Cristiano Silva, Romenigue, Dani e Rona Knackme contarem como foi a parada! Boa sorte!

quinta-feira, 30 de maio de 2013

BMW JAZZ FESTIVAL EM JUNHO - SP E RJ

UM GRANDE FESTIVAL DE JAZZ 

                       

Obs. Completando 21 mil acessos aos meus posts hoje, informo aos leitores que passarei a administrar, junto a outros parceiros paulistas, a página "Jazz às Quintas", no Facebook. Minha estreia será na quinta, dia 6 de junho, sobre o quarteto de Pat Metheny, que tocará no BMW Jazz Festival!

   SÃO PAULO – HSBC Brasil

   Programação:

 Quinta-feira, 06 de junho 

PAT METHENY UNITY BAND with Chris Potter, Antonio Sanchez and Ben William

Sexta-feira, 07 de junho 

JAMES FARM: Joshua Redman with Aaron Parks, Matt Penman and Eric Harland
Esperanza Spalding Radio Music Society
Egberto Gismonti e Orquestra Corações Futuristas


Sábado, 08 de junho
Brad Mehldau Trio
Johnathan Blake Quintet
JOE LOVANO and DAVE DOUGLAS QUINTET: SOUND PRINTS
Featuring: Lawrence Fields, Linda Oh and Matt Wilson


SHOW GRATUITO NO PARQUE IBIRAPUERA

Plateia externa - show ao ar livre
Auditório Ibirapuera



Domingo, 9 de junho, à partir das 17h
Av. Pedro Álvares Cabral, s/n - Portão 2 - Parque Ibirapuera


RIO DE JANEIRO – Vivo Rio

Programação:

Sábado, 08 de junho 

JAMES FARM: Joshua Redman with Aaron Parks, Matt Penman and Eric Harland Esperanza Spalding Radio Music Society


Domingo, 09 de junho 

Brad Mehldau Trio
JOE LOVANO and DAVE DOUGLAS QUINTET: SOUND PRINTS
Featuring: Lawrence Fields, Linda Oh and Matt Wilson


Segunda-feira, 10 de junho 
PAT METHENY UNITY BAND with Chris Potter, Antonio Sanchez and Ben Williams

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